VOLTARÁS POR AMOR
Ante a fome de paz que te atormenta os dias, decerto já sonhaste com a disposição de repousar, além da morte, recusando o cálice de angústia que a existência carnal te sugere...
Cultivas a virtude e aspiras, sem dúvida, ao prêmio natural que o trabalho irrepreensível te granjeou.
Sofres e reclamas consolo...
Choras e pretendes alivio... Entretanto, para lá das fronteiras terrestres, o amor te fulgirá sublime, no coração, como estrela surpreendente, mas ouviras os soluços daqueles que deixaste sob a névoa do adeus...
Escutarás as preces de tua mãe e os rogos de teus filhos, quais poemas de lágrimas a desfalecerem de dor sobre a tua cabeça invadida de novas aspirações e tocada de novos sonhos.
Compreenderás a renúncia com mais segurança e exercerás o perdão sem dificuldade...
A consciência tranqüila ser-te-á uma bênção; contudo, o anseio de ajudar fremirá no teu peito inspirando-te à volta.
E reconhecendo que o céu verdadeiro não existe sem a alegria daqueles que mais amamos, regressarás por amor ao campo da luta para novamente experimentar e sofrer, esperar e redimir, adquirindo o poder para ascensões mais altas, porquanto, pela força do bem puro, descobrirás com o Cristo de Deus a luz da abnegação que nos impele sempre a horizontes mais vastos, repetindo também com Ele, aos companheiros de aprendizado, a divina promessa:
- "Em verdade estarei convosco até ao fim dos séculos", porque não há felicidade para os filhos acordados de Deus, sem que todos os filhos de Deus entrem efetivamente na posse da felicidade real.
Emmanuel Do livro "Caminho Espírita" de Francisco C. Xavier. Editora CEC.
I ENCONTRO NACIONAL DOS AMIGOS DE CHICO XAVIER
Este encontro será realizado nos próximos dias 19 e 20 de abril, na cidade de Uberaba, Minas Gerais. Nesse Evento pretende-se estudar a Vida e Obra do inesquecível medianeiro.
Vários oradores já confirmaram presença entre dos quais destacam-se: Adelino da Silveira Caio Ramacciotti, Flávio Mussa Tavares, Marlene Rossi Severino Nobre, Manoel Tibúrcio Nogueira, Geraldo Lemos Neto, Weimar Muniz de Oliveira, Jhon Harley e Carlos A. Baccelli, que serão os expositores da vida e da obra monumental desse grande médium.
O encontro será anual, acontecerá, alternadamente, em Uberaba e Pedro Leopoldo¸com as AMEs (Alianças Municipais Espíritas) das respectivas cidades responsabilizando-se pela sua organização.
PROGRAMAÇÃO: Local: Cidade de Uberaba/ Minas Gerais.
Dia 19/04 – SÁBADO.
13:00/13:30 – Abertura – Participação do Coral – “A Luz Divina”
13:30/14:15 – Marlene Rossi Severino Nobre
14:15/15:00 - Weimar Muniz de Oliveira
Intervalo
15:30/16:15 – Manoel Tibúrcio Nogueira
16:15/17:00 – Caio Ramacciotti
19:30/20:00 – Música
20:00/20:45 – Adelino da Silveira
20:45/21:30 – Elias Barbosa
21:30/22:15 – Oceano Vieira de Melo (apresentação do vídeo inédito sobre Chico Xavier)
Dia 20/04 – DOMINGO
08:00/08:45 – Jhon Harley M. Marques
08:45/09:30 – Flavio Mussa Tavares
09:30/10:15 – Geraldo Lemos Neto (lançamento de livro inédito da psicografia de Chico Xavier)
10:15/11:00 – Carlos A Baccelli
Local: Clube Sírio Libanês – R. Major Eustáquio, 790 – Uberaba/MG.
Entrada Franca.
O SUBLIME SEMEADOR
Num dia feliz da História da Humanidade, o Divino Semeador desceu das alturas para fixar os parâmetros da vida verdadeira.
Esta mensagem fala dos esforços de Jesus Cristo que se dispôs ao trabalho para alcançar o seu coração, mas é necessário que o solo deste esteja preparado para receber e que nele possa germinar a preciosa semente.
Eis que saiu o Semeador a semear sobre a Terra as sagradas sementes do Evangelho. Semeou à beira mar, nos montes, nos templos, nas ruas, nos campos, nas casas de seus amigos, até nos recantos daqueles ditos pecadores, porque Ele não fazia qualquer acepção de pessoas, porque em verdade sabia que muitos não eram criaturas radicalmente más, mas crianças inconseqüentes, que por enquanto, simplesmente não sabiam o que faziam, por isso por toda parte deixou a marca do seu amor misericordioso.
Em cada canto suscitou colaboradores para alertar aqueles incautos que porventura não compreenderam bem a sua mensagem de amor e caridade, no entanto, poucos se apresentaram ao divino chamado.
Até hoje ainda busca trabalhadores corajosos, naturalmente que os encontrará entre aqueles homens de boa vontade para secundá-lo nesse esforço continuo...
Mas Jesus tem urgência para que comece logo a Divina semeadura, mas para que esta seja bem sucedida deve contar com colaboradores decididos, por isso o convida seguir com Ele por todos os lugares, especialmente levar àqueles corações sequiosos de amor, carinho, atenção, especialmente onde a dor não conhece mais fronteiras.
Por esta razão juntem-se aqueles trabalhadores corajosos que já compreenderam que é imperioso semear para que haja colheita farta, naturalmente que há de se compreender que a diversidade de solo mostrará com toda a certeza, que muitos grãos se perderão ao longo da estrada, porém não deve o colaborador da Boa Nova desanimar diante da aridez do solo, mesmo porque em muitos casos, fora a semente lançada numa gleba, por enquanto, imprópria ao seu cultivo.
Porém está ansioso o Semeador que as sagradas sementes produzam: a trinta, a sessenta, e a cem por um, ainda que diante do insucesso de algumas tentativas, mas nem por isso Ele desanimará e continua a inspirar aqueles conhecedores da terceira revelação para que continue a semear.
Porque sabe que um dia que aquele que a recebeu à beira do caminho, que num primeiro momento recebeu a contente, mas logo os enganos do mundo e coração reticente não deram condição para que sequer pudesse germinar direito, todavia, de qualquer maneira, ficou a marca daquele primeiro encontro.
Outras sementes foram lançadas por entre as pedras, logo nasceram, mas as raízes eram pouco profundas e não suportaram essa falta de apoio natural da natureza, porque estes corações endurecidos estavam mesmo preocupados com a posição social, os aplausos, os negócios, e a preciosa semente, logo feneceu; porém nem mesmo assim Ele desanimou e continua a sua cruzada abençoada de levar aos lugares mais remotos a mensagem libertadora.
Outras sementes foram lançadas entre os espinheiros, germinaram logo, mas crescendo os espinhos as sufocaram. Os convidados da primeira hora não tiveram coragem de enfrentar os preconceitos, nem o ridículo dos homens, nem a pressão do mundo, mas mesmo assim o sublime semeador continua a sua faina gloriosa de levar a sagrada semente por toda a parte, porque sabe que encontrará mais adiante, também solo fértil e dadivoso que produza em abundância.
O trabalhador corajoso compreenderá que mesmo aquelas sementes que caíram entre os espinheiros, se, porém retirar os espinhos que as sufocaram no seu nascedouro e mostrar que aquele solo somente necessita de mais amor. Pois que em verdade os espinhos representavam a defesa natural daqueles corações incultos, porque não supunham existir algo mais importante do que aquele seu reduto íntimo, depois... Seu horizonte se alargará pela revelação, perceberá que os cuidados com os espinhos eram simples lembranças do passado triste que se ligava a um período de incerteza e dor, que por momento muito dificultava que a semente realmente pudesse produzir os seus frutos preciosos.
Porque o Senhor amou essa tarefa abençoada desde há muito, e por conta desse resultado sabe que a terra tendo o tratamento adequado estará certamente propicia a produzir, pois que se à beira da estrada colocar a proteção, impedindo que as aves dos céus as devorem, além de dar a devida correção a esse solo, mediante exemplos bem fundamentados, certamente que a semeadura será bem sucedida, e indo mais longe sendo que até entre as pedras nascerá à sagrada semente, porém há de investir mais, novos trabalhadores com mais recursos para que o programa de desbravar aqueles solos improdutivos, e com muito amor e trabalho há de remover as pedras, transportar mais terra para esse lugar, e oferecer ao solo os nutrientes, poderá também se tornar um campo produtivo, ver por fim germinar as formosas sementes.
É difícil, porque muitas vezes falta boa vontade aos convocados para o trabalho do Cristo, querem receber sim, mas não tem forças para acolher na terra do seu coração as suas diretrizes, porque prezam mais o comodismo, a sua condição de não se preocupar com nada, nem expor sua posição social, além de tudo é tão difícil de descer de seu pedestal para ir ao encontro daquelas criaturas infelizes que sofrem, porém não são capazes de atinar que nas mãos delas que justamente estará o germe de sua própria felicidade.
Porém a vida vai passando e chega um momento que oportunidade passa e tudo é transferido para outra dimensão, aquele solo improdutivo passará por uma nova avaliação e às vezes pode demorar muito tempo, e quem a recebeu entre espinheiros deve ter tido mais coragem e espírito de aceitação do bem que precisa promover.
Por isso considera o tempo ideal para refletir melhor, mas o bastante para modificar as suas disposições íntimas para acolher em seu coração as preciosas sementes.
Se porventura não fora suficiente prudente para receber a semente por causa da aridez do seu coração, nem por isso ficará alheio ao mundo que fora chamado a viver, pois, desde agora, começa a sentir o peso da responsabilidade. Não pode vencer a distração do mundo, e superar a conveniência social, afinal, o que restou para si, somente a dor de uma grande frustração que poderá perdurar por longo tempo, até que compreenda que cometera um terrível engano, a verdade que a vida poderia ter se transformado numa senda de luz, agora, porém somente em nova oportunidade numa outra existência.
Ficará, porém aquela lembrança, ainda que muito dolorosa de que o Divino Semeador passou ao seu lado, chamou o para que o seguisse, porém alegou outros valores mais preciosos de que não poderia prescindir, seja como for, saiba, porém que tudo estivera em suas mãos, ou que ainda estão, só depende de sua decisão.
Áulus/Otacir Amaral Nunes
Campo Grande/MS.
ESTUDOS ESPÍRITAS
"O que caracteriza um estudo sério é a continuidade que se lhe dá". (Allan Kardec, O livro dos Espíritos, Introdução, VIII).
"Por isso é que dizemos que estes estudos requerem atenção demorada, observação profunda e, sobretudo, como, aliás, o exigem todas as ciências humanas, continuidade e perseverança. Anos são precisos para formar-se um médico medíocre e três quartas partes da vida para chegar-se a ser um sábio. Como se pretender em algumas horas adquirir a Ciência do Infinito? Ninguém, pois, se iluda: o Espiritismo é imenso; interessa a todas as questões da metafísica e da ordem social; é um mundo que se abre diante de nós. Será de admirar que ao efetuá-lo demande muito tempo, muito tempo mesmo?”.
Allan Kardec
O livro dos Espíritos, Introdução, XIII.
"As reuniões de estudo são, além disso, de imensa utilidade para os médiuns de manifestações inteligentes,' para aqueles, sobretudo, que seriamente desejam aperfeiçoar-se e que a elas não comparecem dominados por tola presunção de infalibilidade. Constituem um dos grandes tropeços da medi unidade, como já tivemos ocasião de dizer, a obsessão e a fascinação. Eles, pois, podem iludir-se de muito boa-fé, com relação ao mérito do que alcançam e facilmente se concebe que os espíritos enganadores têm o caminho aberto, quando apenas lidam com um cego. Por essa razão é que afastam o seu médium de toda fiscalização; que chegam mesmo, se for preciso, a fazê-lo tomar aversão a quem quer que o possa esclarecer. Graças ao insulamento e à fascinação, conseguem sem dificuldade levá-lo a aceitar tudo o que eles queiram". (Allan Kardec, O Livro dos Médiuns, Segunda Parte, Capítulo 29, item 329).
"Dissemos que o Espiritismo é toda uma ciência, toda uma filosofia. Quem desejar conhecê-la seriamente deve, pois, como primeira condição, submeter-se a um estudo sério e persuadir-se de que, mais do que qualquer outra ciência, não se pode aprendê-la brincando". (Allan Kardec, O livro dos Médiuns, 1. ª parte, Capítulo 3º, item 18).
"Falamos, pois, por experiência e, assim, também, é por experiência que dizemos consistir o melhor método de ensino espírita que se dirigir, aquele que ensina, antes à razão do que aos olhos. Esse método que seguimos em nossas lições e pelo qual somente temos que nos felicitar".
Allan Kardec
O Livro dos Médiuns, 1. ª parte, Capítulo 3º, item 31.
O PAPEL DOS ESPÍRITOS
"O papel dos Espíritos não consiste em vos informar sobre as coisas desse mundo, mas em vos guiar com segurança no que vos possa ser útil para outro mundo". "Se vedes nos espíritos os substitutos dos adivinhos e dos feiticeiros, então é certo que sereis enganados".
"O homem deve agir por si mesmo. Deus não manda os espíritos para que lhe achem a estrada material da vida, mas para que lhe preparem a do futuro". (Allan Kardec, O livro dos Médiuns, Capítulo 27, 2.a parte, item 303).
Os Espíritos não se manifestam para libertar do estudo e das pesquisas o homem, nem para lhe transmitirem, inteiramente pronta, nenhuma ciência. Com relação ao que o homem pode achar por si mesmo, eles o deixam entre as suas próprias forças ““.
Pedir o homem conselhos aos espíritos não é entrar em entendimento com potências sobrenaturais; é tratar com seus iguais, com aqueles mesmos a quem ele se dirigiria neste mundo; a seus parentes, seus amigos, ou a indivíduos mais esclarecidos do que ele. Disto é que importa se convençam todos e é o que ignoram os que, não tendo estudado o Espiritismo, fazem idéia completamente falsa da natureza do mundo dos espíritos e das relações com o além-túmulo.
Allan Kardec
A Gênese, Capitulo 1. °, item 60.
CONHECER-SE
Não se menospreze. Eduque-se. Não se marginalize. Trabalhe. Não apenas administre. Obedeça. Não apenas mande. Faça.
Não condenes. Abençoe.
Não reclame. Desculpe.
Não desprimore. Dignifique. Não ignore. Estude.
Não desajuste. Harmonize. Não rebaixe. Eleve.
Não escravize. Liberte.
Não ensombre. Ilumine.
Não se lastime. Avance.
Não complique. Simplifique. Não fuja. Permaneça.
Não dispute. Conquiste.
Não estacione. Renove.
Não se exceda. Domine-se.
Lembre-se: todos nós em tudo dependemos de Deus, mas o empresário de nosso êxito, em qualquer ocasião, seremos sempre nós mesmos.
André Luiz
Do livro "Resposta da Vida" de Francisco C. Xavier. Editora IDEAL.
NINGUÉM MORRE
Não reclames da Terra. Os seres que partiram... Olha a planta que volta. Na semente a morrer
Chora, de vez que o pranto. Purifica a visão.
No entanto, continua. Agindo para o bem. Lágrima sem revolta É orvalho da esperança.
A morte é a própria vida.Numa nova edição.
Emmanuel
Mensagem recebida pelo médium Francisco C. Xavier
DEUS E NÓS
Somente Deus é Vida em si. Entretanto, e você pode auxiliar a alguém a encontrar o contentamento de viver.
Somente Deus sabe toda a Verdade. Mas você pode iluminar de compreensão à parte da verdade em seu conhecimento.
Somente Deus consegue doar todo o Amor.
Você, porém, é capaz de cultivar o amor na alma dessa ou daquela criatura, com alguma parcela de bondade.
Somente Deus é o Criador da verdadeira Paz.
No entanto, você dispõe de recursos para ceder um tanto em seus pontos de vista para que a harmonia seja feita.
Somente Deus pode formar a Alegria Perfeita.
Mas você pode ser o sorriso de Esperanças da coragem, do entendimento e do perdão.
Somente Deus realiza o impossível. Entretanto, diante do trabalho para a construção do bem aos outros não se esqueça de que Deus lhe entregou o possível para você fazer.
André Luiz
Do livro "Tempo de Luz" de Francisco C. Xavier.Editora FMG.
A MORATÓRIA
Vicente Curi, o empreiteiro de obras, amanheceu exasperado. Enfermo. Abatido. O corpo bambeara e a cabeça parecia-lhe um vaso em fogo.
Justamente naquele dia.
De noite, marcara o relógio. Horário certo de levantar. Quatro operários esperavam-no para a necessária demolição do velho prédio que adquirira em bairro distante.
Precisava satisfazer o serviço urgente em reconstruções diversas. Via-se, porém, cansado, febril.
Além disso, vomitava substância amarga.
Tentara erguer-se. Inutilmente. A esposa dissera ser "melhor chamar médico",
Vicente reagiu, obstinado. Carro de clínico à porta, alarme certo.
Piorava a olhos vistos.
A idéia do serviço marcado castigava lhe o pensamento. Contrariava-se. Apesar do problema orgânico, preferia ter viajado, e demora-se na cama.
D. Mercedes, a esposa, pede-lhe calma. É indispensável confiar na Divina Bondade.
Às nove horas, Cesário, um dos cooperadores, vem pedir providências. Atacando o serviço, ele e os companheiros assistiram ao inesperado. A casa velha, caindo aos pedaços, não agüentou o ataque das picaretas e ruíra, de vez.
Valmiro, o operário mais jovem, tivera os pés gravemente feridos, ficando impossibilitado para o trabalho.
O empreiteiro, agora, não apenas gemia.
Onde a Providência Divina que não me ajuda? - gritava, frenético. Badalavam dez horas.
Entulhado de comprimidos, Vicente pede à esposa a injeção antitóxica guardada no armário. Era a última de pequena série que deixara incompleta. Tanto tempo passara que D. Mercedes julgou prudente compra uma nova caixa em farmácia vizinha.
- Não temos - falara o moço de vendas. E acrescentou: - Agora é remédio raro.
O enfermo, no entanto, não se conformava.
Queria a injeção. Velha assim mesmo. Entretanto, buscando ajustá-la à agulha, D. Mercedes viu-a cair no piso, perdendo o conteúdo.
Vicente se enraiveceu, enquanto a mulher lhe falava na Providência Maior.
Alguém lembrou o telefone para recurso à outra farmácia. O doente, amuado, recusou; não queria mais a medicação.
Mais tarde, porque sentisse dores nas costas, D. Crescência, antiga enfermeira da vizinhança, falou em aplicação de ventosas.
Vicente lembrou-se do avô, sob ventosas acima dos rins. E aceitou-as.
Copos de vidro, algodão e fósforos foram trazidos ao quarto. Quando faziam a aplicação das ventosas, um algodão inflamado escapa das mãos da bondosa amiga.
Comunica-se o fogo aos lençóis finos. Vicente é retirado pelas senhoras. Ultrapassa os limites do silêncio correto. Protesta indignado. Fala asneira. Do colchão incendiado, porém, sai correndo enorme escorpião, mostrando o dardo em riste.
D. Mercedes entra em luta perseguindo o lacrau que lhe foge ao chinelo, e fala, mais uma vez, sobre o Amparo Divino.
O marido lamenta-se, desesperado.
- Parece que urubus pousaram em mim.
Quase noite, embora melhor, mostra-se Vicente mais inquieto.
Relaciona amarguras e prejuízos.
D. Mercedes pede o concurso de Souto, amigo da casa, para conduzi-lo ao templo espírita. Vicente precisava de socorro moral.
Convencera-o a valer-se do passe de reconforto.
Souto, ao telefone, promete colaborar, e, na hora certa, surge sorrindo. Está pronto.
O enfermo toma-lhe o braço, mas, talvez, porque se movimentasse com lentidão, o ônibus esperado não espera por eles. Pára o segundo, e zarpa adiante.
- Era o que faltava! - diz Vicente, enervado. Não quer mais o passe. O amigo, entretanto, insiste. D. Mercedes insiste.
Torna um táxi. Chegaram ao templo indicado, alcançando o recinto no momento que iam cerrar a porta.
São os últimos.
Antes deles, porém, um moço pálido entra à pressa e roga ao diretor da reunião, em voz alta, uma oração pelas vítimas de um desastre, ocorrido momentos antes.
O ônibus, que Vicente perdera, capotara em local próximo.
Fora feito o balanço. Quatro mortos e dez feridos...
Iniciara-se a prece de abertura.
Por não poder conversar, pensa D. Mercedes, mais uma vez, no Infinito Amor de Deus. E, com efeito, no momento do passe, o Irmão Luiz, orientador espiritual das tarefas em curso, incorpora-se em D. Cristina, a médium habitual, e diz a Vicente, alarmado:
- Meu amigo, não reclame. Por quatro vezes, hoje, rebelou-se você contra a Providência Divina, ao passo que a Divina Providência o arrebatou às garras da morte por quatro vezes. Sua ficha de espírito devedor marcava, para hoje, a desencarnação rude e violenta. Você esteve à beira de ser esmagado pelo prédio que veio a cair; de ser envenenado pela empola que trazia o líquido alterado; de ser picado pelo escorpião que o seguira no próprio leito, e de ser estrangulado na engrenagem do coletivo menos feliz... Entretanto, Vicente, em atenção aos seus gestos de caridade, amigos espirituais do caminho advogaram-lhe a causa. Você mereceu amparo, na Lei, como alguém que consegue moratória no banco. Volte para casa e descanse a cabeça teimosa. O socorro de Deus nem sempre tem a forma da flor ou a rutilância da luz. Volte a agradeça os contratempos e dissabores do dia. Serenidade é remédio em cada enfermidade.
Vicente enxugou os olhos úmidos... Terminada a sessão, regressou a casa, tranqüilo.
Reconciliara-se consigo mesmo, e, tomando ao leito, que recebia agora por bênção doce e reconfortante, planejou, satisfeito, a renovação de sua vida.
Rilmo Silva
Do livro “A Vida Escreve" de Francisco C. Xavier e Waldo Vieira. Editora FEB.
A MAIOR RIQUEZA
É possível que estejas em crise de sofrimento.
E cada instante vivido transforma-se inesperadamente num tempo interminável, recomendando angústia e depressivas lembranças de um passado promissor que lentamente vai transformando o presente em visões distorcidas, porque o amor está distante da realidade espiritual que se espelha na grandeza dos céus.
Cada um de nós carrega na alma o auto-retrato da sua recordação mais venturosa. E se eleva nos pensamentos divinizados quando encontra a resposta para cada problema que surge na trajetória mundana.
Mesmo que estejamos distantes da lua ou que não alcancemos a luz das estrelas, recordemos que na condição de filhos de Deus, somos puros e também imortais, realizando cada etapa de nossas velhas inspirações, realizando as tarefas domésticas em que nos vinculamos para melhor compreender as causas e os efeitos da luz, que brilha a nossos pés, melhorando a nossa visão, entre os tantos caminhos que percorremos para melhorar o corpo e a alma.
Nós somos o retrato vivo de nossas realizações e quando não compreendemos de imediato as causas de nosso sofrimento, descobrimos naturalmente que é preciso mudar rumo dos acontecimentos, intensificando a nossa fixação na fé que busca e recomenda a organização de nossos pensamentos, melhorando consideravelmente as nossas tendências espirituais, num processo de multiplicação, estendendo dessa forma a nossa capacidade de realização.
Mesmo que estejamos fracos e oprimidos, suportando a dor ou mesmo a transição de uma doença dolorosa, recordemos que nem sempre a natureza se culpa pelos acontecimentos inevitáveis que maltrata e aniquila as criaturas que estão a sua mercê, interferindo muitas vezes no próprio domínio do livre arbítrio de cada um...
Os fenômenos naturais seguem o seu curso e o homem, muitas vezes, ignora a sua supremacia idealizando costumes bárbaros, financiando a sua própria destruição.
Então, cabe a cada um de nós se auto-afirmar filhos de Deus e seguir em frente. Cada dificuldade é uma oportunidade para se vencer os obstáculos, garantindo a individualidade única de cada criatura.
O bom samaritano sempre acolhe o seu companheiro, agradecendo a Deus por esta recomendação.
Cada um de nós é o próprio caminho que se percorre em busca da imortalidade.
Para tanto, onde estiveres, em qualquer tempo, lembra-te de que estás a serviço de Deus e continue forte e corajoso.
As dificuldades são superadas quando acreditamos que o espírito imortal que vive em nós, sobrevive à morte e caminha rumo à luz e a sua libertação.
O amor de Deus é nossa maior riqueza e para cada um de nós, se reserva na crença de que a vida continua.
Ezequiel
Mensagem recebida pelo médium João de Deus, em reunião pública no Grupo Espírita da Prece, na noite de 17/01/2008, na cidade de Campo Grande/MS.
O DEVER ESQUECIDO
Certo rei muito poderoso, sendo obrigado a longa ausência, tomou de grande fortuna e entregou-a ao filho, confiando-lhe a incumbência de levantar grande casa, tão bela quanto possível.
Para isso, o tesouro que lhe deixava nas mãos era suficiente.
Acontece, porém, que o jovem, muito egoísta, arquitetou o plano de enganar o próprio pai, de moda a gozar todos os prazeres imediatos da vida.
E passou a comprar materiais inferiores.
Onde lhe cabia empregar metais raros, utilizava latão; nos lugares em que devia colocar o mármore precioso, punha madeira barata, e nos setores de serviço, em que a obra reclamava pedra sólida, aplicava terra batida...
Com isso, obteve larga soma que consumiu, desorientado, junto de amigos loucos.
Quando o monarca voltou, surpreendeu o príncipe abatido e cansado, a apresentar-lhe uma cabana esburacada, ao invés de uma casa nobre.
O rei, no entanto, deu-lhe a chave do pequeno casebre e disse-lhe, bondoso.
- A casa que mandei edificar é para você mesmo, meu filho... Não me parece a residência sonhada por seu pai, mas devo estar satisfeito com a que você próprio escolheu...
Após ligeira pausa, Veloso advertiu:
- O conto impele-nos a judiciosas apreciações, quando ao cumprimento exato de nossos deveres.
Comparemos o soberano a Deus, nosso Pai.
O príncipe da história poderia ter sido qualquer um de nós.
A fortuna para construirmos a moradia de nossa alma é a vida que Deus nos empresta.
Quase sempre, contudo, gastamos tesouros da existência em caprichosa ilusão, para acabarmos relegados, por nossa própria culpa, aos pardieiros apodrecidos do sofrimento.
Mas, aqueles que se consagram à bênção do dever, por mais áspero que seja, adquirem a tranqüilidade e a alegria que o Supremo Senhor lhes reserva, por executaram, fiéis, a sua divina vontade, que planeja sempre o melhor a nosso favor.
Meimei
Do livro "Evangelho em Casa”, de Francisco C. Xavier. Editora FEB.
EVANGELIZAÇÃO ESPÍRITA INFANTO-JUVENIL
Resposta de Bezerra de Menezes, através do médium Júlio Cezar Grandi Ribeiro, a um questionário que lhe foi proposto sobre o relevante tema em foco.
1. Qual a importância da Evangelização Espírita Infanto-Juvenil na formação da Sociedade do Terceiro Milênio?
Reconhecendo-se no Espiritismo evangélico a presença do Consolador, do Paracleto, consoante as promessas de Jesus, disseminando por toda a Terra as luzes cristalinas da Verdade e despertando a consciência humana para a era porvindoura de uma autêntica compreensão espiritual da Vida, não é difícil entender-lhe a abençoada missão evangelizadora do mundo com vistas ao futuro onde as mais sublimes esperanças de felicidade na Terra se concretizarão.
Considerando-se, naturalmente, a criança como o porvir acenando-nos agora, e o jovem como o adulto de amanhã, não podemos, sem graves comprometimentos espirituais, sonegar-lhes a educação, as luzes do Evangelho de Nosso Senhor Jesus-Cristo, fazendo brilhar em seus corações as excelências das lições do excelso Mestre com vistas à transformação das sociedades terrestres para uma nova Humanidade.
O momento que atravessamos no mundo é difícil e sombrio, enquanto as sociedades terrestres necessitam, mais e mais, dos tocheiros do Evangelho, a fim de que não se percam nos meandros do mal ou resvalem nos penhascos do crime os corações menos experientes e as almas desavisadas. O sublime ministério da Evangelização Espírita Infanto-Juvenil nos pede prosseguir e avançar.
Nestes anos de transição que começa o novo milênio terrestre, é imprescindível abracemos, com empenho e afinco, a tarefa da evangelização junto às almas infanto-juvenis, tão carentes de amor e sabedoria, porém, receptivas e propícias aos novos ensinamentos. E isto, com a mesma ansiedade e presteza com que o agricultor cedo acorda para o arroteamento do solo, preparando a sementeira de suas esperanças para as abundantes messes da colheita pretendida.
Assim, faz-se inadiável buscarmos os serviços que nos competem junto à evangelização da criança e do jovem para que as comunidades terrestres, edificadas em Jesus, adentrem o Terceiro Milênio como alicerces ótimos de uma nova civilização que espelhe, no mundo, o Reino de Deus.
2. Com que intensidade o Plano Espiritual tem apoiado o Movimento de Evangelização Espírita Infanto-Juvenil? Como isto se opera?
A missão educativa do Espiritismo junto às almas é tarefa por demais intensa, contínua e crescente, buscando revelar a verdadeira luz e estimulando a fé junto aos panoramas regenerativos da Terra, onde somente um Mestre, que é Jesus, há de inspirar cada criatura em sua própria iluminação.
Assim sendo, sem improvisações, mas obedientes aos ditames dos Planos Superiores da Vida, entrevemos legiões de obreiros espirituais insinuando e sugerindo, orientando e estimulando, convocando e determinando, dirigindo e comandando, participando e servindo, diretamente no seio das comunidades espíritas, junto aos serviços de evangelização, notadamente de crianças e jovens, que representam esperanças dos céus nos jardins da vida.
Mas, é importante salientar que o plano espiritual somando esforços ao trabalho perseverante dos companheiros dos servidores a Jesus, uma vez que na base do êxito almejado permanece a fiel observância das lições evangélicas sob os ditames do amor incondicional.
3. Como os Espíritos Superiores estão vendo a participação dos companheiros encarnados nas tarefas da Evangelização Espírita Infanto-Juvenil?
Conquanto os operários da gleba humana disponham de livre-arbítrio bastante para debandar ou desertar, esquecer ou adiar compromissos assumidos com a Vida. Anotamos, com júbilos imensos, a excelente caravana de denodados lidadores da Evangelização Espírita Infanto-Juvenil, de corações voltados para um melhor desempenho, coesos no interesse de sempre produzir o máximo pela dedicação de todos os dias. São companheiros jovens ou adultos, de ambos os sexos, afanosos, idealistas, conscientizados cada vez mais que a obra não nos pertence, mas sim ao Mestre Amado que, por misericórdia, utiliza a todos por instrumentos de iluminação do mundo.
É notório que a especialidade da tarefa não se compraz com improvisações descabidas, tão logo a experiência aponte o melhor e o mais rendoso, razão pela qual os servidores integrados na evangelização devem buscar, continuamente, a atualização de conteúdos e procedimentos didático-pedagógicos, visando a um melhor rendimento, em face da economia da vida na trajetória da existência, considerando-se que, de fato, os tempos são chegados...
4. como os Espíritos situam, no conjunto das atividades da Instituição Espírita, a tarefa da Evangelização Espírita Infanto-Juvenil?
Tem sido enfatizado, quanto possível, que a tarefa da Evangelização Espírita Infanto-Juvenil é do mais alto significado dentre as atividades desenvolvidas pelas Instituições Espíritas, na sua ampla e valiosa programação de apoio à obra educativa do homem. Não fosse a evangelização, o Espiritismo, distante de sua feição evangélica, perderia sua missão de Consolador, renteando-se com a diversidade das escolas religiosas no mundo que, embora úteis e oportunas, estiolaram-se no tempo absorvendo posições de terminalidade e dogmatismo.
É forçoso reconhecer que Espiritismo sem aprimoramento moral, sem evangelização do homem é como um templo sem luz.
Já tivemos oportunidade de lembrar que uma Instituição Espírita representa uma equipe de Jesus em ação e, como tal, deverá concretizar seus sublimes programas de iluminação das almas, dedicando-se com todo empenho à evangelização da infância e da mocidade.
5- Quais seriam as condições essenciais para que alguém possa desempenhar a tarefa da Evangelização Espírita Infanto-Juvenil?
Nas bases de todo programa educativo o amor é a pedra angular favorecendo o entusiasmo e a dedicação, a especialização e o interesse, o devotamento e a continuidade, a disciplina e a renovação, uma vez que no trato com a criança e o jovem o esforço renovador pela evangelização jamais prescindirá da força da exemplificação para quem ensina.
Jesus é o Mestre por excelência: ofereceu-se-nos por amor, ensinou até o último instante, fez-se o exemplo permanente aos nossos corações e nos paroxismos da dor, pregando ao madeiro ignominioso, perdoou-nos a defecções de maus aprendizes.
É justo, pois que o evangelizador deva estudar e rever, quanto possível, todos os ensinos da Verdade granjeando meios de descortinar caminhos de libertação espiritual para quantos se lhe abeirem do coração dadivoso.
6- Que papel cabe aos espíritas que não atuam diretamente na Evangelização Espírita Infanto-Juvenil, no crescimento e maior êxito desta tarefa?
Todos os espíritas engajados realmente nas fileiras da fé raciocinada quão atuante devem estar, de certo modo, empenhados na tarefa da evangelização que é, sem dúvida, o sublime objetivo da Doutrina Espírita. Naturalmente que uns estarão com participação direta e maior soma de esforços, enquanto outros permanecerão servindo em outras leiras, porém todos deverão estar voltados para um mesmo alvo comum – a redenção do homem.
Desta forma nada mais recomendável que a solidariedade de propósitos na escola de almas onde todos nos matriculamos.
Os responsáveis pelos Centros, Grupos, Casas ou Núcleos espiritistas devem mobilizar o maior empenho e incentivo, envidando todos os esforços para que a evangelização de crianças e jovens faça evidenciar os valores da fé e da moral nas gerações novas. É necessário que vejam com simpatia e apreço a tarefa dos evangelizadores, sobretudo como um trabalho integrado nos objetivos da Instituição e jamais como atividade à parte.
O Movimento Espírita, acompanhando a dinâmica progressista da própria Doutrina, já vem deixando longe os primeiros tempos das reuniões somente para adultos, com características próprias, fechadas... Hoje se busca, sobremodo, oferecer o conhecimento iluminador à criança e ao jovem, facilitando-lhes a renovação da mentalidade quanto à renovação do caráter com vistas ao futuro do mundo, aprisco e Reino do Senhor.
A Evangelização Espírita Infanto-Juvenil, assim, vem concitar a todos para um trabalho árduo e promissor, no campo da implantação das idéias libertadoras, a que fomos chamados a servir, pela vitória do conhecimento superior e pela conquista da Vida Maior.
7- Que orientação os Amigos Espirituais dariam aos pais espíritas em relação ao encaminhamento dos filhos à Escola de Evangelização dos Centros Espíritas?
Conquanto seja o lar a escola por excelência onde a criatura deva receber os mais amplos favores da educação, burilando-lhe o sentimento e o caráter, não desconhecemos a imperiosidade de os pais buscarem noutras instituições sociais o justo apoio à educação da prole; e, assim, deverão encaminhar os filhos, no período oportuno, para as escolas do saber, viabilizando-lhes a instrução. Entretanto, jamais deverão descuidar-se de aproximá-los dos serviços da evangelização, em cujas abençoadas atividades se propiciará a formação espiritual da criança e do jovem diante do porvir.
Há pais espíritas que, erroneamente, têm deixando, em nome da liberdade e do livre-arbítrio, que os filhos avancem na idade cronológica para então escolherem este ou aquele caminho religioso que lhes complementem a conquista educativa no mundo. Tal medida tem gerado sofrimento e desespero, luto e mágoa, inconformação e dor. Porque, uma vez perdido o ensejo educativo da idade propícia à semelhança evangélica, os corações se mostram endurecidos, qual terra ressequida, árida, rebelde ao bom plantio, desperdiçando-se valioso período de ajuda e orientação. É então que somente a dor, a duros golpes provacionais, poderá despertar para refazer e construir.
A Evangelização Espírita da Infância e da Juventude na Opinião dos Espíritos
Federação Espírita Brasileira.
ENTREVISTAS - FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER.
O SALÁRIO DA MEDIUNIDADE.
P – Então quem trabalha tanto e trabalhou tanto até agora, nada recebe pelo seu trabalho?
R - Graças a Deus, nunca entrou em nossas cogitações receber qualquer remuneração pelos livros psicografados, que os nossos amigos espirituais consideram como sendo um depósito sagrado.
Mas é preciso que eu me explique. Tenho tido uma compensação muito maior que aquela que pudesse vir ao meu encontro através do dinheiro: é a compensação da amizade.
O Espiritismo e a mediunidade trouxeram-me amigos tão queridos, que me dispensam tanto carinho, que eu me considero muito mais feliz com estes tesouros do coração, como se tivesse milhões a minha disposição.
A MORTE.
P - Como encara a morte?
R – naturalmente que somos humanos e a despedida de um ente amado, mormente quando esse ente amado vai adquirir nova forma, de um modo geral se tornando invisível ao nosso olhar comum, a nossa dor é imensa.
Quando vemos partir, por exemplo, um filho para uma terra distante, quando sofremos a prova da separação de ente querido, mesmo na Terra, sofremos compreensivelmente, de vez que o amor vem de Deus e quando amamos, queremos perto de nós a criatura querida.
Ainda sabendo que a morte vem de Deus, quando nós não a provocamos, não podemos, por enquanto, na Terra recolher a morte com alegria porque ninguém recebe um adeus com felicidade, mas podemos receber a separação com fé em Deus, entendendo que um dia nos reencontramos todos numa vida maior e essa esperança deve aquecer-nos o coração.
Cabe-nos superar o sofrimento de morte fazendo por aquele¸ou aquela, que partem, aquilo que eles estimariam continuar fazendo, nunca entregar-nos ao choro improdutivo, ao luto que nada produz, mas, sim prosseguir nas tarefas daqueles nossos entes amados que partiram, unindo a eles o nosso pensamento e carinho através do espírito de serviço¸reconhecendo que eles continuam vivendo e, naturalmente¸ nos agradecerão a conformidade e o concurso amigo que lhes possamos oferecer para que a vida deles na Terra seja devidamente complementada.
Do livro “Entrevistas” - Francisco Cândido Xavier. Editora IDE.
A INESQUECÍVEL PERGUNTA
O “Parnaso de Além Túmulo”, com carinhoso entusiasmo de Manoel Quintão, foi lançado em julho de 1932. E no mesmo mês, o padre Júlio Maria, de Manhumirim, em Minas, no seu jornal “O Lutador”, escreveu áspera crítica, condenando o livro e o Médium.
Dentre outras coisas dizia que o Chico devia possuir uma pele de rinoceronte para caber tantos espíritos.
Os comentários irônicos e as acusações gratuitas eram tantos que o Médium, inexperiente e muito jovem ainda, se sentiu demasiadamente chocado e foi constrangido a buscar o leito.
“Então, a luta era aquela? – pensava, com dor de cabeça. – Valia a pena ser médium e ficar exposto, assim, ao juízo temerário dos outros? Seria justo agüentar aqueles xingatórios quando estava possuído das melhores intenções?”
Por mais de duas horas se via em semelhante contenda íntima, quando viu Emmanuel ao seu lado.
Contou ao Mentor o que se passava e supôs que o espírito amigo o acariciaria sem restrições.
Emmanuel, porém, de pé, com severa fisionomia, falhou-lhe firme:
- Mas eu não vejo razão para solenizar este assunto...
- Entretanto, o senhor está vendo ... O padre disse que eu tenho uma pele de rinoceronte .... – clamou o Médium.
- Se não tem, precisa Ter, - disse-lhe o protetor – porque se você quiser cultivar uma pele muito frágil, cairá sempre com qualquer alfinetada e não nos seria possível a viagem da mediunidade nos caminhos do mundo...
- Contudo, temos o nosso brio, a nossa dignidade – acrescentou o Chico – e é difícil viver com o desrespeito público.
Foi então que Emmanuel o fitou com mais firmeza e exclamou:
- Escute. Se Jesus que era Jesus, saiu da Terra pelos braços da cruz, você é que está esperando uma carruagem para viver entre os homens?
Quando ouviu a pergunta, o Chico levantou-se de um pulo e começou a reajustar-se.
Ramiro Gama
Do livro “Lindos Casos de Chico Xavier”. Editora LAKE.
AUXILIARÁS POR AMOR
Auxiliarás por amor nas tarefas do benefício.
Não te deixarás seduzir pelo verbo fascinante dos que manejam o ouro da palavra para incrementar a violência em nome da liberdade e dos que te induzam a crer seja a vida um fardo de desenganos.
Adotarás a disciplina por norma de ação em teu ambiente de trabalho renovador e educar-te-ás na orientação do bem, elevando o nível da existência e sublimando as circunstâncias.
De muitos ouvirás que não adianta sofrer em proveito dos outros e nem semear para sustento da ingratidão, entretanto, recordarás os benfeitores anônimos que te amaciaram o caminho, apagando-se tantas vezes para que pudesses brilhar. Recomendarás a infância, no refúgio doméstico e perceberás que te ergueste, acima de tudo, da bondade com que te agasalharam o coração. Não conseguiste a ternura materna com recursos amoedados, não remuneraste a teu pai pelo teto em que te guardou a meninice, não compraste a afeição dos que te equilibraram os passos primeiros e nem pagaste o carinho daqueles que te alçaram o pensamento à luz da oração, ensinando-te a pronunciar o nome de Deus!...
Reflete na raízes de amor com que o Todo-Misericordioso nos plasmou os alicerces da vida e colabora onde estejas para que o bem se erija por sustentáculo de todos.
Enxergarás nos que te rodeiam irmão autênticos, diante da Providência Divina. Ajudarás aos menos bons para que se tornem bons e auxiliarás aos bons a fim de que se façam melhores.
Se a perturbação te dificultar o caminho, serve, sem alarde, e a trilha de libertação se te abrirá, propiciando-te acesso à frente.
Se ofensas te apedrejam, escuda-te no dever bem cumprido e serve sempre, na certeza de que a bondade com a força do tempo é a mola natural de todos os reajustes.
Muitos mandam, exigem, dispõem ou discutem... Serás aquele que serve, o samaritano da bênção, o entendimento dos incompreendidos, a luz dos que se debatem nas sombras, a coragem dos tristes e o apoio dos que se afligem na retaguarda!... E, ainda quando te vejas absolutamente a sós, no ministério do bem, serás fiel à obrigação de servir, lembrando-te de que, certo dia, um anjo na forma de um homem escalou um monte árido, em supremo abandono, carregando a cruz do próprio sacrifício, mas porque servia e servia, perdoando e perdoando, fez-se nas trevas da morte o sol das nações, em perenidade de luz e amor para o mundo inteiro.
Emmanuel
Mensagem recebida pelo médium Francisco C. Xavier, Uberaba/MG.
PERGUNTAS E RESPOSTAS
Hele Alves: - Dizem os espíritos que a vida é uma escola. Nós passamos de ano quando conseguimos uma certa evolução. Esta evolução se faz durante a nossa vida na terra ou também durante a nossa vida no espaço?
Chico Xavier: - Na vida terrestre nós temos sempre um programa de trabalho e de auto-educação a ser realizado, mas este programa prossegue além desta vida conforme as nossas necessidades, porque todos estamos subordinados à misericórdia de Deus dentro da Justiça que nos rege os destinos. Muitas vezes nascemos na Terra ou renascemos na Terra com um determinado programa de serviços a realizar, mas realizamos esse programa de modo imperfeito. A justiça seria naturalmente que fosse cassado para nós o direito da continuidade de trabalho. Mas a misericórdia de Deus impera no Universo inteiro. Portanto, há continuidade de trabalho para nós todos e continuidade de estudo na outra vida, graças a Deus.
Do livro “Pinga Fogo” Francisco Cândido Xavier.
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