"Luzes do Amanhecer"

ANO I - Nº 06– Campo Grande – MS – Julho de 2006
EDIÇÃO DO CENTRO ESPÍRITA “VALE DA ESPERANÇA”
Rua Colorado n o 488, Bairro Jardim Canadá, CEP 79112-480, Campo Grande-MS.


                Quem reprova o próximo em seus testes de dor, por certo, renuncia antecipadamente o amparo de Deus, quando chegar a sua vez. Àulus


 

A CASA DE BÊNÇÃO

                    
                Quando alguém um dia construía uma casa Espírita, dirigiu ao benfeitor solicitando uma orientação. Escreve o amigo espiritual: “Se construímos uma casa com as portas abertas para os céus, Deus nos pergunta para que lados se abrirão as janelas”.  Depois de meditar muito buscando uma resposta, tornou novamente ao benfeitor, dizendo não haver conseguido uma resposta satisfatória, e informa que ainda não sabia “para que lado se abriria  mesmo as janelas”,  o benfeitor benevolente, responde: “as janelas se abrirão para o amor e a caridade”.
                O Centro Espírita deve ser considerado como o foco irradiador das bênçãos da vida superior para as criaturas que se demora neste plano abençoado, que se chama Terra.
                 É uma casa de bênçãos que espalha ao seu redor a fraternidade, o amor e a caridade.
Onde se oferece o pão, o agasalho, o passe, a água fluidificada,  o conforto, o carinho, o afeto.
                 Onde se pode entrar na casa de Deus sem pagar dizimo, oferta, ou qualquer outra exigência.
                 Onde se recebe toda a criatura como irmã, independente de suas convicções religiosas.
                Onde o amor e a caridade  são os aspectos mais importantes a serem observados.
                Onde se constrói a felicidade pelo próprio esforço.
                Onde se aprende que sem amor no coração não se caminha
                Onde se conclui que o inferno não existe, porém só subsiste na consciência culpada.
                Onde se aprende que é preciso amar sempre.
                Onde se aprende que o amor corrige e não condena.
                Onde se aprende a orientar-se com segurança na solução dos problemas do destino e da dor.
                Onde se compreende que o espírito é imortal.
                Onde se aprende que toda religião que promove o bem é respeitável
                Onde se permite o livre exame para que contemple a fé, face a face.
                Onde se oferece a chave verdadeira de interpretar o Evangelho.
                Onde se aprende o que é verdadeiramente um homem de bem.
                Onde se dedica a caridade para o corpo e para a alma.
                Onde  se pode observar o irmão mais experiente da vida superior auxiliar aqueles que sabem menos.
                Onde se aprende que a alma da criatura que se ama não partiu para um país imaginário, após a morte, mas vive pelo pensamento junto aos que ama.
                Onde se aprende que a Doutrina do Cristo é a da simplicidade, não necessitando de templo suntuoso para se expressar, porque Ele mesmo pregou sempre nos lares e ao ar livre.
                Onde se recebem os espíritos infelizes e neles reconhecendo as criaturas humanas desencarnadas, em outra faixa de evolução.
                Onde se colocam as boas obras como exemplo maior, porque somente através das obras pode se dar testemunho  da  fé que professa.
                Onde se aprende que Deus é Pai, e jamais condenaria alguns de seus filhos a penas eternas, e esses milenares preconceitos só existem nas mentes atrasadas, que querem um deus que tenha os seus instintos.
                Onde se aprende que a colheita será de conformidade com a semeadura, sem qualquer privilégio da Justiça Divina.
                Onde se aprende que o Consolador Prometido por Jesus, encontra-se por inteiro na Doutrina Espírita, e na codificação o Espírito de Verdade sempre esteve à frente para trazer ao mundo o Evangelho Redivivo.
                Onde se esta finalmente à espera do trabalhador valoroso para tocar a obra de amor com Cristo.

Áulus
Otacir Amaral Nunes
Campo Grande/MS

                                                                                                                                                                                                                                                    OS OUTROS                                                                          

                 Consciência do bem. Essa é a frase exata. Muitas vezes se deseja fazer o bem, mas não se tem ainda no coração essa necessidade, daí tantos abandonarem a tarefa, sem uma explicação lógica. A planta do bem não tinha raízes profundas, ao sopro da primeira tempestade esta não resistira. É a história de muitos aprendizes que de repente se empolgaram, mas ainda as convicções não haviam penetrado até o seu coração, razão porque logo o entusiasmo passou, alegando este ou aquele motivo, porém se talvez houvessem persistido um pouco mais teriam compreendido o seu verdadeiro alcance, mas não, ao primeiro impulso, aquele pouco que já tinham no coração não foi o bastante e desistiram.
                Mas, um dia voltarão à tarefa, talvez, mesmo em outra existência, para que, em situação mais difícil executá-la, cuja oportunidade rogarão encarecidamente à vida superior.
Voltarão à arena de provas dolorosas para realizar a tarefa adiada, quando tudo poderia ter sido realizado de maneira mais fácil.
                Depois, muitas vezes à frente de cruciais sofrimentos voltam novamente ao palco de suas lutas, mas ainda em  condições de resolver os problemas que deixaram para trás por falta de coragem, por orgulho, ou egoísmo.
                Querem uma vida fácil, e por sua culpa a tornaram mais difícil, mas para os trabalhadores preguiçosos que se recusaram ao trabalho libertador, inventaram desculpas, alegaram cansaço, falta de oportunidade, ou de recursos, mas queriam mesmo era desculpar-se, logo não poderão ser tratados de mesma maneira que aqueles que procuram cumprir a vontade do  Senhor, mesmo em situações mais difíceis, pois que Ele só pedia a bondade, o amor e a caridade de uns para com os outros. Daí surgirem muitas versões.
                Quantos alegam que não têm recursos para a tarefa no bem, outros que falta tempo, outros porque não são perfeitos e esperaram aprender mais para começarem, outros porque não se adaptam ao trabalho.
                Outros querem começar por grandes tarefas, pois que admiram os grandes expoentes da Doutrina, querem começar a construir pelo telhado, não sabem que na vida desses grandes homens, existe muita luta, abnegação, estudo, sacrifício, renúncia,  para chegarem a ser exemplos:
                Outros mais afoitos dizem que a Doutrina Espírita já está superada, mas sequer leram as Obras Básicas ou refletiram seriamente sob os seus fundamentos, ou movimentaram recursos mínimos no bem.
                Outros que seus filhos são pequenos que precisam de cuidados, outros que são adolescentes precisam de apoio, quando estes casam precisam cuidar dos netos, e assim sucessivamente:
                Outros ainda guardam o impulso de inquisidores da vida alheia, julgam a todos, sem exceção, porque eles sabem muito e não suportam criaturas sem conhecimento, que não sabem o que recomenda a pureza doutrinária, pois que a verdade é isto e mais aquilo, mas as pessoas não compreendem e eles não suportam viver com pessoas desse nível, aliás, eles sim que conhecem a Doutrina Espírita e coisa e tal, e assim passam a vida se enganando.
 Porque esqueceram de trabalhar, mesmo porque acima de tudo a Doutrina é trabalho em favor do próximo.
                Outros são mais sóbrios em suas apreciações, que colocam o trabalho em tal altura que sequer alcançam as qualidades ideais para exercitar-se e muito se admiram daqueles que conseguem realizar algo;
                Outros imaginam que a Doutrina não respondem as suas indagações íntimas e que os espíritos não estão respondendo de acordo com a sua capacidade e ficam desanimados diante da falta de precisão da Doutrina, ligando-se a uma argumentação sem a menor lógica e por conta disso retiram-se da lida e vivem sem inspiração, e somente dispostas a olharem para si mesmos.
                Outros têm o espírito de crítica sistemática, tudo está errado, mas eles mesmos nunca deram exemplo de nada, abrem a boca somente para reclamarem dos outros;
                Outros alegam que precisam curar-se primeiro, e ficam anos a fio na Casa Espírita se tratando, sem atinarem que o trabalho fazia parte da sua cura, daí não se curam e nem trabalham, porém uma coisa é certa que a vida passa.
                Assim que existem muitas desculpas, por essa razão que em qualquer departamento existem tão poucos trabalhadores que se dedicam de verdade à causa maior, porque esses heróis da resistência não inventam desculpas, mas agem de acordo com suas possibilidades, não importa se são  ricos, ou pobres, se detêm grandes possibilidades mediúnicas ou não, se têm tempo ou não, se são fortes ou fracos, se têm saúde, ou não, mas se dispõem simplesmente a servir em nome do Cristo e tudo fazem nesse sentido. Aceitam o trabalho como desafio a sua capacidade de servir, e percebem que com amor e trabalho é possível sempre realizar algo, nem mesmo que não seja o ideal, e seguem firme no caminho do bem.

                Agora que já dissecamos a vida dos outros com grande autoridade, quanto ao que compete a nós que já conhecemos a Revelação mais extraordinária em sua dimensão exata, que em verdade veio esclarecer os ensinamentos do Mensageiro Maior de Deus, Jesus Cristo. Já que compreendemos que a morte não existe, que os fantasmas que atormentaram por longos séculos a mente de tantas pessoas, já não nos assustam mais,  como as penas eternas, porque a própria razão demonstra, não ter isso cabimento, mesmo porque um Pai Bondoso não irá mandar para o inferno pela eternidade afora alguns dos seus filhos por simples travessuras de uma existência, por outro lado, mandou dizer através de Jesus, “amar o próximo”, inclusive até “os inimigos”, porque Ele sendo o Pai não nos amaria como filho? Não nos concederia uma nova oportunidade de resolver os problemas que criamos? Nem tampouco procuram considerar que todo o mal que ocorre é culpa do demônio, por ser desleal e desonesto atribuir a ele as nossas maldades. O próprio Jesus quando curava os obsediados não o culpava, mas amiúde repetia àquele que recebia o beneficio, “vai e não peques mais para que um mal maior não te suceda”, mostrando que a culpa é individual, de maneira que a Doutrina não contempla os homens pretensiosos, com falsos temores, nem os desculpa sem uma base lógica, pois que se já conseguimos superar tantas crendices, compete a nós verdadeiramente dar o exemplo de trabalhadores esclarecidos e abnegados, praticando a caridade pela caridade, e não  ser tão somente clarividente com os erros dos outros.

Áulus
Otacir Amaral Nunes/
Campo Grande/MS

 

CHICO E EMMANUEL (O Mestre e o  Aprendiz)

                - No seu primeiro encontro com Emmanuel, ele enfatizou a disciplina. Teria falado algo mais?
Chico Xavier – Depois de haver salientado a disciplina como elemento indispensável a uma boa tarefa mediúnica, ele me disse:
                - Temos algo a realizar.
Repliquei de minha parte qual seria esse algo e o Benfeitor esclareceu:
                - Trinta livros para começar.
                Considerei de minha parte:
                -Como avaliar essa informação se somos uma família sem maiores recursos além de nosso próprio trabalho diário, e a publicação de um livro demanda muito dinheiro...
                Já que meu pai lidava com bilhetes de loteria, eu acrescentei.
                -Será que meu pai vai ganhar a sorte grande?
Emmanuel respondeu:
                -Nada, nada disso, a maior sorte grande é o trabalho com a fé viva na Providencia Divina. Os livros chegarão através de caminhos inesperados.
                Algum tempo depois, enviando as poesias do “Parnaso do Além-Túmulo” para um dos diretores da Federação                 Espírita Brasileira, tive a grande surpresa de ver o livro aceito e publicado em 1932.
                A este livro se seguiram outros e, em 1947, atingíamos os trinta livros.
                Ficamos muito contentes e perguntei ao Amigo Espiritual se a tarefa estava terminada.
                Ele então considerou ,sorrindo:
                -Agora começaremos uma nova série de trinta volumes.
                Em 1958 indaguei-lhe novamente se o trabalho finalizara. Os sessenta livros estavam publicados e eu me encontrava quase de mudança para a cidade de Uberaba, onde cheguei a 5 de janeiro de 1959.
                O grande benfeitor explicou com paciência:
                -Você perguntou em Pedro Leopoldo se a nossa tarefa estava completa e quero informar-lhe que os Mentores da Vida Maior, perante os quais devo também estar disciplinado, advertiram-me que nos cabe chegar ao limite de cem livros.
                Fiquei muito admirado e as tarefas prosseguiram.
                Quando alcançamos o numero de cem volumes publicados, voltei a consultá-lo sobre o termo de nossos compromissos.
                Ele esclareceu, com bondade:
                - Você não deve pensar em agir e trabalhar com tanta pressa. Agora estou na obrigação de dizer-lhe que os Mentores da Vida Superior, que nos orientam, expediram certa instrução que determina seja a sua atual reencarnação desapropriada, em benefício da divulgação dos princípios espíritas cristãos, permanecendo a sua existência, no ponto de vista físico, à disposição das Entidades Espirituais que possam colaborar na execução do programa das mensagens e livros, enquanto o seu corpo se mostre apto para as nossas atividades.
                Muito desapontado, perguntei:
                - Então devo trabalhar na recepção de mensagens e livros do Mundo Espiritual até o fim de minha vida atual?
Emmanuel acentuou:
                - Sim, não temos  alternativas.
                Naturalmente, impressionado com o que ele dizia, voltei a interrogar:
                -E se eu não quiser, já que a Doutrina Espírita nos ensina que somos portadores do livre-arbítrio para decidir sobre os nossos próprios caminhos?
                Emmanuel fez então um sorriso de benevolência paternal e me cientificou:
                -A instrução a que me refiro é semelhante a um decreto de desapropriação, quando lançado por autoridade da Terra. Se você recusar o serviço a que me reporto, segundo creio, os Orientadores dessa obra de nos dedicarmos ao Cristianismo Redivivo, de certo que eles, os Orientadores, terão autoridade bastante para retirar você do seu atual corpo físico.
                Quando ouvi esta declaração dele, silenciei para pensar no assunto e  continuo trabalhando sem a menor expectativa de interromper ou dificultar o que passei a chamar por “Desígnio de Cima”

Mensagem do livro “Novo Mundo”, IDEAL

 

A VIDA CONTINUA (Depoimentos Espirituais)

 

                Conceição Interlando Neto, desencarnada em conseqüência de insuficiência cardíaca.
                 “Estou recordando. Era Domingo e conversávamos, quando uma dor aguda seguida de asfixia invencível roubou-me todas as energias. Quis falar, conversando ainda... Entretanto, a força que me subjugava era vigorosa demais, e não pude senão silenciar. Num retrospecto que não sei descrever, vi toda a nossa vida em comum, como se um caleidoscópio me fizesse contemplar as nossas experiências... Por fim me via criança e dormi sob a imposição de um sono que não consegui dominar. Creia que Deus e você eram as idéias que tentava reter comigo; no entanto, tive que me render àquela indução, ao aniquilamento que me invadia de assalto.”
                “Quanto tempo gastei nessa luta comigo própria, tentando raciocinar sem qualquer possibilidade de autocontrole, por enquanto não sei dizer...Acordei num quarto de hospital, arejado e reconfortante, ainda na suposição de que  me achava em algum recanto de recuperação e repouso a esperá-lo.”
                “Entretanto a querida mãe Joanina, com a mãezinha Vicentina me apareceram quando as indagações me escaldavam a cabeça, e foi com muita dificuldade e muita lágrima que veio a tomada de consciência do ocorrido. Em breve tempo o nosso irmão Iracy se reunia a nós e, conquanto reconfortada por tanto amor com que me requisitavam para a readaptação à vida, chorei muito ao me certificar de que a porta de nossa casa para mim, do ponto de vista físico, se fechava sem que me fosse facultado o regresso a tudo que  mais amávamos...
                “Tenho procurado melhorar o meu padrão de reajuste, mas ainda as suas saudades encharcadas de pranto oculto me buscam para reflexões difíceis e amargas e, por isso, querido Moacir, a você, que me cercou de felicidade, agora peço serenidade e força perante as leis de Deus. Pensei! Temos ainda os nossos filhos João Bosco e Sueli, que precisam de você, de seu carinho, além dos netos que ainda virão e que serão nossos filhos pequeninos. Guarde paciência ante os tropeços da vida e creia que me sentirei sustentada em suas próprias forças". Ore e peça a Deus que nos fortaleça. A mãe Vicentina está comigo e pede o seu carinho e bênção para nós duas. E não acredite na provação sem remédio. Você está moço e forte, com amplas possibilidades para refazer o caminho... Você sabe que não é fácil renunciar ".
                ... Entretanto, se a criatura amada está em perigo, aquela outra criatura que ama se dispõe a qualquer atitude que lhe resulte em reajustamento e renovação para a alegria. Querido Moacir, lembre-se de que estamos sempre juntos. A morte do corpo não separa ninguém, e o amor, quando verdadeiro, ultrapassa todas as condições a fim de evidenciar-se e permanecer. Não desejo interferir em livre arbítrio, mas prefiro ver você novamente sorrindo para a vida e para o mundo.                 Você desejava receber notícias minhas. Aí as tem com o meu coração reconhecido. Se voltei apressadamente, isso era esquema de desígnios imperiosos, muito além da minha vontade.

Mensagem do  livro “Gratidão e Paz” do médium Francisco C. Xavier - IDE

 

HISTÓRIA DE UMA VIDA

O Trabalhador Fracassado

                Na paisagem de luz, antes da imersão nos fluídos terrestres, Efraim recebia as últimas recomendações do Guia venerável:
                -Vai, meu filho. Seja a próxima experiência na Terra uma estação nova de trabalho construtivo. Recorda que és portador de nobre mensagem. A tarefa a que te propões é das mais edificantes. Distribuirás o pão do conforto espiritual, no esforço de amor em que te inspiras. Não olvides que energias diversas se conjugarão no mundo, para distrair-te a atenção dos objetivos traçados. É_ indispensável que te fortaleças na confiança em Deus, em todos os momentos da vida humana.                 Cada homem permanece no Planeta com a lembrança viva dos compromissos assumidos, revelando singularidades que a ciência das criaturas considera vocações espontâneas.
                A luta começa na infância, porque raros pais, na Terra, estão aptos a orientar conscientemente os filhos confiados à sua guarda. Resiste, porém, e aprende a conservar tuas energias nos altiplanos da fé. Lembra a tarefa santificante, cometida ao teu esforço, e não escutes vozes tentadoras, sem desfaleças ante os tropeços naturais, que se amontoam nos caminhos da redenção. Há operários que, embora possuídos de belas intenções, estacionam inadvertidamente, por darem ouvidos aos enigmas que o mundo inferior lhes propõe em cada dia. Segue na estrada luminosa do bem, de olhar fixo no trabalho conferido às tuas mãos. Não olvides que Deus ajuda sempre; mas, nem por isso, poderás prescindir do próprio esforço em auxílio de ti mesmo.
                O candidato à nobre missão, reconhecido e feliz, osculou as mãos do benfeitor e partiu. A esperança lhe acariciava os sentimentos mais puros. Não cabia em si de contentamento, pois recebera a formosa tarefa de repartir esclarecimentos e consolação entre os sofredores da Terra. Com que enlevo e satisfação lhes falaria das verdades sublimes de Deus! Mostraria a função aperfeiçoadora do sofrimento, enaltecendo o serviço construtivo da dor. Enquanto fornecesse testemunhos de fé na redenção própria, exemplificando no esforço dos homens de bem, reuniria materiais divinos para melhor atender ao imperativo do trabalho conferido à sua responsabilidade individual.
                Todavia, consoante as observações ministradas pelo mentor compassivo e sábio, o trabalhador encontrou as primeiras dificuldades no próprio lar a que foi conduzido pelas teias de carinhosa atração. Ao passo que os amigos da esfera invisível buscavam multiplicar-lhe as noções de ordem superior na recapitulação do período infantil, os genitores inutilizavam diariamente o serviço espiritual, com a ternura viciosa e imprudente. Na libertação parcial do sono, Efraim era advertido pelos amigos do caminho eterno a respeito da preparação necessária, mas logo que regressava à vigília, no corpinho tenro, a mamãe o tratava como bebê destinado às guirlandas de uma festa inútil; e o pai, voltando da repartição, preocupava-se em aumentar entretenimentos e frioleiras. Assim, a criança aprendia os nomes e gestos da gíria, acostumava-se a repetir as expressões menos dignas, a atacar com as mãozinhas cerradas, a insultar por brinquedo.
                Quase reduzido à condição de papagaio interessante e voluntarioso, foi instado pelos amigos da esfera invisível a reconsiderar as obrigações assumidas. Entretanto, quando falava dos sonhos que o visitavam durante a noite, a mãezinha ralhava descontente: "É pura imaginação, meu filho! Vives impressionado com as histórias da carochinha". O pai ajuntava de pronto: "Esquece os sonhos, Efraim, lembra que o mundo sempre pediu homens práticos".
                O rapazinho daí por diante começou a dispensar menos atenção ao plano intuitivo. No fundo, porém, não conseguia trair as tendências próprias. Dedicava inexcedível carinho aos livros de sabor espiritual, onde a elevação de sentimentos constituísse tema vitorioso. Exaltava-se facilmente no exame dos problemas da Religião, como se quisesse, resistindo às incompreensões domésticas, desferir os primeiros vôos. No íntimo, adivinhava a realidade das obrigações que lhe competiam, mas a ternura excessiva dos pais contribuía a favor da preguiça e da agressividade. Onde Deus atirava sementes divinas, os responsáveis humanos cultivavam heras sufocantes.
                No colégio, Efraim não era mau companheiro; os genitores, porém, desenvolviam tamanho esforço por destacar-lhe a condição, que, em breve, a vaidade sobressaia com estranha excrescência  na sua personalidade.
                E a experiência humana continuou, marcando o conflito entre a vocação do trabalhador e o obstáculo incessante do mundo. O plano invisível buscava insistentemente conduzi-lo ao clima espiritual adequando às realizações em perspectiva.
                Enquanto na Igreja Católica Romana, o rapaz não encontrava senão motivos para acusações e xingamentos; transportado ao ambiente do culto protestante, apenas fixava expressões humanas, esquecido das substâncias divinas.                 Intimamente, Efraim experimentava aquela necessidade de instruir e consolar as almas. Às vezes, não conseguia sopitar os impulsos e desabafava em longas conversações com os amigos. Guardando, porém, os títulos acadêmicos em vez de usá-los como forças ascensionais para um conhecimento superior, convertia-os em entulhos lastimáveis, mantendo futilidades pouco dignas. Embalde a esfera espiritual o convidava à luta enobrecedora, em profundos apelos do pensamento.
                Agora, casado e fundamente modificado pelas circunstâncias, Efraim parecia impermeável aos conselhos diretos e indiretos.
                Enfim, depois de costear o continente infinito da Revelação divina em diversas modalidades, foi dar às praias ricas do Espiritismo cristão. Estava deslumbrado. A fé lhe revelava perfumes ignotos ao coração, semelhando-se à olorosa flor de mata virgem. Experimentou imediatamente a certeza de haver encontrado o lugar próprio. Ali, certamente, desenvolveria o plano construtivo de que lhe falava a intuição nos recessos do espírito. Esqueceu, no entanto, que o trabalho é fruto do esforço e que todo operário precisa improvisar ou manejar ferramentas. Com dois anos de observação, ele, que se habituara à ociosidade, recolhia-se ao desalento. Queixava-se de tudo e de todos. Tinha a convicção de que necessitava edificar alguma coisa em beneficio dos semelhantes, mas não se conformava com os obstáculos.
                Quando um dos velhos amigos vinha convidá-lo ao serviço espiritual, replicava enfaticamente:
                -Ora, "seu" Cunha, quem poderá destrinçar essa meada de médiuns charlatães e exploradores sem consciência?!                 Francamente, sinto­ me cansado...
                Depois que o visitante encarecia as excelências da cooperação e a necessidade do testemunho, Efraim exclamava desanimado:
                -Não posso ocupar-se com ficções nem partilhar dessa batalha invencível. Os amigos da vida real são, contudo, infatigáveis na esperança e no otimismo; para que o trabalhador encontrasse concurso fraterno, formou-se repentinamente um grupo mais Intimo, na vizinhança de sua residência, onde reduzido número de companheiros se- propunham estudar os problemas de auto-aperfeiçoamento, colimando elevados serviços no futuro. Efraim prometia cooperar na tarefa, mas em vão o chamavam ao esforço diariamente. Estava sempre solicito na indicação dos tropeços, mas nunca resoluto na execução da própria tarefa. Cada dia, apresentava uma desculpa aparentemente mais justa, a fim de justificar a ausência no trabalho.                 Para ele a chuva estava sempre gelada e o calor sufocante: os resfriados chamavam-se amigdalites, bronquites, febres, dispnéias; os desarranjos do estômago classificam-se como hepatites, estreitamento e gastralgias. A mente viciada exagerava todos os sintomas. Quando assim não era, aludia às contrariedades com o chefe de serviço no Instituto em que lecionava, referia-se às enxaquecas da esposa, dizia das enfermidades naturais dos filhinhos em desenvolvimento. A hora, a situação ocasional, o estado físico, a com condição atmosférica, eram fatores a que recorria invariavelmente por fugir à contribuição fraternal.
                Por fim, embora experimentasse o desejo sagrado de realizar a tarefa, chegou ao insulamento quase completo, num misto de tristeza e ociosidade.
Foi nessa estação de amargura que a morte do corpo o requisitou para experiências novas.
.                Durante anos dolorosos, Efraim errou sem destino, qual ave desesperada da sombra, até que um dia, esgotado o cálice dos remorsos mais acerbos, conseguiu ouvir o antigo mentor, após angustiosas súplicas:
                _Meu filho, não te queixes senão de ti mesmo. O Dono da Vinha jamais esqueceu os trabalhadores. Materiais, ferramentas, possibilidades, talentos, oportunidades, tudo foi.colocado pela bondade do Senhor, em teus caminhos.                 Preferiste, porém, fixar os obstáculos, desatendendo a tarefa. Reparaste o mau tempo, a circunstância adversa, o tropeço material, a perturbação física e, assim, nunca prestaste maior atenção ao serviço real que te levara ao Planeta.                 Esqueceste que o trabalho da realização divina oferece compensações e tônicos que lhe são peculiares, independentemente dos convencionalismos do mundo exterior. O Senhor não precisa de operários que passem o tempo a relacionar óbices, pedras, espinhos, dificuldades e confusões, e sim daqueles que cooperem fielmente na edificação eterna, sem interpelações descabidas, desde as atividades mais simples às mais complexas. Enquanto olhavas o chão duro, a enxada enferrujou-­se e o dia passou. Choras? O arrependimento é bendito, mas não remedeia a dilação. Continua retificando os desvios da atividade mental e aguarda o futuro infinito. Deus não faltará, jamais, à boa vontade sincera!
                - E quando poderei voltar a Terra, a fim de renovar meus esforços? ­perguntou Efraim soluçando.
O benfeitor demorou a responder, esclarecendo finalmente:
                Por agora, meu filho, não posso precisar a ocasião exata. Todo trabalho edificante, em suas expressões diferentes, tem órgãos orientadores, executivos e cooperativos. Ninguém pode iludir a ordem na obra de Deus. Ante os novos caminhos tens largo tempo para amadurecer os arrependimentos sinceros, porque, somente aqui, nesta zona de serviço a que te subordinas presentemente, temos duzentos mil e quinhentos e vinte e sete candidatos ao trabalho de consolação e esclarecimento, no qual fracassaste no mundo. Como vês, não podes regressar a Terra antes deles. 

 Humberto de Campos
Livro Reportagens de Além-Túmulo, Francisco C. Xavier

 

A INESQUECÍVEL PERGUNTA

 

                O  “Parnaso de Além Túmulo”, com carinhoso entusiasmo de Manoel Quintão, foi lançado em julho de 1932. E no mesmo mês, o padre Júlio Maria, de Manhumirim, em Minas, no seu jornal “O Lutador”, escreveu áspera crítica, condenando o livro e o Médium.
                Dentre outras coisas dizia que o Chico devia possuir uma pele de rinoceronte para caber tantos espíritos.
                Os comentários irônicos e as acusações gratuitas eram tantos que o Médium, inexperiente e muito jovem ainda, se sentiu demasiadamente chocado e foi constrangido a buscar o leito.
                “Então, a luta era aquela? – pensava, com dor de cabeça. – Valia a pena ser médium e ficar exposto, assim, ao juízo temerário dos outros? Seria justo agüentar aqueles xingatórios quando estava possuído das melhores intenções?”
                Por mais de duas horas se via em semelhante contenda íntima, quando viu Emmanuel ao seu lado.
                Contou ao Mentor o que se passava e supôs que o espírito amigo o acariciaria sem restrições.
                Emmanuel, porém, de pé, com severa fisionomia, falhou-lhe firme:
                - Mas eu não vejo razão para solenizar este assunto...
               -  
Entretanto, o senhor está vendo ... O padre disse que eu tenho uma pele de rinoceronte .... – clamou o Médium.
               - Se não tem, precisa ter, - disse-lhe o protetor – porque se você quiser cultivar uma pele muito frágil, cairá sempre com qualquer alfinetada e não nos seria possível à viagem da mediunidade nos caminhos do mundo...
                Contudo, temos o nosso brio, a nossa dignidade – acrescentou o Chico – e é difícil viver com o desrespeito público.
                Foi então que Emmanuel o fitou com mais firmeza e exclamou:
                Escute. Se Jesus que era Jesus, saiu da Terra pelos braços da cruz, você é que está esperando uma carruagem para viver entre os homens?
               
Quando ouviu a pergunta, o Chico levantou-se de um pulo e começou a reajustar-se.

Ramiro Gama
Do livro “Lindos Casos de Chico Xavier”

 

REPETÊNCIA REENCARNATÓRIA

                Em qualquer escola, o aluno que se desleixa vê-se obrigado a rematricular-se no período próximo da ação estudantil, reiniciando os estudos encetados, às vezes em situações mais difíceis. E faz-se desse modo o aluno repetente, repisando matérias, horários, situações e, não raro, encontra transformado o clima da experiência com a substituição das companhias conhecidas anteriormente.
                O aluno repetente não se defronta com surpresa agradável. Tudo em derredor já foi vislumbrado, de todas as disciplinas em pauta já recebeu alguma luz e, no entanto, tudo há de fazer para não se entediar ou esmorecer, porquanto uma oportunidade já foi desprezada, uma estação educativa passou frustrada, significativa fração de tempo já se evaporou sem proveito. E, se , porventura, perder novamente o ensejo em lide, a terceira repetição surgirá com maiores tribulações.
                Assim também ocorre com os alunos da evolução planetária. Urge diligenciar no aproveitamento efetivo de todas as possibilidades virtuais da existência para que o esforço futuro não se lhe faça pior.
                Ninguém inicia, chorando, a viagem do berço ao túmulo por simples diletantismo .
                Todos vestimos a carne em tarefa específica.
                E a repetência reencarnatória traz problemas agravados e embaraçosas situações sem qualquer vantagem nos instrumentos de que o repetente se valerá na edificação da felicidade.
                Se a missão passada envolvia comando, em ambiente de paz, aparece na condição de subalternidade, na forja da provação.
                Se fracassou na ficha de médico destinado a servir ao povo, reaparece na posição de doente crônico, necessitado da Medicina.
                E assim sempre será, de vez que adiamento de obrigação é aumento de empeços.
                Lembra-te, assim, de que o Senhor não adiou a sua Excelsa Vinda à Terra, nem tão-pouco atrasou o envio do Consolador Prometido, e, de posse da instrução e do reconforto que a Doutrina do Amor te faculta, age no bem, obedece a esperançoso, ora confiante e melhora-te de maneira incessante, sem procrastinar o bem que nos cabe fazer, pois o amanhã, embora sendo uma incógnita, deriva invariavelmente de teus esforços no dia que passa.

João Modesto
Mensagem do livro “Seareiros de Volta” de Waldo Vieira

 

ENTREVISTAS COM CHICO XAVIER

 Diante da Obra de Allan Kardec
 As Obsessões

                P - Cabe-nos (...) defender a obra de Allan Kardec, em qualquer tempo?
                R - Sim. Os Espíritos Amigos nos dizem que nos compete a obrigação de defender os ensinamentos de Allan Kardec, sobretudo, na vivência dessas benditas lições, através de nossas próprias vidas. Compreendendo assim, reconheceremos que é necessário sermos fiéis a Kardec em todas as nossas atividades, mas não podemos esquecer que Allan Kardec nos trouxe a Doutrina Espírita, na condição de Cristianismo Restaurado, em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo, e, por isso mesmo, não seria justo, de nossa parte, repelir os irmãos que desejem estudar Allan Kardec conosco, tão-só porque não demonstrem, de imediato, uma visão tão ampla da Missão Kardequiana, como seria de desejar.
                P - Como julga Emmanuel podermos fazer isso?
                R - Afirma ele que podemos e devemos ser fiéis a Allan Kardec, como o nosso exemplo e verbo claro, onde estivermos, e que isso não invalida o dever de abençoar ou auxiliar os que não conseguem ver o caminho ou a vida com os nossos olhos. Nesse sentido, respondendo, há tempos, a uma consulta desse teor, nosso amigo espiritual replicou alegando que um médico pode e deve auxiliar ao doente, sem que, para isso, seja obrigado a compartilhar-lhe o leito enfermiço.
                P - Chico, entendemos que o nosso diálogo está longo, mas pode dizer-nos o que pensa Emmanuel quanto ao problema de doenças e obsessões?
                R - Muitas vezes, adverte-nos que doenças e obsessões são testes que nos põem à prova a capacidade de resistência moral, ensinando-nos a valorizar a saúde do corpo e o equilíbrio de alma.
                P - Qual a melhor profilaxia contra as obsessões?
                R - Nossos Benfeitores Espirituais são unânimes em declarar que o estudo das obras de Allan Kardec, para que venhamos a adquirir o conhecimento e a educação de nós mesmos, é o passo inicial indispensável, porque precisamos sanar as obsessões que nos flagelem, sem herdar qualquer cativeiro à superstição e ao medo negativo, de que vemos muitos irmãos prejudicados, quando conseguem a suspirada melhoria psíquica em outros setores religiosos. Explicada a necessidade de Allan Kardec para o afastamento do processo obsessivo, temos na profilaxia respectiva a oração e o serviço ao próximo na base de toda ação restaurativa. Quem quiser estudar, orar, cumprir com os próprios deveres e trabalhar em auxílio aos outros, principalmente daqueles que atravessam dificuldades e provações maiores que as nossas, alcança libertação e tranqüilidade, com toda certeza, porque os nossos adversários desencarnados são sensíveis às nossas palavras, mas só se transformam para o bem com apoio em nossas próprias ações.

  ESPIRITISMO E OUTRAS RELIGIÕES

                P - O que os Espíritos Amigos têm a dizer sobre as outras religiões?
                R - Os Espíritos Amigos nos advertem que todas as religiões são respeitáveis pelo conteúdo de verdade que encerram. Todas elas são caminhos que conduzem a Deus e ao aprimoramento da alma. Acentuam, porém, que encontramos na Doutrina Espírita o Consolador prometido por Nosso Senhor Jesus Cristo à Humanidade, explicando-nos o verdadeiro e claro sentido de seus ensinamentos no Evangelho, de modo a sabermos que não há morte, que a vida continua para lá do túmulo, que a Justiça Eterna funciona na consciência de cada um de nós e que receberemos neste mundo, ou nas outras estâncias da Vida Espiritual, os resultados de nossos próprios atos.
                A maior diferença entre o Espiritismo e outras religiões, a nosso ver, é que o Espiritismo nos faculta indagar e conhecer o que devemos aprender e saber, com respeito aos nossos espíritos eternos, sem que a fé nos imponha barreiras nesse sentido, de vez que no campo espírita a fé precisa ser raciocinada. Temos no Espiritismo o cumprimento da promessa do Cristo: "Conhecereis a Verdade e a Verdade vos fará livres", ao que  o nosso abnegado Emmanuel acrescenta: "e a Verdade nos fará livres para sermos servos felizes de nossas obrigações e para sermos mais responsáveis perante Deus".

Transcrito do Reformador mês de maio/80

 

CENTRO ESPÍRITA - RECOMENAÇÕES GERAIS

  1. Quaisquer que sejam as atividades do Centro Espírita, assistenciais ou educacionais.  Nunca descurar o caráter da Doutrina de iluminação e consolo espiritual.
  2. Observar a pontualidade e a assiduidade em todos os trabalhos do Centro Espírita.
  3. Solicitar aos participantes que chegam mais cedo às reuniões, que evitem, nas conversações, temas contrários à dignidade do trabalho.
  4. Dar aspecto simples aos ambientes espíritas, evitando-se Centro Espírita, enfeites excessivos, jogos de luz e uso pelos colaboradores de paramentos e uniformes.
  5. “Desaprovar o emprego de rituais, imagens ou símbolos de qualquer natureza nas sessões, assegurando a pureza e a simplicidade da prática do Espiritismo”.
  6. “Desaprovar a conservação de retratos, quadros, legendas ou quaisquer objetos que possam ser tidos na conta de apetrechos para ritual tão usado em diversos meios religiosos. Os aparatos exteriores têm cristalizado a fé em todas as civilizações terrenas”.
  7. “Banir dos templos espíritas as cerimônias que, em nome da Doutrina, visem à consagração de esponsais ou nascimentos e outras práticas estranhas à Doutrina, tais como velórios e encomendações, colações de grau, etc”.
  8. Nas reuniões doutrinárias, jamais angariar donativos por meio de coletas, peditórios ou venda de tômbolas, à vista dos inconvenientes que apresentam, de vez que tais expedientes podem ser tomados à conta de pagamento por benefícios. A pureza da prática da Doutrina Espírita deve ser preservada a todo custo .
  9. A direção do Centro Espírita não deverá atender à solicitação de preces especiais para os Espíritos desencarnados, nem promover reuniões especiais para esse fim. O dirigente da reunião deverá esclarecer aos participantes, de um modo geral, para que orem em favor daqueles por quem intercedem, nos momentos em que são proferidas as preces.
  10. Nas reuniões públicas, recomenda-se a abstenção total de manifestação de Espíritos, para impedir a comunicação de enfermo espiritual, que só deverá ocorrer em reunião privativa e destinada a esse fim.
  11. O dirigente deverá “impedir, sem alarde, a presença de pessoas alcoolizadas ou excessivamente agitadas” nas assembléias doutrinárias, excetuando-se nas tarefas programadas para tais casos.
  12. Lembrar constantemente nas reuniões a necessidade de todos os participantes, antes do trabalho, prepararem a própria alma em prece e meditação, evitando, porém. Concentrarem-se mentalmente durante as explanações doutrinárias, salvo quando lhes caibam tarefas especiais concomitantes, a fim de que não se privem do ensinamento.
  13. “Estudar previamente e com bastante critério as apresentações de pregadores ou médiuns, bem como as homenagens a companheiros e parentes encarnados e desencarnados, para não incorrermos na exaltação da vaidade e do orgulho ou ferir a modéstia e a humildade daqueles a quem prezamos. A lisonja é o veneno em forma verbal”.
  14. “Oferecer a tribuna doutrinária apenas a pessoas conhecidas dos irmãos dirigentes da Casa, para não se acumpliciar, inadvertidamente, com pregações de princípios estranhos aos postulados espíritas”.
  15. É dever do dirigente das reuniões doutrinárias, caso o expositor faça afirmações contrárias ao Espiritismo, esclarecer devidamente o assunto, com fundamento na Doutrina Espírita.
  16. “Evitar aplausos e manifestações outras, as quais, apesar de interpretarem atitudes sinceras, por vezes geram desentendimentos e desequilíbrios vários”.
  17. Não permitir, nas reuniões do Centro, ataques ou censuras a outras religiões.
  18. “Usar com prudência ou substituir toda expressão verbal que indique costumes, práticas, idéias políticas, sociais ou religiosas, contrárias ao pensamento espírita, quais sejam sorte, acaso, sobrenatural, milagre e outras, preferindo-se, em qualquer circunstância, o uso da terminologia doutrinária pura”.
  19. “Impedir palestras e discussões de ordem política nas sedes das instituições doutrinárias, não olvidando que o serviço de evangelização é tarefa essencial”.
  20. “Em nenhuma oportunidade, transformar a tribuna espírita em palanque de propaganda política, nem mesmo com sutilezas comovedoras em nome da caridade”. O despistamento favorece a dominação do mal.
  21. Repelir acordos políticos que, com o empenho da consciência individual, pretextem defender os princípios doutrinários ou aliciar prestígio social para a Doutrina, em troca de votos ou solidariedade e partidos e candidatos. O Espiritismo não pactua com interesses puramente terrenos”
  22. Não comerciar com o voto dos companheiros do ideal, sobre quem a sua palavra ou cooperação possam exercer alguma influência. A fé nunca será produto para mercado humano”.
  23. O trabalho de materialização para assistência aos enfermos, de caráter privativo, só deve ser organizado com a  expressa autorização dos instrutores espirituais da Vida Maior, pois, no dizer do Espírito de Emmanuel, através da psicografia do médium Francisco Cândido Xavier, “o trabalho de materialização é, em sua essência, uma aventura nas regiões inferiores da nossa jornada evolutiva”. Esta afirmativa vale por uma séria advertência e equivale dizer que este trabalho se reveste de extrema delicadeza, no qual, inclusive, são colocadas em jogo à saúde e a vida do médium ou dos médiuns de efeitos físicos. Havendo autorização dos instrutores espirituais, os serviços de materialização deverão ser movimentados na direção da saúde humana, segundo a instrução de Emmanuel na comunicação anteriormente citada, onde ainda acrescenta: “por enquanto só o esforço assistencial aos doentes justifica o desdobramento intensivo das nossas atividades nesse setor, considerando que a sementeira das convenções sadias pode ter lugar, ao lado do pronto socorro e da enfermagem, sem campo aberto às indagações sem proveito, que quase sempre começam em votos brilhantes, acabando em fascinação enfermiça, suscetível de arrastar os instrumentos mediúnicos e cooperadores respeitáveis da fé a compromissos destrutivos com a sombra”.
  24. O Centro Espírita, mantenedor de serviço assistencial a necessitados e enfermos, inclusive com receituário e distribuição de medicamentos, deverá ter, como responsável por ele, médico habilitado, em pleno exercício da medicina.
  25. Afixar no quadro de avisos do Centro Espírita as informações de todas as atividades, para conhecimento geral.
  26. Qando as atividades do Centro Espírita estiverem organizadas sob a forma departamental, recomenda-se que haja perfeito entrosamento entre elas, principalmente entre as de Evangelização da Infância e da Mocidade ou Juventude, se distintos, e que seus dirigentes participem das reuniões da Diretoria.
  27. Não permitir o uso do fumo nas dependências do Centro Espírita.
  28. Planejar as atividades doutrinárias do Centro, elaborando programas, fixando datas ou épocas para sua realização e mobilizando os responsáveis pela sua execução.
  29. “Agir de tal modo a não permitir, mesmo indiretamente, atos que signifiquem profissionalismo religioso, quer no campo da mediunidade, quer na direção de instituições, na redação de livros e periódicos, em traduções e revisões, excursões e visitas, pregações e outras quaisquer tarefas"
  30. A direção dos trabalhos, quando possível, poderá ser feita na forma de rodízio ou revezamento, visando ao espírito de equipe, necessário ao progresso da instituição e à preparação de seus colaboradores para essa tarefa.
  31. -As atividades do Centro Espírita deverão ser organizadas e supervisionadas pela equipe do setor correspondente, ou pela diretoria, podendo um diretor acumular, quando necessário, a função de dirigente de um setor ou de uma tarefa qualquer.

Do livro “Orientação ao Centro Espírita” editado pela Federação Espírita Brasileira.

                Perguntas:
                Com base no texto anterior responda as seguintes questões para fixar melhor o fundamento de uma Casa Espírita, inclusive para facilitar é colocado o item que contém a resposta, que pode conter as duas assertivas.

  1. Seja o Centro Espírita de caráter educacional ou assistencial, o que não se pode perder de vista?...................................................................................................................................................
  2. Quais os dois itens que devem ser observados pelo freqüentador habitual da Casa Espírita?...............................................................................................................................................
  3. O que é solicitado aquele freqüentador que chega mais cedo para o trabalho?...................................

.....................................................................................................................................................................

  1. O que deve ser evitado na Casa Espírita? Cite os principais. Itens: (4,5,6,7,8,9,10,11, 12,16,17,18,19,20,21,22,23,27,29)

                a)...................................................................................................................................................................
                b)...................................................................................................................................................................
                c)...................................................................................................................................................................
                d)...................................................................................................................................................................
                e)...................................................................................................................................................................
                f)..................................................................................................................................................................
                g)..................................................................................................................................................................
                h)..................................................................................................................................................................
                i)...................................................................................................................................................................
                j)...................................................................................................................................................................
                m)..................................................................................................................................................................
                n)...................................................................................................................................................................
                o)...................................................................................................................................................................
                p)...................................................................................................................................................................
                q)...................................................................................................................................................................
                r)....................................................................................................................................................................
                s)....................................................................................................................................................................
                t)....................................................................................................................................................................

                2. O que deve ser estimulado ou observado na Casa Espírita? Cite as principais providências. (itens                                 3,4,5,8,9,12,13,14,15,19,24,25,26,28,30)

a)...................................................................................................................................................................
b)...................................................................................................................................................................
c)...................................................................................................................................................................
d)...................................................................................................................................................................
e)...................................................................................................................................................................
f)....................................................................................................................................................................
g)...................................................................................................................................................................
h)...................................................................................................................................................................
i)....................................................................................................................................................................
j)....................................................................................................................................................................
m)..................................................................................................................................................................
n)...................................................................................................................................................................
o)...................................................................................................................................................................
p)...................................................................................................................................................................

 

 

 

 

 

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ANO I - Nº 06– Campo Grande – MS – Julho de 2006
EDIÇÃO DO CENTRO ESPÍRITA “VALE DA ESPERANÇA”
Rua Colorado n o 488, Bairro Jardim Canadá, CEP 79112-480, Campo Grande-MS.