"Luzes do Amanhecer"

Fundado em 16/07/1996 publicado 02/02/2006
JORNAL DE DIVULGAÇÃO ESPÍRITA - ANO VI - N. 66 * Campo Grande/MS * Julho de 2011.
EDIÇÃO DO CENTRO ESPÍRITA “VALE DA ESPERANÇA”
Rua Colorado n o 488, Bairro Jardim Canadá, CEP 79112-480, Campo Grande-MS.


     Consciência do trabalho bem realizado é essencial em qualquer situação. Toda tarefa completa representa um passo adiante na senda da evolução. Conta-se a vida pelo que se realiza no bem. Áulus.


            

EM FAVOR DOS MAIS NECESSITADOS

     O próximo mais necessitado é aquele que bate a sua porta, mas também aquele que não ousa pedir porque nunca imaginou que pudesse chegar aonde chegou, nesse caso, com sua fina sensibilidade o descobrirá e apresentar-lhe-á o seu pequeno óbolo.
     O mais necessitado é aquele que perambula por ruas e estradas em busca de paz perdida por algum motivo, e se puder socorrê-lo, faça esse esforço com toda pressa, porque amanhã pode ser tarde demais.
      O mais necessitado é aquele anônimo que permanece por longo tempo preso ao leito de dor, onde nem sequer recebe uma visita para espantar a sua rotina, seja portador de novas esperanças a esse outro filho de Deus que sofre.
      O mais necessitado é aquele que se entregou ao vício e que quando alguém sugere que deve repensar como superar a dependência de substâncias nocivas a sua saúde física e mental, ele se revolta e apressa-se para sair de sua presença, nesse caso, ore por ele.
     O mais necessitado é aquela criança órfã, cujos pais regressaram à pátria Espiritual; outros, porque a abandonaram embora vivam no próprio lar, esqueceram de exercer a sua função com firmeza e responsabilidade, pois dos pais dependia para começar uma vida melhor. Diante desse quadro triste, se puder estender a sua mão carinhosa, faça com a máxima urgência.
     O mais necessitado é aquele que se locupleta com os valores do erário público, pelos quais tinha a obrigação moral de preservar, esquecido que também desses recursos terá que prestar contas e ainda não atinou que serão dias de grandes amarguras.
     O mais necessitado e aquele homem rico que julga que se basta a si mesmo; não sabe que a roda da fortuna, em breve, interditará todos os recursos, e de que servirá essa suposta grandeza?
     O mais necessitado será aquele que tendo recursos amoedados não sabe o que fazer com eles, porém não deseja agir no bem, por avareza. Pobre homem, não sabe a responsabilidade que cairá sobre seus ombros
      O mais necessitado é aquele homem rico que tendo imensa fortuna não se conforma ainda com o que tem, e com isso se assoberba de compromissos e depois tenta fugir da responsabilidade.
     O mais necessitado é aquele que não pratica o bem, porque não sabe o que perde. Poderá fazer-lhe uma enorme falta de respaldo moral na hora decisiva de sua caminhada, por isso ore por ele também porque poderá ser aquela criatura que deseja um espaço no seu coração.
      O mais necessitado é aquele que não se conforma com o que tem, e vive inventando necessidade para sofrer, sem um motivo justo.
     O mais necessitado é aquele que nem de longe deseja ajudar o próximo, não sabe que ele cairá prisioneiro de sua própria falta de caridade.
      O mais necessitado é aquele que grita na sua maior aflição que não encontra ninguém em lugar nenhum, porque nunca fez por merecer.
      O mais necessitado é aquele que despreza o próximo, não sabe que com isso reduz as suas possibilidades de ser socorrido naquele dia de maior aflição,.
      Finalmente, o mais necessitado pode ser você que já conhece a Doutrina Espírita e ainda cruza os braços, imaginando que a caridade é para os outros e tendo tanto, não sabe valorizar o que tem, podendo construir uma escada luminosa para o mais além, fica inativo, embora conhecendo a revelação mais grandiosa que a Humanidade já conheceu, ainda fica pensando o que será do seu futuro; respondendo a questão, direi simplesmente: “que terá todo bem que tiver a felicidade de estender aos outros mais necessitados.”

Áulus
Otacir Amaral Nunes
Campo Grande/MS.

 

LITERATURA INFANTIL

     O FANTASMA DA ESTRADA

      O sapo mais famoso da Lagoa Florida, o grande tenor Garganta de Prata, além de cantar de maneira magnífica ele tinha um grande sonho, que seria voar, aliás, já fizera algumas tentativas, mas sem êxito. Muito embora o vôo inaugural não houvesse dado certo, mas colheu elementos de pesquisa valiosos. Já trabalhava em outro projeto mais aperfeiçoado e arrojado para vencer o espaço. Um dia fazendo uma pesquisa de campo demorou mais do que o previsto, anoitecera a meio caminho de sua casa, quando se deu conta estava justamente num lugar em que de geração em geração, apareciam fantasmas, cenas horripilantes, gemidos que pareciam sair do chão, vultos vaporosos, alguns habitantes daquela região já haviam passado por fatos constrangedores, outros enlouqueceram. O lugar mal assombrado era justamente onde ele estava, mas somente se deu conta quando a coruja piou perto de seu ouvido. Seu sangue gelou nas veias.
      Desde criança era orientado para evitar aquele lugar.
Viu um vulto ao seu lado que não soube definir, nem quis certificar-se de que era, mas ouviu uma coisa terrível, que viera levá-lo, enfim, tal experiência ninguém quer passar. Quando percebeu o sangue gelou novamente nas veias, tivesse cabelo ficariam arrepiados, mas no caso dele simplesmente a testa quase alcançou a pata traseira. Num segundo pio da coruja não teve dúvida, correu desesperadamente naquela escuridão e caiu num buraco, já imaginando que teria sido pego pelo fantasma. Algumas vezes pensara na morte, mas seria daquela maneira tão rápida e brutal, caíra de cabeça para baixo se tivesse pescoço é certo que teria quebrado, mas não, a verdade que depois da queda ainda caiu terra por cima dele, ficando, semi-coberto de terra, aliás, por momento imaginou que Deus estaria ajudando, pois que seria até uma camuflagem, ficou quieto, muito embora o seu desejo fosse gritar desesperadamente para alguém socorrê-lo, porém, pensou se gritasse... O fantasma o localizaria com mais facilidade.
      A coruja estava extremamente irritada e ele logo imaginou que a coruja estivesse vendo o fantasma e ficou mais quieto ainda, dizem que certos bichos vêem os fantasmas.Sequer respirava. Mas começou a surgir sua mente muitas histórias que ouvira quando criança: uma vez um sapo tentando se esconder num buraco lá estava uma cobra e o engoliu com a maior facilidade. Como também havia lhe contado que existia naquele lugar um coruja bem grande, que parece que tem orelha, muito feia, horrorosa, que também adorava comer sapo, se saísse dali tinha o fantasma, e a cobra aquela come sapo a coruja de orelha. O pavor dele só aumentava. Começou a pensar em tudo que fizera errado, desde quando era criança, quantas vezes deixara de ir à escola, não estudara a lição, fora mal educado com a mãezinha, brigara com os seus amigos do colégio, na adolescência, namorou a Sapamia, a primeira e mais querida namorada, que dissera amar muito, mas depois namorou outra e ela descobriu: - Foi um bafafá sem tamanho! O romance acabou de maneira melancólica. Ficará adulto, tornara-se cantor, sempre se julgava o maior e melhor. Quanto orgulho! Não dava importância aos outros cantores, muitos com real talento. A verdade que ele despreza a todos porque só ele queria aparecer. As tentativas frustradas de voar era fruto do seu orgulho, em que quase perdera a vida, agora, sendo famoso, morrer daquele jeito, num buraco sem testemunha a não ser o tal de fantasma, não era justo, já não rezava em voz baixa, começou a gritar a sua oração, quando ouviu alguém falar ao longe:
      - Aquele não tem mais salvação, o fantasma já o devorou. Agora estava ali tão perto da morte o que faria. Quando ouviu que parece um tropel, logo imaginou que os fantasmas se reuniram para pegá-lo, recomeçou a rezar a oração do Pai Nosso, mas, agora, estava apavorado. Num primeiro momento em voz baixa, muito concentrado, depois mais alto, depois gritado. Era cômica a situação. Quando ouviu um daqueles que corria: o fantasma mata e come. Depois de muitas horas de tensão onde medo tinha um papel fundamental. Começou a fazer uma mea culpa, afinal, fora sempre orgulhoso, egoísta, maldoso, mentira muitas vezes, não fora um bom filho, um namorado péssimo, será que ele iria para aquele lugar em que mandam os culpados depois da morte, recomeçou a fazer outra vez o Pai Nosso gritado, deplora a sua decisão de voar, agora se culpava por tudo: Sapo voar? É uma piada? E gargalhava fora de si, sinistramente, como se houvesse pedido o juízo. Continuava... A verdade que sapo não tem nem cacoete para voar, a forma quadrática de sua estrutura física demonstra isso, aerodinâmica: zero, nula, impossível; sem sentido, tudo conspira contra ele, é demais, disso estou arrependido. Por isso não me fale mais nisso. Chegara ao auge da exaltação. Gargalhava como estivesse louco. Exausto, desmaiou, E depois o silêncio dominou o ambiente, ele certamente imaginou que era a morte, o fim.
      . Quando acordou do seu delírio, o Sol já estava muito quente, logo imaginou que já estivesse no inferno, ainda disse, morrer é assim, mas não é tão ruim. Ainda reclamava, mas esse inferno é mais quente do que eu imaginava, não pode ser, questionava, sem resposta. Lamentava tanto que eu queria voltar a viver para pedir perdão para todos aqueles a quem prejudicara, mas agora é tarde demais...     
      Este calor só está aumentando e decerto que ficarei torrado em breve. Estava preso à lama que formara ao seu redor, tentou movimentar uma a mão não conseguiu, tentou mexer a perna, nada, mas um dedo de sua mão pode movimentar, pensou, mas sapo morto não se mexe, não pode ser, deve ser só sonho. Surgiu uma idéia na sua cabeça, mas pode ser eu que não esteja morto, talvez o fantasma de mim se compadeceu, tentou mexer com a outra mão também não deu certo; mas com as tentativas de se movimentar, desvencilhou-se de um pouco de terra e tirou um pedaço de raiz que estava sobre seu pescoço e sentiu que podia levantar a cabeça, aos poucos percebeu que estava vivo, não podia ser verdade, deve ser um milagre, o que aconteceu? Com muita dificuldade conseguiu sair daquele lugar, levantou e viu ao seu derredor tudo igual, estava vivo, o lago à beira da estrada, Verdade estava vivo, finalmente reconheceu o caminho que o levaria de volta a sua casa.
      Muito cansado e com muita fome dirigiu-se a sua casa, a impressão que se tinha que havia participado de uma guerra tal o seu estado físico, todo mundo perguntava o que aconteceu? Seu estado físico era lamentável. Explicava que fizera uma pesquisa muito difícil com vista ao seu projeto de voar, estava muito cansado e precisava descansar. A viagem fora muito longa, muito trabalho, enfim merecia descansar um pouco. As jovens casadouras imaginavam que havia um romance com uma “dama misteriosa', os mais velhos silenciaram esperavam por mais informações sobre o sumiço temporário do herói do lugar.
      Quando foram visitar os amigos mais chegados, contaram que há dois dias aconteceram coisas estranhas na estrada mal assombrada outra vez, a alguém rezava gritando, o pai nosso que de longe se ouvia, depois deplorou que um dia houvesse pensado em voar, pediu perdão pelo mal que fizera aos outros, como iria imaginar que sapo pudesse voar e muito mais coisas. Por isso a comunidade estava pensando fazer uma comissão para investigar o assunto, e naturalmente como ele era um grande líder vieram pedir a opinião.
Ele de opôs terminantemente a tal comissão. Estavam pensando que investigar coisa sobrenatural? É muito perigoso, se ninguém desapareceu da comunidade, não devem de maneira nenhuma pensar nessas coisas. Pode recair sobre Lagoa Florida uma grande maldição. O mais velho membro da comissão concordou. É verdade pode cair uma grande maldição. O que não queria que descobrisse era o seu papel ridículo eu fizera aquela noite. Era melhor esquecer essa parte da sua biografia.

Horácio
Otacir Amaral Nunes
Campo Grande/MS

 

A CARIDADE DESCONHECIDA

     A conversação em casa de Pedro versava, nessa noite, sobre a prática do bem, com a viva colaboração verbal de todos.Como expressar a compaixão, sem dinheiro? Por que meios incentivar a beneficência, sem recursos monetários?
      Com essas interrogativas, grandes nomes da fortuna material eram invocados e a maioria inclinava-se a admitir que somente os poderosos da Terra encontravam-se à altura de estimular a piedade ativa, quando o Mestre interferiu, opinando bondoso:
      - Um sincero devoto da Lei foi exortado por determinações do Céu ao exercício da beneficência; entretanto, vivia em pobreza extrema e não podia, de modo algum, retirar a mínima parcela de seu salário para o socorro aos semelhantes. Em verdade, dava de si mesmo, quando possível, em boas palavras e gestos pessoais de conforto e estímulo a quanto se achavam em sofrimento e dificuldade; porém, magoava-lhe o coração a impossibilidade de distribuir agasalho e pão com os andrajosos e famintos à margem de sua estrada.
      Rodeado de filhinhos pequeninos, era escravo do lar que lhe absorvia o suor.Reconheceu, todavia, que, se lhe era vedado o esforço da caridade pública, podia perfeitamente guerrear o mal, em todas as circunstâncias de sua marcha pela Terra.
      Assim é que passou a extinguir, com incessante atenção, todos os pensamentos inferiores que lhe eram sugeridos; quando em contato com pessoas interessadas na maledicência, retraiam-se, cortes, e, em respondendo a alguma interpelação direta, recordava essa ou aquela pequena virtude da vítima com enfermidade digna de tratamento e recolhia-se à quietude; insultos alheios batiam-lhe no espírito à maneira de calhaus em barril de mel, porquanto, além de não reagir, prosseguia tratando o ofensor com a fraternidade habitual; a calúnia não encontrava acesso em sua alma, de vez que toda denuncia torpe se perdia, inútil, em seu grande silencio; anotando ameaças sobre a tranqüilidade de alguém, tentava desfazer as nuvens de incompreensão, sem alarde, antes que assumissem feição tempestuosa; se alguma sentença condenatória bailava em torno do próximo, mobilizava espontâneo, todas as possibilidades ao seu alcance na defesa delicada e imperceptível; seu zelo contra a incursão e a extensão do mal era tão fortemente minucioso que chegava a retira detritos e pedras da via pública, para que não oferecessem perigo aos transeuntes.
      ‘Adotando essas diretrizes, chegou ao termo da jornada humana, incapaz de atender às sugestões de beneficência que o mundo conhece. Jamais pudera estender uma tigela de sopa ou ofertar uma pele de carneiro aos irmãos necessitados.
      Nessa posição, a morte buscou-o no tribunal divino, onde o servidor humilde compareceu receoso e desalentado. Temia o julgamento das autoridades celestes, quando, de improviso, foi aureolado por brilhante diadema, e, porque indagasse em lagrimas, a razão do inesperado prêmio, foi informado de que a sublime recompensa se referia à sua triunfante disposição na guerra contra o mal, em que se fizera valoroso empreiteiro.
      Fixou o Mestre nos aprendizes o olhar percuciente e calmo e concluía, em tom amigo:
      - Distribuamos o pão e a cobertura, acendamos luz para a ignorância e intensifiquemos a fraternidade, aniquilando a discórdia, mas não nos esqueçamos do combate metódico e sereno contra o mal, em esforço diário, convictos de que nessa batalha santificante, conquistaremos a divina coroa da caridade desconhecida.

Néio Lúcio
Do livro “Idéias Ilustradas” de Francisco Cândido Xavier.

 

NOSSO LAR

André Luiz
(10 a. Parte)

    Continuamos a seqüência resumida da obra “Nosso Lar”, de André Luiz, psicografada pelo médium Francisco C. Xavier e publicada pela editora da Federação Espírita Brasileira.
      66. A profissional do infanticídio – Uma mulher pedia insistentemente socorro, no grande portão que dá acesso aos campos de cultura. Coberta de andrajos, rosto horrendo, pernas em chaga viva, a infeliz denotava necessidades extremas de ser amparada. Narcisa rogou o auxílio de Irmão Paulo, orientador dos vigilantes, que informou que a mulher não poderia, por enquanto, receber socorro. “Trata-se de um dos mais fortes vampiros que tenho visto até hoje. É preciso entregá-la à própria sorte”, acrescentou o orientador, esclarecendo que estavam “numa casa de trabalho, onde os doentes reconhecem o seu mal e tentam curar se”. Explicou-se então o significado das 58 manchas escuras no corpo da infeliz. Os pontos escuros representavam crianças assassinadas ao nascerem, umas por golpes esmagadores, outras por asfixia. A mulher fora uma profissional de ginecologia, a serviço do infanticídio. A situação dela é pior que a dos suicidas e homicidas. Nem mesmo remorso ela apresentava e, ao ver que não seria admitida em “Nosso Lar”, começo a imprecar, a blasfemar e a ofender os atendentes. Quando seu olhar passou a destilar ódio e cólera, perdeu o aspecto de enferma ambulante, retirando-se a passo firme como quem permanece absolutamente senhor de si. (Cap. 31, pp. 170 a 173)
      67. Os salões verdes – Por iniciativa de Veneranda, foram criados em “Nosso Lar" os salões verdes, a serviço da educação. Entre fileiras de árvores, bancos naturais cobertos de relva formavam salas de aula ao ar livre. Havia 40 anos que o projeto fora iniciado e surgiram recintos de igual natureza em todos os Ministérios, inclusive no da União Divina. No Esclarecimento, Veneranda instalou um verdadeiro castelo de vegetação em forma de estrela, dentro do qual se abrigavam cinco numerosas classes de aula e cinco instrutores diferentes. No centro, um enorme aparelho, que lembra o cinema da Terra, permitia fazer cinco projeções variadas, simultaneamente. O maior e o mais belo recinto do Ministério da Regeneração é o destinado às palestras do Governador, construído à maneira do gosto helênico e coberto de flores que se revezam de trinta em trinta dias. Nele cabem confortavelmente mais de trinta mil pessoas. (Cap. 32, pp. 175 a 178)
      68. Veneranda – Veneranda é a entidade com maior número de horas de serviço em “Nosso Lar”, onde se encontra em tarefa ativa há mais de duzentos anos. É também a figura mais antiga do Governo e do Ministério em geral. Os Ministros da Regeneração sempre a ouvem antes de tomar qualquer providência de vulto. Em numerosos processos, a Governadoria também se socorre de seus pareceres. Veneranda e o Governador são as duas únicas entidades, em “Nosso Lar”, que já viram Jesus nas Esferas Superiores. Há quatro anos, a colônia amanheceu em festa, porque as Fraternidades da Luz, que regem os destinos cristãos da América, a homenagearam conferindo-lhe a medalha do Mérito de Serviço, por haver completado um milhão de horas de trabalho útil, sem interromper, sem reclamar e sem esmorecer. Sua permanência em “Nosso Lar” se dá por espírito de amor e sacrifício. Veneranda vinha trabalhando, havia mais de mil anos, pelo grupo de corações bem amados que ainda demoravam na Terra, e os esperava com paciência. (Cap. 32, pp. 178 e 179)
      69. Fantasma sem “Nosso Lar” – André observava com surpresa as árvores frondosas e acolhedoras que cercavam o caminho que leva ao grande portão das Câmaras de Retificação. De repente, viu dois vultos estranhos que pareciam autênticos fantasmas. Cabelos eriçados, ele voltou correndo ao recinto e expôs a ocorrência a Narcisa, que mal conteve o riso. André tinha visto dois companheiros encarnados. O longo fio que se escapava da cabeça, nos dois vultos, era o que os diferencia dos desencarnados. Narcisa aproveitou para dizer que os encarnados que conseguem atingir aquelas paragens são criaturas extraordinariamente espiritualizadas, apesar de, às vezes, obscuras ou humildes na Terra. Os companheiros estavam envolvidos em claridade azul e isso, para Narcisa, significava sinal de elevação. (Cap. 33, pp. 180a 183)
      XC. É preciso recordar, sempre, que a Natureza não dá saltos e que, na Terra, ou nos círculos do Umbral, estamos revestidos de fluidos pesadíssimos. (Tobias, cap. 28, pág. 153)
      XCI. Na oficina onde a maioria procura o trabalho entendendo-lhe o sublime valor, servir constitui alegria suprema. (André Luiz, cap. 28, pág. 155)
      XCII. Laura, ao ser avisada sobre as ocorrências do dia, disse-me com bondade: “Muito bem, meu filho! Apaixone-se pelo seu trabalho, embriague-se de serviço útil. Somente assim, atenderemos à nossa edificação eterna”. (André Luiz, cap. 29, pág. 157)
      XCIII. Narcisa aplicou em Francisco um passe e mandou que uma serva lhe trouxesse água magnetizada. Aquele exemplo da enfermeira edificava-me. O bem, como o mal, em toda parte estabelece misterioso contágio. (André Luiz, cap. 29, pág. 159)
      XC. É preciso recordar, sempre, que a Natureza não dá saltos e que, na Terra, ou nos círculos do Umbral, estamos revestidos de fluidos pesadíssimos. (Tobias, cap. 28, pág. 153)
      XCI. Na oficina onde a maioria procura o trabalho entendendo-lhe o sublime valor, servir constitui alegria suprema. (André Luiz, cap. 28, pág. 155)
      XCII. Laura, ao ser avisada sobre as ocorrências do dia, disse-me com bondade: “Muito bem, meu filho! Apaixone-se pelo seu trabalho, embriague-se de serviço útil. Somente assim, atenderemos à nossa edificação eterna”. (André Luiz, cap. 29, pág. 157)
      XCIII. Narcisa aplicou em Francisco um passe e mandou que uma serva lhe trouxesse água magnetizada. Aquele exemplo da enfermeira edificava-me. O bem, como o mal, em toda parte estabelece misterioso contágio. (André Luiz, cap. 29, pág. 159)
      XCIV. Ah! Como é profundo o sono espiritual da maioria de nossos irmãos na carne! Isto, porém, deve preocupar-nos, mas não deve ferir-nos. (Narcisa, cap. 29, pág. 161)
      XCV. Quando imaginamos a desventura de alguém, lembrando as próprias deficiências, há sempre asilo para o amor fraterno no coração. (André Luiz, cap. 30, pág. 163)
      XCVI. Ouçamos a lição de Jesus que recomenda nos amemos uns aos outros. Atravessamos experiências consanguíneas na Terra para adquirir o verdadeiro amor espiritual. O Senhor da Vida nos permite a paternidade ou a maternidade no mundo, a fim de aprendermos a fraternidade sem mácula. Nossos lares terrestres são cadinhos de purificação dos sentimentos ou templos de união sublime, a caminho da solidariedade universal. (Paulina, cap. 30, pág. 164)
      XCVII. O pensamento, em vibrações sutis, alcança o alvo, por mais distante que esteja. A permuta de ódio e desentendimento causa ruína e sofrimento nas almas. (Paulina, cap. 30, pág. 164)
      XCVIII. São raros os que se preocupam em ajuntar conhecimentos nobres, qualidades de tolerância, luzes de humildade, bênçãos de compreensão. Impomos a outrem os nossos caprichos, afastamo-nos dos serviços do Pai, esquecemos a lapidação do nosso espírito. Ninguém nasce no planeta simplesmente para acumular moedas nos cofres ou valores nos bancos. (Paulina, cap. 30, pág. 165)
      XCIX. É natural que a vida humana peça o concurso da previdência, e é justo que não prescinda da contribuição de mordomos fiéis, que saibam administrar com sabedoria; mas ninguém será mordomo do Pai com avareza e propósitos de dominação. (Paulina, cap. 30, pág. 165)
      C. Os casos de herança, em regra, são extremamente complicados. Com raras exceções, acarretam enorme peso a legadores e legatários. (Narcisa, cap. 30, pág. 166)
      CI. A situação da pessoa que faz da prática do infanticídio uma profissão é pior que a dos suicidas e homicidas, que, por vezes, apresentam atenuantes de vulto. (Paulo, cap. 31, pág. 171)
      CII. Os que trazem os sentimentos calejados na hipocrisia emitem forças destrutivas. (Paulo, cap. 31, pág. 172)
      CIII. Observaram o vampiro? Exibe a condição de criminosa e declara- se inocente; é profundamente má e afirma-se boa e pura; sofre desesperadamente e alega tranquilidade; criou um inferno para si própria e assevera que está procurando o céu. (...) Assim, por princípio de caridade legítima, na posição em que me encontro não lhe poderia abrir nossas portas. (Paulo, cap. 31, pág. 174)
     CIV. Agora que observava em “Nosso Lar” vibrações novas de trabalho intenso e construtivo, admirava-me de haver perdido tanto tempo no mundo em frioleiras de toda sorte. (...) Reconhecia que nada criara de sólido e útil no espírito dos meus familiares. Tarde verificava esse descuido. (André Luiz, cap. 33, pág. 181)
      CV. Quem atravessa um campo sem organizar sementeira necessária ao pão e sem proteger a fonte que sacia a sede, não pode voltar com a intenção de abastecer-se. (André Luiz, cap. 33, pág. 181)
      CVI. Os cães são auxiliares preciosos nas regiões obscuras do Umbral, onde não estacionam somente os homens desencarnados, mas também verdadeiros monstros, que não cabe agora descrever. (Narcisa, cap. 33, pág. 183)
      CVII. Os cães facilitam o trabalho, os muares suportam cargas pacientemente e fornecem calor nas zonas onde se faça necessário; e aquelas aves, que denominamos íbis viajores, são excelentes auxiliares dos Samaritanos, por devorarem as formas mentais odiosas e perversas, entrando em luta franca com as trevas umbralinas. (Narcisa,cap. 33, pág. 184)

 

O QUE É TER FÉ?

     Jerônimo Mendonça – Fé, segundo o Espírito Emmanuel, é visão da vida, a lógica da vida em si. O lavrador sabe que na semente está embrionariamente a árvore do amanhã, mas se ele não tiver fé na sua própria certeza de que plantando dá, aquela semente vai permanecer apenas como embrião. Então fé não nos vem por osmose, é uma conquista de cada um no tempo e no espaço, e dentro da Doutrina Espírita essa fé perde aquele caráter apenas místico para ser uma fé eminentemente racional. É conhecer, é saber de onde viemos, o que estamos fazendo, o que é a vida e para onde vamos. É ter noção de rumo e de caminho: esta é a fé.

 

OBSESSÃO E TRATAMENTO

     Qual a Melhor Profilaxia Contra as Obsessões?

     - Nossos Benfeitores Espirituais são unânimes em declarar que o estudo das obras de Allan Kardec, para que venhamos a adquirir o conhecimento e a educação de nós mesmos, é o passo inicial indispensável, porque precisamos sanar as obsessões que nos flagelam sem herdar qualquer cativeiro à superstição e ao medo negativo, de que vemos muitos irmãos prejudicados, quando conseguem a suspirada melhoria psíquica em outros setores religiosos. Explicada a necessidade de Allan Kardec para o afastamento do processo obsessivo, temos na profilaxia respectiva, a oração e o serviço ao próximo na base de toda ação restaurativa. Quem quiser estudar, orar, cumprir com os próprios deveres e trabalhar em auxilio aos outros, principalmente daqueles que atravessam dificuldades e provações maiores que as nossas, alcança libertação e tranqüilidade, com toda certeza, porque os nossos adversários desencarnados são sensíveis às nossas palavras, mas só se transformam par ao bem com apoio em nossas próprias ações.

Adelino da Silveira
Do livro “Allan Kardec Prossegue”.

 

VITÓRIA CERTA

     Em qualquer situação sê o exemplo da caridade, amparando a criatura que está em necessidades.
      Mesmo que não disponhas de recursos financeiros, lembra-te de que Deus te confiou o coração para que pudesses avaliar o quanto é importante carregar nas mãos o poder de semear o bem, por onde passes, lembrando que a terra necessita de trabalhadores para obra que possa produzir o alimento que alivia a fome e garante a força ao corpo que sofre a privação imposta pela insuficiência do organismo.
      Ainda que não tenhas percebido o quanto é importante na lida doméstica em que companheiros padecessem no sofrimento da amargura, lembra-te de que Deus te deu a oportunidade de constituir uma família, para dessa forma, pudesse crescer e evoluir...
      Em qualquer situação, lembra-te de que dispões da força e da coragem que Deus te reservou, para que pudesses lutar e vencer, conquistando outros valores no caminho!
      Toda manhã renasce depois de uma noite, onde as estrelas testemunham que o trabalho existe, suficientemente, para que todas as criaturas possam participar dessa aventura, construindo a cada tempo, a sua determinada bênção na organização familiar, que se sustenta pelas oportunidades que surgem para melhorar a nossa luta, enquanto prosseguimos.
      Em qualquer situação o melhor que podes fazer é seguir em frente, mesmo quando o vento é forte e que as nuvens carregadas, na sua alma, indiquem tempestade sem fim, é hora de crer na possibilidade de que em Deus todas as forças negativas desaparecem e que sendo afortunadas pelo seu amor, redescobrimos que é preciso lutar, apesar de tudo, acreditando que a vitória é certa e que em Deus a nossa dificuldade desaparece, criando outras frentes de trabalho, na organização de nossas metas, a serviço desse trabalho que se estabelece na caridade e no amor.

Ezequiel
Mensagem recebida pelo médium João de Deus, em reunião pública no Grupo Espírita da Prece, na noite de 20/10/2005, na cidade de Campo Grande/MS.

 

SORRIR É TAMBÉM UM ATO DE AMOR

     Outro dia um amigo me confidenciou que estava muito preocupado com a ausência de sorrisos e calor humano no interior das instituições espíritas. E que se nossa Doutrina é otimista trazendo nova luz para a vida por que é que há tanta gente carrancuda dentro das instituições?     
      Não pude deixar de concordar com ele.
      De fato, tenho percebido que muitas instituições, através de seus dirigentes e trabalhadores à guisa de manter a seriedade doutrinária comprometem o seu bom humor, a simpatia, o calor humano, como se o mundo se resumisse às suas carrancas, ao sofrimento e ao pessimismo.
      Não podemos esquecer que normalmente quem procura o centro espírita está com dificuldades, está desanimado, está sofrendo. Se mantivermos uma postura sisuda, com humor fechado, e sem a luz de um sorriso, devemos saber que temos a chance de estarmos contribuindo para influenciar negativamente aqueles que nos procuram, piorando a sua situação.
      Talvez por um atavismo judaico-cristão associado com a idéia equivocada de que o sofrimento é enobrecedor e é sinal de evolução (o que está errado, evidentemente) é que esses irmãos e irmãs que preferem a carranca ao sorriso estejam agindo assim.
      Que jamais faltem sorrisos nos centros espíritas, pois nada mais animador do que ser recebido com um sorriso e com calor humano. Pois nós não somos máquinas. Somos seres humanos, seres espirituais, tendo o compromisso de transformar o mundo para melhor. Para que sombras em nosso rosto?
      Não podemos esquecer o abismo atrai abismo e que sorrir sempre é a garantia de espalhar a paz e a alegria a contagiar aqueles que estão ao nosso redor, onde quer que seja.
      E a casa espírita detém o papel de fundamental importância como irradiadora da luz, sendo nossa postura a lâmpada a propagar essa boa energia. Se fecharmos o nosso rosto, estaremos impedindo o fluxo dessa luz. Pois “cara” fechada não é sinal de evolução.

Joaquim Ladislau Pires Junior
Extraído do Informativo Elo Fraterno Expresso-50

 

 

SUPÉRFLUO E NECESSÁRIO


      Infelizmente não deu para anotar tudo, mas o que segue é material para longas reflexões.
      Uns queriam um emprego melhor; outros, só o emprego.
      Uns queriam uma refeição mais farta; outros só uma refeição.
      Uns queriam uma vida mais amena; outros apenas viver.
      Uns queriam pais mais esclarecidos; outros, ter pais.
      Uns queriam ter olhos claros; outros, enxergar.
      Uns queriam ter voz mais bonita; outros, falar.
      Uns queriam silêncio; outros, ouvir.
      Uns queriam uma sapato novo; outros, ter pés.
      Uns queriam um carro; outros, andar.
      Uns queriam o supérfluo; outros, apenas o necessário.
      O apostolo Paulo diz em sua epistola aos Filipenses: “Aprendi a contentar-me com o que tenho”.
      Agora, o que surpreende é que quando Paulo escreveu aos Filipenses, estava preso em Roma.

Adelino da Silveira
Do livro “Momentos com Chico Xavier”, edição Milagraf.

 

SUAVE MILAGRE

     Entre Enganin e Cesária, num casebre desgarrado, sumida na prega de um cerro, vivia a esse tempo uma viúva, mais desgraçada que todas as mulheres de Israel. O seu filho único, todo aleijado, passara de magro peito a que ela o criara, para os farrapos da enxerga apodrecida, onde jazera, sete anos passados, mirrado e gemendo. Também a ela a doença engelhara, dentro dos trapos nunca mudados, mais escura e torcida que uma cepa arrancada.
      E sobre ambos, espessamente a miséria cresceu, como o bolor sobre sacos perdidos num ermo. Até na lâmpada de barro vermelho, secara, havia muito, o azeite. Dentro da arca pintada, não restava grão de côdea. No estio, sem pasto, a cabra morrera. Depois, no quinteiro secara a figueira. Tão longe do povoado, nunca esmola de pão ou mel entrava o portal.      E só ervas apanhadas nas fendas das rochas, cozidas sem sal, nutriam aquelas criaturas de Deus na Terra Escolhida, onde até às aves maléficas sobrava o sustento.
      Um dia, um mendigo entrou no casebre, repartiu do seu farnel com a mãe amargurada, e um momento sentado na pedra da lareira, coçando as feridas das pernas, contou dessa grande esperança dos tristes, esse Rabi que aparecera na Galiléia, e de um pão no mesmo cesto fazia sete, e amava todas as criancinhas, e enxugava todos os prantos, e prometia aos pobres um grande e luminoso reino, de abundância maior que a Corte de Salomão. A mulher escutava com olhos famintos. E esse doce Rabi, a esperanças dos tristes, onde se encontrava?
      O mendigo suspirou. Ah! Esse doce Rabi! Quantos o desejavam, que se desesperançavam! A sua fama andava por sobre toda a Judéia, como o sol, que até por velho muro se estende e goza,mas para enxergar a claridade do seu rosto, só aqueles ditosos que o seu desejo escondia. Obede, o rico, mandara os seu servos por toda a Galiléia, para que procurassem Jesus, o chamassem com promessas a Enganin; Sétimo, tão soberano, destacara os seus soldados até à costa do mar, para que buscasse Jesus e O conduzissem por seu mando à Cesária. Errando, esmolando por tantas estradas, ele topara os servos de Obede, depois os legionários de Sétimo. E todos voltavam, como derrotados e com as sandálias rotas, sem ter descoberto em que mata ou cidade, em que local ou palácio, se escondia Jesus.
      A tarde caíra. O mendigo apanhou o seu bordão, desceu pelo duro trilho, entre a urze da rocha. A mãe retomou o seu canto, mais vergada, mais abandonada. E então, o filhinho, num murmúrio mais débil que o roçar duma asa, pediu a mãe que lhe trouxesse esse Rabi, que amava as criancinhas ainda as mais pobres saravam os males mais ainda os mais antigos. A mãe apertou a cabeça esguedelhada.
      - Oh! Filho! E como queres que te deixe, e me meta nos caminhos, à procura do Rabi da Galiléia? Obede é rico e têm servos, e debalde buscaram Jesus, por areias e colinas, desde Corazin até o pais de Moabe. Sétimo é forte e tem soldados e debalde correram por Jesus, desde o Hebron até o mar! Como queres que te deixe? Jesus anda por muito longe, e a nossa dor mora conosco dentro destas paredes, e dentro delas nos prende. E mesmo que O encontrasse, como convenceria eu o Rabi tão desejado, por quem ricos e fortes suspiram, a que descesse através da cidade até este ermo, para sarar um entrevadinho, tão pobre, sobre enxerga rota.
      A criança, com duas longas lágrimas na face magrinha, murmurou:
      Oh! Mãe! Jesus ama todos os pequeninos. E eu ainda tão pequeno, e com um mal tão pesado, e que tanto queria sarar!
      - Oh! Meu filho, como te posso deixar? Longas são as estradas da Galiléia, e curta a piedade dos homens. Tão rota, tão trôpega, tão triste, até os cães ladrariam entre a porta dos casais. Ninguém entenderia o seu recado, e me apontaria a morada do doce Rabi. Oh, filho! Talvez Jesus morresse. Nem mesmo os ricos e os fortes O encontram. O céu O trouxe, o céu O levou. E com Ele para sempre morreu a esperança dos tristes.
      Dentre os negros trapos, erguendo as suas pobres mãozinhas que tremiam, a criança murmurou:
      - Mãe, eu queria ver Jesus...
      E logo, abrindo devagar a porta sorrindo, Jesus disse a criança:
      - Aqui estou...

Eça de Queiroz

     Não olhe o mundo com pessimismo, porque assim irá imprimindo no coração as suas marcas e chegará o dia que o Sol da Esperança não terá mais acesso para visitá-lo, transformando, assim, sua vida numa noite escura que nem sequer os mais potentes holofotes conseguirão lançar uma réstia de luz. Áulus.

ORAÇÃO DA MIGALHA

     Senhor!

     Quando alguém estiver em oração, referindo-se à caridade, faze que este alguém me recorde, para que eu consiga igualmente ajudar em teu nome.
      Quantas criaturas me fitam, indiferentes, e quantas me abandoam por lixo imprestável!...
      Dizem que sou moeda insignificante, sem utilidade para ninguém; contudo, desejo transformar-me na gota de remédio para a criança doente.
      Atiram-me a distância, quando surjo na forma de pedaço de pão que sobra à mesa; no entanto, aspiro a fazer, ainda, a alegria dos que choram de fome. Muita gente considera que sou trapo velho par ao esfregão, mas anseio agasalhar os que atravessam a noite, de pelo ao vento...Outros alegam que sou resto de prato par a calha do esgoto, posso converte-me na sopa generosa, para alimento e consolo dos que jazem sozinhos, no catre do infortúnio, refletindo na morte.
      Afirmam que sou apenas migalha e, por isso me desprezam... Talvez não saibam que, certa vez, quando quiseste falar em amor, narraste a história de uma dracma perdida e, reportando-te ao reino de Deus, tomaste uma semente de mostarda por base de teus ensinos.
      Faze, Senhor, que os homens me aproveitem nas obras do bem eterno!... E, para que me compreendam a capacidade de trabalhar. Dize-lhes que, um dia, estivemos juntos, em Jerusalém, no templo de Salomão, entre a riqueza dos poderosos e as jóias faiscantes do santuário, e conta-lhes que me viste e me abençoaste, nos dedos mirrados de pobre viúva, na feição de um vintém.

Meimei
Do Livro “Espírito de Verdade”, edição FEB.

 

 

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ANO VI - Nº 66– Campo Grande/MS – Julho de 2011.
EDIÇÃO DO CENTRO ESPÍRITA “VALE DA ESPERANÇA”
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