DEPRESSÃO: A DOENÇA DA ALMA
O que realmente aconteceu. Nada parece ser como antes. A alma está doente. O corpo sente esse desânimo diante da vida.
Mas por que a alma adoeceu?
Talvez por falta de cuidado com o estímulo que lhe dá força – Uma enorme falta de amor? Como não ama primeiro, com isso interdita a via por onde pode ser amado. Daí sentir essa falta de perspectiva, ou parece mesmo perdeu a capacidade sequer de sonhar em ser feliz? O espírito sente quando a vida está se esgotando, sem objetivo. Ou porque não quer enfrentar a própria realidade, porém que é bem menos dura que supõe. Se soubesse quanto força tem dentro de si, enfrentá-la-ia.
Quantas pessoas, de repente, deixaram-se levar por esse desencanto pela vida, que prostra a criatura e a deixa sem vontade de viver?
Quais as causas?
São muitas. É difícil avaliar as sutilezas da alma. Desde pequeno desentendimento familiar, até os mais graves casos de consciência. Ou porque se sentiram rejeitados pela pessoa amada, ou porque querem chamar a atenção de determinada pessoa, que é mais complicado, porque cria algo que não consegue trabalhar dentro de si, muitos também por falta de um objetivo claro para sua vida. Outros porque atingiram um objetivo e sentem que não tem mais porque lutar.
Mas o que fazer para sair desse estado depressivo?
Qual a causa determinante? É verdade que em muitos casos tem até origem lá no passado, além das fronteiras físicas? Que surgindo à ocasião própria para eclodir, explode com toda a sua força, ou serão conseqüências daqueles problemas mal resolvidos de ontem mesmo?
Porém seja como for, nesse caso precisa de ajuda, aliás, importante que algo faça para debelar o mal pela raiz, porque nesses momentos pode praticar muito mal contra si próprio, inclusive permitir que se transforme em obsessão, se não der força ao seu psiquismo, que antes devido a sua vitalidade, estava longe, mas nesses momentos de fraquezas, até orgânica também, aproxima-se e a põe fora de combate, e a cada dia mais se enfraquece tanto física como psiquicamente, permitindo muitas vezes que outras inteligências dominem a sua vontade, sofrendo o assédio de entidades que ali estão por qualquer motivo, mas nunca sem motivo, visto que é mais freqüente acontecer, mas o importante é que tudo tem remédio.
Basta que se busque no lugar certo e o interessado receba o tratamento adequado, porque por si só ficará muito difícil sair desse estado depressivo profundo, cuja vítima não tem mais força para reagir e ser ajudada, nesse ponto que uma terceira pessoa é que fará esse trabalho de base. Na atualidade é um dos flagelos da sociedade. Muitas vezes pessoas bem situadas, de repente perde o sentido de viver.
Se a causa é física é aconselhável consultar um profissional da área; se de natureza espiritual, busque a terapia espírita, porque ela é capaz de dar-lhe todo o apoio que precisa.
Nesses casos mais graves a pessoa não ajuda, aliás, muitas vezes ela não quer sair daquele quadro, porque sente que está sendo digna de atenção, mas se de repente “sarar” as pessoas se distanciariam. Assim quer manter pessoas por perto, certamente em parte por carência afetiva, mas como for a causa, necessita de tratamento urgente de maneira que não se aprofunde o quadro depressivo e torne-se um quadro de difícil reversão, ou um impedimento que dificulte retornar a vida de normalidade de antes.
Por isso o caminho é penoso, quando estiver ainda só na superfície pode ser facilmente revertido esse quadro de incerteza, no exato momento que decidir mudar as diretrizes de sua vida.
Agora o tratamento preventivo contra a depressão é ter um objetivo de longo prazo no campo do voluntariado do bem, em qualquer área que possa se adaptar, porque poucas pessoas, infelizmente compreendem de pronto o alcance da força na prática do bem, consubstanciando no amor e na caridade. Esse nobre exercício da alma, sem contradita presta enorme beneficio a quem o pratica, como se diz na linguagem popular, “quem faz o bem não tem tempo para ser infeliz”, por conseguinte, é um poderoso antídoto contra a depressão, isto está provado através de estatística, que aqueles que se dedica a amparar os outros são os menos sujeitos ao estado de prostração, porque compreende que a dor é repartida de conformidade com a capacidade de cada um, não havendo nenhum desfavor das leis divinas, mas o meio para que todos possam educar os seus sentimentos, pois a pessoa recebe daquele bem que proporciona aos outros.
Você também é candidato a esse exercício da alma que lhe trará enorme beneficio.
Mas não perca tempo, seja um voluntário ainda hoje na escola do amor ao próximo.
Não se atrase porque muitas pessoas podem estar a sua espera, e você pode fazer essa diferença, com certeza, além de receber o amparo daqueles que tenta auxiliar, pois que as leis da vida são solidárias, receberá daquilo que doa. Colherá da semente que plantou. Por isso cultive o bem sempre.
Assim aproveite esse momento para tomar uma decisão, seja um voluntário no bem, porque dessa atividade dependerá o seu equilíbrio emotivo, e conserve sempre firme o propósito de servir, além de que compreenderá que a dor bate a porta de todos, independentemente de qualquer condição social, e amando os outros que sofrem mais, pode, nesse caso, estar resguardando a sua integridade moral para alcançar os altos objetivos da vida que sempre sonhou, ainda que pareça um momento de derrota íntima, pode ser o prelúdio de um recomeço onde realizará aquele sonho mais belo, longamente acalentado em seu coração. Não se deixe abater porque àquele que ama em toda a parte há vida em abundância. E por derradeiro apelo, Deus não abandona os seus filhos. Tenha confiança e viva.
Áulus
Otacir Amaral Nunes
Campo Grande/MS
VIAGEM INTERIOR
Os primeiros clarões do Sol anunciam um novo dia. Os pássaros cantam nas árvores próximas. Desperto. Pensando naquela idéia de véspera. É preciso mudar a minha maneira de olhar o mundo. É urgente essa reforma íntima que tantas vezes tentei, mas sem resultado. Já cometi tantos equívocos, mas agora basta. Já sei que até para mudar preciso exercitar-me aos poucos, porque em verdade esses preconceitos que carregara por tantos anos pesam muito. Oprime-me ainda mais nesta manhã, gostaria mesmo, de dar o meu grito de liberdade. Mas também quanta dificuldade espera-me...Mas hoje darei a largada. Juro.
Mesmo porque ontem fique convencido que já não me suporto na configuração que estou vivendo. Continuo a ser aquela criatura que está sempre preocupada em observar os defeitos dos outros para proclamar em altas vozes, e naturalmente colocando-se em lado oposto, de alguém totalmente contrário ao mal que deplora. Não sei porque razão, finalmente, convencera-me que é necessário fugir desse lugar comum, pois que finalmente estou certo que não fiz absolutamente nada que pudesse ser um consolo para meus pobres dias.
Olhando para dentro de mim mesmo, percebi que era como aquele quarto abandonado, que oculta dentro de si uma série de móveis mal conservados, uma carga de preconceito em cada canto, que começara a aborrecer-me de maneira muito real, especialmente estar ali segregado naquele departamento íntimo de mim mesmo.
Meu coração que devia tocar uma divina sinfonia de amor, somente vibrava como um instrumento desafinado, que só emitia fracos sons fora de tom e de época, vi-me por inteiro nessa situação de quem de repente se descobre na maior miséria moral. Observei cada canto desse órgão, chamado coração e nele vi fogos fátuos de sentimentos nobres, aliás, para ser mais explicito, fantasmas de épocas ultrapassadas, que já não condizem mais com a realidade deste admirável mundo novo, mesmo porque vagam sem rumo dentro de mim.
Passei os olhos também por meus sonhos de juventude, ali estavam também num canto asfixiados, porque resolvi adotar o comodismo para não ter problemas com o que havia errado dentro de mim, recusei a fazer uma pesquisa fina do que queria da vida.
Passando os olhos por cada móvel do meu quarto interior, sentia ainda muito ressentimento contra o mundo por ele ser tão mau, depois de muito pensar, chegara a conclusão, com grande esforço que o que estava errado não era o mundo, mas a visão distorcida que tinha da própria vida, que o mundo continuava tão belo, ou mais belo do que quando saíra das mãos do Criador.
Ainda assim pensava comigo mesmo, mas porque tantas reflexões agora, se sempre me mantinha em poderosa redoma de aço para não extravasar nada do meu reduto íntimo, não sei por que, talvez temesse algum olhar perscrutador e pudesse descobrir o que eu era realmente, e também não sei por que tivera finalmente a coragem de adentrar dentro de mim mesmo, e avaliar certos pormenores, que em outras épocas seria impensável, mas agora podia ver com mais nitidez, aliás, uma espécie de clarividência, até me surpreendia com tal clareza de raciocínio e desenvoltura.
Afinal adentrar num território até então indevassável a olhares profanos, a verdade que por momento ficará perplexo, mas como por uma força poderosa, como por uma inspiração superior, depois de uma análise completo, consegui chegar a uma conclusão. Será que aconteceu com alguém no passado, deve ter acontecido, pensei, afinal nada há de novo debaixo dos céus...Continuei...
Quando volto o olhar e vejo tantas máscaras que usara em momentos especiais, querendo demonstrar um personagem diferente de mim mesmo, com surpresa verifiquei que muitas dessas máscaras se adaptavam admiravelmente ao meu rosto, aliás, que se tinha absoluta certeza que fora feita sob medida, mas naquele dia estava inspirado e estava disposto mesmo a esgotar todos os detalhes de minha caminhada até à saciedade.
Não queria levar nenhuma ilusão sobre aquele reduto íntimo que mantinha fechado a sete chaves, também observei tantos estigmas de pensamentos de outrora, o que era pior, quando no silêncio parecia me ouvir aqueles religiosos gritando a pleno pulmões: “Vocês vão todos para o inferno se não fizer o que eu digo”, “serão condenados pela eternidade”, “isso é coisa do demônio”, revi todos esses dogmas anticristão da Idade Média que não tinha nenhuma razão de ser diante da mensagem luminosa de Jesus, e conclui que já tomara a decisão tarde, mas antes tarde do nunca.
Considerei em seguida, como pode um Deus Bom haver criado o espírito imortal para depois mandá-lo para o inferno, ou condená-lo a penas eternas, por pequenas faltas nesse estágio transitório, aqui neste plano, seria esse o mesmo Deus, cuja mensagem bebera no Evangelho de João, o Apóstolo dileto do Mestre, já lecionava: “Deus é amor”; como acreditar ainda que somente essa figura simbólica chamada demônio, tem o direito de se manifestar aos homens em detrimento dos tutelados de nosso Pai, realmente conclui que devia fechar para sempre essa dependência dentro de mim mesmo, e caminhar para o mundo livre, mas muito além de ultrapassados preconceitos, que foram criados por religiosos ciosos de poder e maldade para manter pelo temor as criaturas crédulas presas a suas Igrejas e templos, mantendo-lhes o luxo e a ociosidade que se devotavam, explorando a credulidade alheia em proveito próprio.
Já era a hora sim de caminhar pelas veredas da liberdade com Jesus, amando intensamente o próximo, tanto quanto a mim mesmo, e a Deus, pois que este Pai Bom e Justo que dá a cada um de acordo com suas obras, que deixou suas criaturas livres para amar, para construir o seu destino com o esforço próprio, para que assim possam ser o artífice de sua felicidade, senti dentro de mim o grito de liberdade, afinal sentia-me como criança outra vez, especialmente parecia–me ouvir o apelo de Jesus: “Deixai vir a mim as criancinhas, não as impeçais”, queria mesmo é ser criança, livrar-me desses pesadelos que tanto já me fizera sofrer, recomeçar uma nova vida, seria livre a partir desta manhã, pois que respiro como alguém que fora prisioneiro por longo tempo e pode sentir dentro de si a liberdade de um sol iluminando o coração, como também aos outros o direito de viver como julgarem melhor. Estava, finalmente, livre.
Áulus
Otacir Amaral Nunes
Campo Grande/MS
DEUS, NA REFLEXAO DE EURIPEDES BARSANULFO.
O universo é obra inteligentíssima, obra que transcende a mais genial inteligência humana. E, como todo efeito inteligente tem uma causa inteligente, é forçoso inferir que a do Universo é superior a toda inteligência. É a inteligência das inteligências, a causa das causas, a lei das leis, o princípios dos princípios, a razão das razões, a consciências das consciências. É Deus”.
Deus!... Nome mil vezes santo que Issac Newton jamais pronunciava sem descobrir-se!...
É Deus!... Deus que vos revelais pela natureza, vossa filha e nossa mãe. Reconheço-vos eu, Senhor, na poesia da criação, na criança que sorri, no ancião que tropeça, no mendigo que implora, na mão que assiste, na mãe que vela, no pai que instrui, no apóstolo que evangeliza!...
Deus!... Reconheço-vos eu, Senhor, no amor da esposa, no afeto do filho, na estima da irmã, na justiça do justo, na misericórdia do indulgente, na fé do pio, na esperança dos povos, na caridade dos bons, na inteireza dos íntegros!...
Deus!... Reconheço-vos eu, Senhor, na flor dos vergéis, na relva dos vales, no matiz dos campos, na brisa dos prados, no perfume das campinas, no murmúrio das fontes, no rumorejo das franças, na música dos bosques, na placidez dos lagos, na altivez dos montes, na amplidão dos oceanos, na majestade do firmamento!...
Deus!... Reconheço-vos eu, Senhor nos lindos antélios, no íris multicor, nas auroras polares, no argênteo da lua, no brilho do sol, na fulgência das estrelas, no fulgor das constelações!...
Deus!...Reconheço-vos eu, Senhor, na formação das nebulosas, na origem dos mundos, na gênese dos sóis, no berço das Humanidades; na maravilha, no esplendor, no sublime infinito!...
Deus!... Reconheço-vos eu, Senhor, com Jesus quando ora: “Pai nosso que estais nos Céus...” ou com os anjos, quando cantam: “Glória a Deus nas alturas!...”.
Mensagem extraída do Informe Publicitário.
MÃOS ENFERRUJADAS
Quando Joaquim Sucupira abandonou o corpo, depois dos sessenta anos, deixou nos conhecidos a impressão de que subiria incontinente ao Céu. Vivera arredado do mundo, no conforto precioso que herdara dos pais. Falava pouco, andava menos, agia nunca.
Era visto invariavelmente em trajes impecáveis. A gravata ostentava sempre uma pérola de alto preço, pequena orquídea assinalava a lapela, e o lenço, admiravelmente dobrado, caia, irrepreensível, do bolso mirim. O rosto denunciava-lhe o apurado culto às maneiras distintas. Buscava, no barbeiro cuidadoso, cada manhã, renovada expressão juvenil. Os cabelos bem postos, embora escassos, cobriam-lhe o crânio com o esmero possível.
Dizia-se cristão e, realmente, se vivia isolado, não fazia mal sequer a uma formiga. Assegurava, porém, o pavor que possuía, ante os religiosos de todos os matizes. Detestava os padres católicos, criticava as organizações protestantes e categorizava os espiritistas no rol dos loucos. Aceitava Jesus a seu modo, não segundo o próprio Jesus.
As facilidades econômicas transitórias adiavam-lhe as lições benfeitoras do concurso fraterno, no campo da vida.
Estudava, estudava, estudava...
E cada vez mais se convencia de que as melhores diretrizes eram as dele mesmo. Afastamento individual para evitar complicações e desgostos. Admitia, sem rebuços, que assim efetuaria preparação adequada para a existência depois do sepulcro. Em vista disso, a desencarnação de homem cauteloso em preservar-se, passaria por viagem sem escalas com destino à Corte Celeste.
Dava aos familiares dinheiro suficiente para aventuras e fantasias, a fim de não ser incomodado por eles; distribuía esmolas vultosas, para que os problemas de caridade não lhe visitassem o lar; afastava-se do mundo para não pecar. Não seria Joaquim - perguntavam amigos íntimos - o tipo de religioso perfeito? Distante de todas as complicações da experiência humana, pela força da fortuna sólida que herdara dos parentes, seria impossível que não conquistasse o paraíso.
Contudo, a realidade que o defrontava agora não correspondia à expectativa geral.
Sucupira, desencarnado, ingressara numa esfera de ação, dentro da qual parecia não ser percebido pelos grandes servidores celestiais. Via-os em movimentação brilhante, nos campos e nas cidades. Segregavam ordens divinas aos ouvidos de todas as pessoas em serviço digno. Chegara a ver um anjo singularmente abraçado a velha cozinheira analfabeta.
Em se aproximando, todavia, os Mensageiros do Céu, não era por eles atendido.
Conseguia andar, ver, ouvir, pensar. No entanto - desventurado Joaquim! - as mãos e os braços mantinham-se inertes. Semelhavam-se a antenas de mármore, irremediavelmente ligadas ao corpo espiritual. Se intentava matar a sede ou a fome, obrigava-se a cair de bruços, porque não dispunha de mãos amigas que o ajudassem.
Muito tempo suportara semelhante infortúnio, multiplicando apelos e lágrimas, quando foi conduzido por entidade caridosa a pequeno tribunal de socorro, que funcionava de tempos a tempos, nas regiões inferiores onde vivia compungido.
O benfeitor que desempenhava ali funções de juiz, reunida à assembléia de Espíritos penitentes, declarou não contar com muito tempo, em face das obrigações que o prendiam nos círculos mais altos e que viera até ali somente para liquidar os casos mais dolorosos e urgentes.
Devotados companheiros do bem selecionaram a meia dúzia de sofredores que poderiam ser ouvidos, dentre os quais, por último, figurou Sucupira, a exibir os braços petrificados.
Chorou, rogou, lamuriou-se. Quando pareceu disposto a fazer O relatório geral e circunstanciado da existência finda, o julgador obtemperou:
- Não, meu amigo, não trate de sua biografia. O tempo é curto. Vamos ao que interessa. Examinou-o detidamente e observou, passados alguns instantes.
- Sua maravilhosa acuidade mental demonstra que estudou muitíssimo. Fez pequeno intervalo e entrou a argüir:
- Joaquim, você era casado?
- Sim.
- Zelava a residência?
- Minha mulher cuidava de tudo.
- Foi pai?
-Sim.
-Cuidava dos filhos em pequeninos?
-Tínhamos suficiente número de criados e amas.
- E quando jovens?
- Eram naturalmente entregues aos professores.
- Exerceu alguma profissão útil?
- Não tinha necessidade de trabalhar para ganhar o pão.
- Nunca sofreu dor de cabeça pelos amigos?
- Sempre fugi, receoso, das amizades. Não queria prejudicar, nem ser prejudicado.
O julgador interrompeu-se, refletiu longamente e prosseguiu:
- Você adotou alguma religião?
- Sim, eu era cristão – esclareceu Sucupira.
- Ajudava os católicos?
- Não. Detestava os sacerdotes.
- Cooperava com as Igrejas reformadas? –
De modo algum. São excessivamente intolerantes.
- Acompanhava os espiritistas?
- Não. Temia-lhe a presença.
- Amparou doentes, em nome do Cristo?
A Terra tem numerosos enfermeiros.
- Auxiliou criancinhas abandonadas?
- Há creches por toda parte.
- Escreveu alguma página consoladora?
-Para quê? O mundo está cheio de livros e escritores.
- Utilizava o martelo ou o pincel?
- Absolutamente.
- Socorreu animais desprotegidos?
-Não.
- Agradava-lhe cultivar a terra?
- Nunca.
- Plantou árvores benfeitoras?
- Também não.
- Dedicou-se ao serviço de condução das águas, protegendo paisagens empobrecidas?
Sucupira fez um gesto de desdém e informou:
- Jamais pensei nisto.
O instrutor indagou-lhe sobre todas as atividades dignas conhecidas no Planeta. Ao fim do interrogatório, opinou sem delongas.
- Seu caso explica-se: você tem as mãos enferrujadas.
Ante a careta do interlocutor amargurado, esclareceu:
- É o talento não usado, meu amigo. Seu remédio é. regressar à lição. Repita o curso terrestre.
Joaquim, confundido, desejava mais amplas elucidações. .
O juiz, porém, sem tempo de ouvi-lo, entregou-o aos cuidados de outro companheiro.
Rogério, carioca desencarnado, tipo 1945, recebeu-o de semblante amável e feliz e, após escutar-lhe compridas lamentações, convidou, pacientemente:
- Vamos, Sucupira. Você entrará na fila em breves dias.
- Fila? – interrogou o infeliz, boquiaberto.
- Sim - acrescentou o alegre ajudante -, na fila da reencarnação.
E, puxando o paralítico pelos ombros, concluía, sorrindo
O que você precisa, Joaquim, é de movimento.
Irmão X
Mensagem extraída o livro "Luz Acima" de Francisco C. Xavier-
O GANSO BAILARINO
De certa feita, Chico disse a Emmanuel que o trabalho mediúnico que lhe era imposto estava muito pesado, e confessava não saber se daria conta do recado. Emmanuel contou-lhe então a curiosa história.
Havia um senhor muito correto, honesto e enérgico, dono de um destes circos que vão de cidade em cidade no interior anunciando o “espetáculo”. Seu circo era especializado em animais domesticados; estes eram a atração, o “espetáculo”.
Numa dessas andanças do circo, em uma pequena cidade, foi procurado por um caboclo que dizia Ter um animal domesticado, o qual poderia ser exibido em seu circo, pois era exímio bailarino. Convidado a fazer a demonstração-teste para ingressar no circo, o caboclo tomou de uma chapa de ferro, montou-a em cima de um pequeno estrado e aí colocou o ganso, que permaneceu imóvel e espantado olhando para todos os presentes. De repente o “milagre” aconteceu: o ganso começou a dar uns pulinhos, foi aumentando a cadência, dançando ora com uma ora com outra pata, até que em certo momento, como que estivesse pulando cordas ao som de um rock, pulava desesperadamente.
Surpreso pela demonstração o dono do circo, ao chegar perto do ganso, compreendeu o motivo da eufórica dança: o caboclo havia colocado lenha debaixo da chapa, atiçou fogo e à medida que a chapa ia esquentando o ganso “dançava” desesperadamente para não queimar os pés.
Chico deu gostosas gargalhadas ao terminar Emmanuel a história, quando este completou:
-Chico, você tem que fazer igual ao ganso..
Depois desta, nunca mais reclamou de cansaço. Os leitores podem perceber que, em suas entrevistas, ele declara sempre que “não sente algum...” Também pudera, com a chapa que Emmanuel colocou debaixo de seus pés, mais o fogo, ele vai ficar pulando o resto da vida, a cumprir a missão. Quando conta esta história, Chico imita o ganso dançando, rindo e provocando risos gerais.
Luciano Napoleão
Mensagem extraída do livro “Nosso Amigo Chico Xavier’”.
EVANGELIZAÇÃO – TAREFA SUBLIME
A Doutrina Espírita representa, hoje, elevada escola de educação do Espírito, a serviço de Jesus, com a grandiosa tarefa da edificação do Reino de Deus na Terra, reino esse que se inicia no interior de cada um. Nesse aspecto, a tarefa de evangelização da criança e do jovem assume um caráter da mais alta importância em todo o Movimento Espírita.
A Casa Espírita deve preparar-se para essa grandiosa tarefa, a serviço de Jesus. À guisa de colaboração a esse movimento que se amplia por toda parte, traçamos abaixo alguns itens que julgamos de grande importância nessa atividade educativa por excelência.
Precisamos olhar a criança em sua verdadeira pureza de Espírito imortal, filho de Deus, dotado do germe da perfeição, que renasce para evoluir, para desenvolver suas potencialidades.
Nas obras de André Luiz, especialmente em “Evolução em Dois Mundos” e “No Mundo Maior”, percebemos que evoluímos pelo esforço próprio, pela ação, pela atividade, interagindo com o meio físico e espiritual, através de múltiplas experiências.
A Evangelização, por isso, deve optar por uma metodologia ativa, dinâmica, onde a criança seja co-participante de seu próprio processo educativo, vivenciando as experiências, sentindo, compreendendo e vibrando em cada atividade, desenvolvendo, assim, gradualmente suas potencialidades, encaminhando-se para a sua autonomia moral e intelectual, como ser que pensa, sente e age no bem. Ajustamos, assim, o processo educativo à recomendação de Jesus: “A cada um segundo as suas obras” e também “aquele que ouve minhas palavras e as pratica (...)”.
Parece-nos de grande importância à criação de processos de cooperação entre as crianças e os jovens, incentivando a ajuda mútua, a colaboração e não a concorrência. Estaremos, assim, praticando a recomendação de Jesus: “Faça ao outro o que gostaria que fizesse a você”.
Precisamos também utilizar a energia criadora do Espírito em todo processo educativo, propiciando atividades que levem a criança e o jovem a utilizar e ampliar essa imensa energia propulsora da vida e do progresso, herança de Deus, Pai e Criador, dirigindo-a para os canais superiores da vida, de forma a oferecer-lhes atividades dinâmicas, ativas e criativas, em ambiente de cooperação e ajuda mútua.
Surge ainda, nesse processo educativo, a necessidade da vivência do amor, dos laços afetivos que devem existir entre as crianças, jovens, evangelizadores e coordenadores de estudo, como prática efetiva da recomendação maior do Mestre: “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei”, e a necessidade de o evangelizador exteriorizar esse amor em seus gestos, palavras, ações... Naturalmente que o amor no sentido das palavras de Jesus deve ser o amor que auxilia, que ampara, que ajuda o outro a crescer, a evoluir... Destaca-se também a importância do exemplo, da vivência, da vibração do próprio evangelizador, na maravilhosa exortação de Jesus: “Brilhe vossa luz”,
Percebemos, pois, a necessidade de atividades tanto na horizontalidade de nosso mundo, desenvolvendo a razão, quando na verticalidade, desenvolvendo o sentimento, a sensibilidade que nos propicia sintonia com as esferas superiores da vida, procurando ampliar a capacidade vibratória da criança e do jovem para uma sintonia mais elevada.
Evangelizar é também um processo natural de espiritualização do ser, de desenvolvimento das potências anímicas do ser espiritual que somos todos nós, Espíritos imortais, filhos de Deus, a caminha da perfeição. Em síntese: o desenvolvimento do Reino de Deus dentro de cada um, atendendo ao eloqüente apelo de Jesus: “Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus, e tudo o mais virá por acréscimo”.
Para isso, destaca-se também a importância da arte no processo de evangelização, tanto da literatura quanto das artes plásticas, do teatro, da dança e da música. Muitas vezes apenas o intelecto, a razão não consegue atingir certos estados vibratórios superiores. As artes, em especial a música, o teatro e a dança, permitem-nos oferecer à criança e ao jovem a oportunidade de ingresso em freqüência de nível elevado. A música, por exemplo, é vibração e pode nos auxiliar na sintonia com o Mais Alto.
Propôs-se, assim, o desenvolvimento das potências do Espírito, do intelecto, da razão, do sentimento do amor, como base fundamental da Doutrina Espírita, tal a proposta do Mestre Jesus, na ampliação da nossa faixa de freqüência vibratória. Ao mesmo tempo, o desenvolvimento do poder criador do Espírito conduzi-lo-á à reeducação, ao progresso e à evolução constante, com vistas a uma nova civilização para o Terceiro Milênio. Essas mudanças no modo de pensar, de sentir e de agir produzirão um homem mais espiritualizado, capaz de vibrar em sintonia com o Pai, construindo o Reino de Deus na Terra, a partir da construção do Reino interior de cada um.
A evangelização assume, pois, um caráter da mais alta importância no momento evolutivo que vive, como mola propulsora de todo o progresso para uma Nova Era, que necessita do trabalho, do esforço, dedicação e amor de todos nós e de todos os Espíritos que aqui renascerão e que precisam encontrar apoio e ambiente necessário ao Espírito: o Centro Espírita.
É imprescindível prestar toda a colaboração possível nas atividades da evangelização da criança e do jovem. Estaremos cooperando, não somente com a Campanha Permanente de Evangelização lançada pela Federação Espírita Brasileira, mas com o próprio Cristo na construção do Reino de Deus na Terra, que se inicia no coração de cada um.
Valter Oliveira Alves
Mensagem extraída da Revista “Reformador” de outubro/1998.
UM CASO DE REENCARNAÇÃO IDENTIFICADA
O estranho caso que vou contar aqui começou por volta de 1975, no Estado do Pará, com alguns de seus personagens consultando Chico Xavier, em Uberaba, Minas Gerais. No verão de 76, o médium Chico recebeu a visita de uma professora muito simpática, acompanhada de seu irmão, um rico fazendeiro com muitas terras, lavouras e gado naquele Estado. Contou a professora que seu irmão ali presente tinha uma filha única de 21 anos, que se apaixonara por um rapaz filho de outro fazendeiro, cujas terras eram limítrofes com os campos de seu irmão.
Precisamente por causa de divisas de terra, os dois homens tornaram-se inimigos mortais, com atentados de ambas as partes. De forma que seu irmão, ao saber da paixão da filho pelo moço, primeiramente advertiu-a com a máxima severidade, mais tarde ameaçou deserdá-la e mais adiante prendeu-a por dez dias a pão e água no porão da casa da fazenda. Como a jovem não aceitasse o término daquele amor, o pai enviou-a para São Luiz do Maranhão, como interna num colégio de freiras. Nesse ponto da narrativa o fazendeiro toma a palavra e diz a Chico Xavier: “Seu Chico, sou doutra religião, mas aceitei vir aqui com minha irmã para lhe dizer que mesmo essa mudança de cidade não adiantou, porque o cabra da peste descobriu o paradeiro de minha filha, indo morar em São Luiz. Trouxe-a de volta e agora estou diante do senhor para saber se o senhor tem alguma reza forte para que minha Aninha esqueça esse cafajeste. Se não tem, o único jeito de solucionar o caso é mandar esse cara pros sete-palmos. Não vou entregar minha fortuna para o filho de meu pior inimigo”.
Chico ponderou-lhe que um tal amor sugeria o encontro de almas gêmeas, que um tal amor não deveria ser proibido, que matar o rapaz também não extinguiria a ligação de compromisso entre os dois, e que a única prece a fazer era pedir muita inspiração a Deus, aos nossos espíritos superiores etc.
No dia seguinte, os dois irmãos regressaram a Belém do Pará e, um mês após essa visita, soube-se que o rapaz apaixonado fora morto numa emboscada por dois pistoleiros, caso esse que a polícia não haveria de deslindar.
Cinco anos após esse acontecimento, a professora paraense retorna a Uberaba para falar com o médium Chico, a que contou isto: “Após a morte do rapaz, sua sobrinha caiu em profunda depressão, quase a loucura. Ficou seis meses interna num hospital psiquiátrico, após o que ganhou alta médica, em observação. A seguir, o insistentes rogativas de seu pai, concordou finalmente em casar-se com o filho de um fazendeiro da região, este muito amigo da família. Feito o casamento, com grande pompa e circunstância, 11 meses após nascia um lindo e robusto menino, quando então passou a surgir um novo problema. Com apenas um mês de idade, a criança demonstrava estranha alergia pelo avô, felicíssimo com o neto varão. Ao longo de três anos, uma imensa equipe de médicos especializados, psicólogos e pediatras examinou o menino sem êxito, nem explicação plausível”. Agora, a tia vinha indagar de Chico Xavier se havia algum remédio para inverter ou melhorar essa situação, possibilitando que a criança gostasse um pouco mais do avô. Ao que Chico respondeu: Infelizmente, agora pouco há a fazer. Estão me dizendo aqui que o Espírito dessa criança é o do próprio rapaz que foi morto. A paixão de ambos não se findou com a morte dele. Não tendo podido entrar em sua família pela porta do matrimônio, voltou aos braços de sua amada por via da reencarnação. Não sei o que aconteceu depois. Perdi o contato com esse impressionante e raro caso de identificação reencarnatória, dentro das leis de causa e efeito. Meditem nele os que imaginam enganar ou iludir as leis de Deus com expedientes obsessivos e malvados.
Marlene R. S. Nobre.
Mensagem extraída do livro “Lições de Sabedoria”. Ideal
MENSAGEM PARTICULAR
Maurício Gontram
Era filho único e faleceu aos dezoito anos de idade, de uma congestão pulmonar. Inteligência rara, precoce, grande amor ao estudo, caráter doce, terno e simpático. Possuía todas as qualidades que fazia prever brilhante futuro. Com grande êxito terminara muito criança os primeiros estudos e se matriculara em seguida na Escola Politécnica. A sua morte acarretou aos parentes uma dessas dores que deixam traços profundos e tanto mais dolorosas, pois que, tendo sido sempre de natureza delicada, lhe atribuíam o fim prematuro ao trabalho de estudos a que levaram.
Exprobando-se então, diziam: “De que lhe serve agora todo o que aprendeu? Melhor fora ficasse ignorante, pois a ciência não lhe era necessária para viver, e assim estaria, sem dúvida, entre nós; seria o consolo de nossa velhice”. Se conhecessem o Espiritismo, raciocinariam de forma diferente. Nele encontrariam, contudo, a verdadeira consolação. O ditado seguinte foi dado pelo rapaz a um dos seus amigos, meses após o decesso.
P. Meu caro Maurício, a terna afeição que votava a seus pais me dá a convicção de que deseja reconfortar-lhes o ânimo, se estiver ao seu alcance fazê-lo. O pesar, direi mesmo desespero, que o seu passamento lhes trouxe, visivelmente a saúde e os leva a se desgostarem da vida. Algumas palavras de consolo poderão certamente fazer renascer-lhes a esperança...
R. Meu amigo, esperava com impaciência esta ocasião que ora me faculta, de comunicar-me. A dor de meus pais aflige-me, porém, ela se acalmará quando tiverem a certeza de que não estou perdido para eles; aproxima-se deles a fim de os convencer desta verdade, o que certamente você conseguirá. Era preciso este acontecimento para insinuar-lhes uma crença que lhes trará a felicidade, e os impedirá de murmurar contra os decretos da Providência...
Você sabe que o meu pai era muito cético a respeito da vida futura. Deus concedeu-lhe este desgosto para arrancá-lo do erro. Aqui nos reencontraremos, neste mundo, onde não se conhecem desgostos da vida e onde os precedi; afirme-lhes categoricamente que a ventura de tornarem a ver-me lhes será recusada como castigo por falta de confiança na bondade de Deus. Interdita me seja mesmo a comunicação com eles, durante o tempo de sua permanência na Terra. O desespero é uma rebeldia à vontade Onipotente, sempre punido com o prolongamento da causa que o produziu, até que haja completa submissão.
O desespero é verdadeiro suicídio, porque mina as forças corpóreas e aquele que abrevia os seus dias, no intuito de escapar mais dedo aos travos da dor, faz jus às mais cruéis decepções; deve-se, ao contrário, avigorar o corpo a fim de suportar mais facilmente o peso das provações.
Meus queridos e bondosos pais é a vós que neste momento me dirijo. Desde que deixei os despojos mortais nunca deixei de estar ao vosso lado. Aí estou muito mais vezes mesmo do que quando na Terra. Consolai-vos, pois porque eu não estou morto, ou antes, estou mais vivo do que vós. Apenas o corpo morreu, mas o Espírito, esse vive sempre. Ele é ao demais livre, feliz, isento de moléstias, de enfermidades e dores.
Em vez de vos afligirdes, regozijai-vos por saber que estou ao abrigo de cuidados e apreensões, em lugar onde o coração se satura de alegria puríssima, sem a sombra de um desgosto.
Meus bons amigos, não deplorem aqueles que morrem precocemente, porque isso e uma graça que Deus lhes concede, poupando-os às tribulações da vida terrena. A minha existência aí não devia prolongar-se por muito tempo desta vez, pois adquirira o necessário para me preparar no Espaço, para uma missão mais elevada. Se tivesse mais tempo, não imaginais a que perigos e seduções iria expor-me.
Podereis acaso julgar da minha fortaleza para não sucumbir nessa luta que importaria em atraso de alguns séculos? Por que, pois lastimar o que me é vantajoso.
Neste caso, uma dor inconsolável acusaria descrença só legitimável pela idéia do nada. Aqueles que assim descrêem, esses é que são dignos de lástima, pois para eles não pode haver consolação possível; os entes caros se lhes apresentam como irremediavelmente perdidos, porque a tumba lhes leva a última esperança!
P. A sua morte foi dolorosa?
R. Não, meu amigo, apenas sofri, antes da morte, os efeitos da moléstia, porém esse sofrimento diminuía à proporção que o último instante se aproximava: depois, um dia, adormeci sem pensar na morte. Tive então um sonho delicioso! Sonhei que estava curado, que não mais sofria, e respirava a longos haustos, prazerosamente, um ar embalsamado e puro; transportava-me através do Espaço uma força desconhecida. Brilhante luz resplandecia em torno, mas sem cansar-me a vista! Vi meu avô não mais esquálido, alquebrado, porém aspecto juvenil e loução.
Estendia –me os braços e me estreitava efusivamente ao coração.
Multidão de outras pessoas, de risonhos semblantes, o acompanhavam e me acolhiam todos com benevolência e doçura; parecia-me reconhecê-los e, venturoso por tornar a vê-los; trocávamos felicitações e testemunhos de amizade. Pois bem! O que eu supunha ser um sonho era a realidade, por que desse sonho não devia despertar na Terra; é que acordara no mundo espiritual.
P. A sua moléstia não se originou de grande assiduidade no estudo?
R. Oh! Não, desenganai-vos. Contado estava o tempo que eu deveria passar na Terra e coisa alguma poderia aí me reter. Sabia-o meu Espírito nos momentos de desprendimento e considerava-me feliz com a idéia da próxima libertação.
Contudo não deixou de aproveitar-me a mim o tempo em que aí estive e hoje me felicito por não haver perdido.
Os estudos sérios que realizei me fortificaram a alma e lhe aumentaram os conhecimentos e se, em virtude da minha curta existência não pude dar-lhes aplicação, nem por isso deixarei de fazer mais tarde e com maior utilidade.
Adeus, meu caro amigo; parto para junto de meus pais, a fim de predispô-los a receber esta comunicação.
Maurício.
Mensagem do livro “O Céu e o Inferno” de Allan Kardec – EDIGRAF.
NO DILÚVIO DE LIXO
Entre vasta comunidade de lixeiros discutidores, a pedra rolava entre nauseantes detritos.
Aqui, era metida no balde, envolta em lama.
Ali, era atirada à carroça que transbordava sujeira.
Além, era transladada a montão de imundície.
Acolá, era projetada ao mato agreste, onde se demorava largo tempo para, depois, vir à tona...
Por mais duros os golpes, não se quebrava...
Nem as pancadas do ancinho, nem as batidas da pá, nem a pressão das pedras em derredor, nem as unhas dos urubus à cata de alimentação, no monturo, conseguira desfigurá-la...
Um dia, porém, experimentando ourives fitou-a, de relance, e apanhou-a, encantado...
Era um diamante perfeito, de sublime expressão, logo recolhido, com reverência, ao lugar que lhe era próprio...
Não se aflija e nem se encolerize se lhe despejam na estrada o fel da calúnia ou os calhaus da maledicência. Ainda mesmo encoberta no lodo das incompreensões humanas, a virtude é a virtude, como o diamante, no dilúvio de lixo, é sempre diamante.
Consagre-se ao bem, onde você estiver, pois o Divino Ourives não tardará em vir ao seu encontro e fará que você brilhe, em lugar próprio, no momento oportuno.
Valérium
Mensagem do livro “Bem-Aventurados os Simples” de Waldo Vieira – IDEAL
CÓDIGO PENAL DA VIDA FUTURA – Continuação...
25o. – Espíritos há que estão mergulhados em densa treva: outros se encontram em absoluto insulamento no Espaço, atormentados pela ignorância da própria posição, como do destino que os aguarda. Os mais culpados padecem torturas tanto mais pungentes por não lhes entreverem um termo.
26o. – Para o orgulhoso relegado às classes inferiores é suplício ver acima dele colocados, cheios de glórias e bem-estar, os que na Terra desprezara. O hipócrita vê desvendados, penetrados e lidos por todo o mundo os seus mais secretos pensamentos, sem que os possa ocultar ou dissimular; o sensual na impotência de os saciar, tem desejos e tentações; vê o avaro o esbanjamento de todos, sofre as conseqüências da sua atitude terrena; outro terá fome e ninguém lha saciará; outro mais terá sede e ninguém o dessedentará; o Espírito não terá mão compassiva alguma que lhe aperte as mãos; nenhuma voz amiga que o console; na vida terrena só pensou em si e por isso ninguém pensará nele nem lhe lamentará a morte.
27o. – O único meio de evitar ou atenuar as conseqüências futuras de uma falta está no repará-la, desfazendo-a no presente. Quanto mais nos demoramos na reparação de uma falta, tanto mais penosas e rigorosas serão no futuro as suas conseqüências.
28o. – A situação do Espírito, no mundo espiritual, não é outra senão aquela por si mesmo preparada na vida corpórea.
Mais tarde outra encarnação lhe é facultada para novas provas de expiação e reparação, com maior ou menor proveito, dependentes do seu livre arbítrio; e se ele não se corrige, terá sempre uma missão a recomeçar, sempre e sempre mais acerba, de maneira que pode dizer-se que aquele que muito sofre na Terra, muito tinha a expiar; e os que gozam uma felicidade aparente, em que pesem aos seus vícios e inutilidade, pagá-la-ão muito caro em ulterior existência. Nesse sentido foi que Jesus disse: - bem-aventurados os aflitos, porque serão consolados.(“O Evangelho segundo o Espiritismo”, cap V).
29o. – A misericórdia de Deus é infinita, sem dúvida, mas não é cega. O culpado que ela atinge não fica exonerado e enquanto não houver satisfeito à justiça, sofre a conseqüência dos seus erros. Por ser de infinita misericórdia, não devemos pensar que Deus seja inexorável; deixa sempre abertas as portas da redenção.
30o.- Subordinadas ao arrependimento e à reparação dependentes da vontade humana, as penas por temporárias, constituem ao mesmo tempo castigos e remédios auxiliares à cura do mal. Os Espíritos em prova não são, pois, quais galés por algum tempo condenados, mas como doentes de hospital que sofrem de moléstias resultantes da própria incúria e ficam às voltas com meios curativos dolorosos de que precisam, esperando alta tanto mais pronta quanto mais estritamente observadas as prescrições do solícito médico assistente. Se os doentes pelo próprio descuidos de si mesmos, prolongam a enfermidade o médico nada tem que ver com isso.
31o. – às penas que o Espírito experimenta na vida espiritual se ajuntam as da vida corpórea, que são conseqüentes às imperfeições do homem, às suas paixões, ao mau uso das suas faculdades e à expiação de presentes e passadas faltas. É na vida corpórea que o Espírito repara o mal de anteriores existências, pondo em práticas resoluções tomadas na vida espiritual. Assim se explicam as misérias e vicissitudes mundanas que, à primeira vista, parecem não ter razão de ser. Justas são elas, portanto e servem para a nossa caminhada rumo a perfectibilidade.
32o. – Deus, dizem, não daria prova maior de amor às suas criaturas, criando-as infalíveis e, por conseguinte, isentas dos vícios inerentes à imperfeição? Para isso fora preciso que Ele criasse seres perfeitos, nada mais tendo a adquirir, quer em conhecimentos, quer em moralidade. Deus poderia certamente faze-lo e se não o fez é porque em sua sabedoria quis que o progresso constituísse lei geral. Os homens são imperfeitos, e sendo-o, estão sujeitos a vicissitudes mais ou menos penosas. Já, pois, que o fato existe, devemos aceita-lo.
Inferir dele que Deus não é bom e nem justo fora insensata revolta contra a lei.
Injustiça haveria, sim, na criação de seres privilegiados, mais ou menos favorecidos, fruindo gozos que outros porventura não atingem senão pelo trabalho, ou que jamais pudessem atingir. Ao contrário, a justiça divina patenteia-se na igualdade absoluta que preside à criação dos Espíritos: todos têm o mesmo ponto de partida e nenhum se distingue em sua formação por melhor aquinhoado; nenhum cuja marcha progressiva se facilita por exceção: os que chegam ao fim, têm passado, como quaisquer outros, pelas fases de inferioridade e respectivas provas.
Isto posto, nada mais justo que a liberdade de ação a cada um concedida. O caminho da felicidade a todos se abre, como a todos as mesmas condições para atingi-la. A lei gravada em todas as conseqüências, a todos é ensinada. Deus fez da felicidade o prêmio do trabalho e não do favoritismo para que cada um tivesse seu mérito.
Todos somos livres no trabalho do próprio progresso e aquele que muito e depressa trabalha, mais cedo recebe a recompensa. O romeiro que se desgarra, ou em caminho perde tempo, retarda a marcha e não pode queixar-se senão de si mesmo.
O bem como o mal são voluntários e facultativos? Livre, o homem não e fatalmente impelido para um nem para outro.
33o. – Não obstante a diversidade de gêneros e graus de sofrimentos dos Espíritos imperfeitos, o código penal da vida futura pode resumir-se nestes três princípios.
1o. – O sofrimento e inerente a imperfeição.
2o. – toda imperfeição, assim como toda falta dela decorrente, traz consigo o próprio castigo nas conseqüências naturais e inevitáveis; assim, a moléstia pune os excessos, e da ociosidade nasce o tédio, sem que haja necessidade de uma condenação especial para cada falta ou indivíduo.
3o. – podendo todo o homem libertar-se das imperfeições por efeito da vontade, pode igualmente anular os males consecutivos e assegurar a futura felicidade.
A cada um segundo as suas obras, no Céu como na Terra: Essa é a lei da Justiça Divina.
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COM BASE NO CÓDIGO PENAL DA VIDA FUTURA, RESPONDA AS QUESTÕES ABAIXO.
- Por que parece mais pungente a dor dos culpados?...............................................................................
- Até quando perdura essa situação de sofrimento? ................................................................................
- Qual é o maior suplicio ao orgulhoso?..................................................................................................
- O que acontecerá aquele que somente pensou em si? ...........................................................................
- Qual o único meio de evitar ou atenuar as conseqüências de um falta?................................................
- Na vida espiritual, qual é a situação do espírito?...................................................................................
- Qual a finalidade da encarnação daquele que fracassou?.......................................................................
- Mas se novamente o espírito vier a falir?...............................................................................................
- Será mais difícil essa nova experiência na carne? .................................................................................
- Por ser a misericórdia de Deus infinita pode o culpado ser exonerado da culpa?..................................
- Por quê? ..................................................................................................................................................
- Qual é judiciosamente o papel das penas? .............................................................................................
- Tem por finalidade ressarcir o mal ou curar o enfermo? .......................................................................
- Que pode fazer o médico se o paciente se obstina em não cumprir das determinações que poderiam ensejar a cura? .........................................................................................................................................
- Qual a origem dos sofrimentos do Espírito na vida espiritual e na corpórea? E onde repara o mal?..........................................................................................................................................................
- Argumentam alguns que Deus daria maior prova de amor criando as criaturas perfeitas, qual a sua opinião a esse respeito?............................................................................................................................
- Agora outro argumento: a criatura criada por Deus suscetível de se melhorar pelo esforço próprio, sendo assim o artífice de seu destino? Qual parece mais justa? Sem privilégio para ninguém?.................................................................................................................................................
- Porém todos tendo o mesmo ponto de partida. Será mais de conformidade com a bondade de um Pai Bondoso e Justo?. Qual a sua opinião? ..................................................................................................
- Assim se pode concluir. Complete. Nada mais justo que a liberdade de ação..................................... .
O caminho da felicidade .......................................................................................................................
Deus fez da felicidade o prêmio..............................................................................................................
- Assim o Código Penal da vida futura pode resumir-se nestes três princípios: Complete:
1o.- O sofrimento ...................................................................................................................................
2o. - Toda imperfeição.............................................................................................................................
3o. - Podendo o homem...........................................................................................................................
FINAL: A cada um segundo as suas obras, no Céu como na Terra: essa é a lei da Justiça Divina.
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