"Luzes do Amanhecer"

Fundado em 16/07/1996 publicado 02/02/2006
JORNAL DE DIVULGAÇÃO ESPÍRITA - ANO VIII - N. 96 * Campo Grande/MS * Janeiro de 2014.
EDIÇÃO DO CENTRO ESPÍRITA “VALE DA ESPERANÇA”
Rua Colorado n o 488, Bairro Jardim Canadá, CEP 79112-480, Campo Grande-MS.


       O amor é a taça de mel servida ao aflito para que lhe sirva de alimento e consolo. Este mel é elaborado por uma equipe disciplinada e que prefere manter-se no anonimato. Áulus/Otacir Amaral Nunes.



UM POUCO MAIS

       O aprendiz um dia, depois de muito tempo, resolveu visitar o mestre da sua juventude, que lhe ensinara coisas admiráveis, depois de um longo aprendizado junto aquele emérito professor, julgou que estava pronto para enfrentar a vida e saiu pelo mundo em busca do seu destino.

       Esforçara-se em todas as atividades com desenvoltura procurando conformar suas atitudes com o que aprendera, por conta, disso sofrera provações difíceis de suportar, no entanto, continuava naquela confiança redobrada de fazer o melhor, mas uma dúvida cruel sempre o torturava, será necessário fazer algo mais?

       Lembrou-se do antigo sábio, pensou: ele deve ter a resposta, foi ao seu encontro, depois de uma viagem muito longa, numa manhã muito clara chegou a casa simples desse venerável homem, pois que com tanta atenção o iniciara em busca do aperfeiçoamento moral, porém nesse momento, mestre já caminhava para o entardecer da existência.

       Seus cabelos ficaram totalmente grisalhos, sua fisionomia tornara mais afilada, porém mais serena e suave, por mais que sofresse muito na sua vida atribulada, talvez até por conta disso conseguiu acender uma luz no coração, parece que os ruídos do mundo não o perturbavam mais, pois que a vida toda se dedicará a educar os seus sentimentos.

       Depois dos cumprimentos respeitosos do discípulo que visita o mestre, entraram numa conversação longa e esclarecedora, que muito felicitava o coração do discípulo ansioso, até que a oportunidade chegou e ele perguntou:

       O que me falta ainda venerável mestre?

       Pensou bastante e como se conversasse com alguém invisível, depois como se tivesse convencido de algo disse o seguinte: Sabemos os seus esforços reiterados em educar os seus sentimentos nesses anos todos, talvez ainda falte!

       - Um pouco mais de humildade.

       - Um pouco mais de alegria no trabalho que realiza.

       - Um pouco mais de certeza no futuro.

       - Um pouco mais de esforço para se fazer melhor.

       - Um pouco mais de confiança em Deus.

       - Um pouco mais de carinho com os que vivem ao seu derredor.

       - Um pouco mais de atenção ao seu visual.

       - Um pouco mais de otimismo na sua condição de trabalhador.

       - Um pouco mais de atenção para educar os seus sentimentos.

       - Um pouco mais de amor aos familiares queridos.

       - Um pouco mais de mais de estudo.

       - Um pouco mais de gratidão a vida.

       - Um pouco mais de simplicidade.

       - Um pouco mais de caridade .

       - Um pouco mais de amor ao próximo.

       - Um pouco mais de trabalho no bem.

       Concluiu, afinal, aquele bom homem, enfim, com esses acréscimos certamente que aumentará muito o seu desempenho diante da vida e com certeza alcançará todas as metas que pretende e poderá se contar muito feliz, pois que já conseguiu dar mais força a si mesmo para se tornar melhor, porque sempre fazendo um pouco mais no trabalho do bem é certo que o mérito será bem maior, disto na resta a menor dúvida.

       Com um gesto amistoso e um sorriso parece que saído do fundo da alma, dera por encerrada a longa conversação...

       Dali a minutos o discípulo despediu-se do Mestre e começou a andar naquela rua movimentada, o Sol já despontava no horizonte longínquo lançando os seus últimos raios sobre aquele recanto florido, estava muito feliz naquele final de tarde, pois é certo que sempre andara pelos caminhos do bem, agora era só continuar com mais ardor a dura luta de cada dia, que com certeza se tornará mais fácil pelo grau de certeza que recolhera junto ao Venerável Mestre de sua alma.

Áulus
Otacir Amaral Nunes
Campo Grande/MS.

 

 

 

 

REFORMA INTIMA

 

       Estudo e trabalho são as duas alavancas da evolução.

       O estudo indica o caminho e o trabalho o concretiza. O estudo é convencer-se realmente de certas realidades objetivas e transcendentes e o trabalho é dar consequências reais a esses conhecimentos. Logo a teoria e a prática. A teoria estabelece a regra e a prática confirma a teoria.

       Aquele que compreendeu a Doutrina Espírita sempre se orienta pelos princípios que indicara o Espírito de Verdade: “Espíritas! Amai-vos. Espíritas! Instrui-vos”. Mostrando que o amor é representado pela caridade e nela tem sua aplicação imediata; e a instrução é esforço para obter a consistência ideal da realidade objetiva, buscando-se nesses dois fundamentos a norma de conduta.

       Muitos aprendizes ainda não entenderam que sem estudo e sem trabalho não se pode estabelecer uma base sólida à maneira de pensar e agir.

       Quem deseja compreender realmente a base da Terceira Revelação deve proceder uma profunda análise nas obras básicas, ou seja, o Pentateuco Kardequiano, constituído de: O Livro dos Espíritos, Evangelho segundo o Espiritismo, O Livro dos Médiuns, O Céu e o Inferno e A Gênese.

       E assim com base nos princípios estabelecidos pelo Espírito de Verdade, siga o caminho pavimentado pelo estudo consciente, pela fé esclarecida, pela caridade vivida e praticada, pois que essa base dar-lhe-á segurança em sua travessia.

       A base da Doutrina Espírita é a caridade - que é o amor em ação.

       Assim que a caridade assume um papel da mais alta importância, aliás, é a própria essência da Doutrina, pois que dela tudo deriva. Como amar o próximo, sem a caridade da compreensão, mas amar sem exigências, pela alegria de amar, aceitando as pessoas como são, pois que somente assim é que poderá chegar ao coração delas. Quem diz que ama sem o espírito de abnegação, não entendeu o sentido do amor ensinado por Jesus.

       Às vezes estabelecer regras de conduta para os outros é muito mais fácil, no entanto, quando se dispõe a praticá-las é que começa o aprendizado. O mundo está repleto de teorias. Há solução para todos os problemas, mas poucos realmente sentem a responsabilidade de chegar até a fonte do mal e dar sua quota de sacrifício para resolver a questão.

       Daí existir tantos problemas insolúveis em toda parte.

       O maior interessado, muitas vezes não quer resolver o seu problema, pois que terá que olhar para dentro de si mesmo, e pode descobrir muitas coisas que depõem contra a sua maneira de agir.

       É isso que mais impressiona, como o ser humano é tão clarividente para ver os defeitos alheios e tão cegos para detectar suas falhas.

       Esta é a razão porque a Doutrina estabelece uma regra básica para seus adeptos - que é a reforma íntima - , com base nos ensinos morais preconizados pelo Espírito de Verdade, é que fará emergir as mais belas energias.

       Sem essa providência adornar-se-á a criatura de qualidades que ainda não possui, reforma íntima, quer dizer, aferir os seus valores baseados na consciência reta, assim:

       Se não negligencia o tempo que está vivendo em coisas fúteis e sem proveito.

       Se já estabeleceu uma regra de conduta digna que em nenhum momento fira o próximo.

       Se acaso amou tanto quanto podia.

       Se não deu margem para que outras pessoas seguissem o mau exemplo, seja por negligência ou por omissão.

       Se já foi capaz de compreender o próximo, mesmo quando havia se exposto as maiores dificuldades para auxiliá-lo, recebendo em contrapartida somente ironia e ingratidão.

       Se podendo falar, calou-se para que o mal não prosperasse.

       Se a todo dia esteve disposto a se reciclar, para melhor servir.

       Se acaso busca sempre a caridade, mesmo que muitas vezes não atinja os seus objetivos, nem por isso desiste de auxiliar, porém começa no dia seguinte o labor interrompido na véspera, com a mesma disposição.

       Se nunca desistiu de praticar o bem, ainda que muitas vezes houvesse motivos para abandonar tudo.

       Se em qualquer situação calou-se, porque não podia falar construindo ou indicando caminhos.

       Se já conseguiu estender a mãos aqueles a quem encontrou ao longo do percurso, sem exigir atestado de bons antecedentes ou norma de conduta.

       Se mesmo sofrendo dificuldades e privações, nem por isso revoltou-se e descreu da bondade infinita de Deus.

       Se mesmo vendo os seus mais caros sonhos naufragar sem remédio, por fatos que não pode pronto compreender, nem por isso desistiu de sonhar, mas saindo deste episódio fortalecido, com a certeza que poderá um dia concretizá-los..

       Se resignado aceitou a experiência difícil de suportar a dor, porque sabe que a semeadura é livre, todavia a colheita obrigatória.

       Se em alguns momentos sentiu vontade de desistir, mas por amor a causa, continuou e continua até hoje a lutar por aquilo que mais acredita ser bom para todos.

       Se aonde esperava encontrar gestos amistosos e espalhara com tanto sacrifício o bem, recebendo em troca somente ingratidão e desprezo, nem por isso se revoltou e continuou impassível a espalhar o bem, sem se importar com as pedras que lhe eram arremessadas, porque já é capaz de compreender que o mal é consequência da ignorância.

       Se muitas vezes sentiu o cansaço e o desânimo, nem assim se permitiu arredar o pé da estrada.

       Se tantas vezes viu a vilania triunfar, ainda que passageiramente sobre o bem que pretendia implantar, confiou no tempo, que recoloca tudo nos trilhos, ainda que demore.

       Se não obstante a amargura guardou a certeza no coração diante de tantos que desistiram.

       Se mesmo doente pode ser fiel aos princípios que abraçara, mesmo sob o peso da dor física e moral mais acerbas, sem reclamar das asperezas do caminho e sem duvidar em seu coração de que Deus sempre esteve ao seu lado .

       Portanto, lute e ame ainda este planeta que necessita tanto de amor, se revista ainda de mais coragem e determinação e ame mais, por certo vencerá todos os obstáculos que por vezes querem interromper a sua caminhada.

       E que diante de tantas dificuldades se portou com dignidade e firmeza, certamente já processou a reforma íntima no coração, esta reforma tão falada, mas conseguida somente por um reduzido número de pessoas corajosas que decidiram a lutar apesar de todos os impedimentos.

       Está realmente de parabéns, porque venceu a parte mais difícil da jornada, - a magna batalha e mais difícil – que é continuar na luta contra os fatores adversos e ver somente a sua frente Jesus a lhe acenar - que era necessário caminhar.

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Áulus
Otacir Amaral Nunes
Campo Grande/MS.

 

A ROUPA DE VER DEUS

       Vão longe os tempos em que terno e gravata faziam parte do cotidiano masculino.

       No cinema, nos bancos, no comércio, em reuniões sociais, ninguém estaria “decente” sem a tira de pano ao redor do pescoço, camisa de colarinho duro, convenientemente coberta pelo indefectível paletó.

       O rigor era tanto que em alguns locais forneciam-se surradas gravatas, por empréstimo, para os desleixados.

       A moda feminina era mais flexível, mas sempre pautada por vestuário recatado.

       Impunham-se saias longas, vestidos sem decote, ombros cobertos...

*

       Hoje tais rigores estão superados.

       Vivendo num país tropical, de tórrido verão, é inconcebível usar tanto pano, com os inconvenientes que lhe são inerentes: suor excessivo, calor sufocante, mal-estar, em certo odor que nos fere as narinas...

       Não obstante, há limites a serem observados.

       É preciso algum cuidado, evitando converter o espaço urbano em extensão dos campos de nudismo, num impudente ao naturalismo inocente de Adão e Eva.

       Disciplinas devem ser observadas, particularmente nos templos religiosos.

       A atenção dos fiéis não pode ser desviada ou perturbada pela exposição dos delicados atributos femininos ou da desprazível pilosidade masculina.

       A participação em atividade religiosa é um momento solene.

       Direta ou indiretamente estamos buscando a comunhão com o Senhor Supremo, Nosso Pai.

       É de bom tom que estejamos convenientemente trajados.

       Algumas correntes religiosas até exigem de seus profitentes os mesmos rigores que havia no passado em relação ao cotidiano.

       Impõem a “roupa de ver Deus”.

       Há algum exagero.

       Forçoso reconhecer, entretanto, que algo é inadmissível: ostentar no recinto consagrado à atividade religiosa a mesma descontração com que comparecemos à praia ou ao balneário.

       Esse princípio vale para o Centro Espírita.

       Nele temos:

       A escola abençoada...

       O hospital das almas...

       A oficina de trabalho...

       É também o recinto sagrado onde buscamos a comunhão com a espiritualidade:

       O templo de nossa fé.

       Imperioso, portanto, que respeitemos o Centro Espírita e o que ele representa, guardando em suas dependências um cuidado fundamental:

       Sobriedade no vestir!

Richard Simonetti

 

 

 

 

PERDÃO

       Oh, vós que me fizestes sofrer na Terra, que fostes duros e maldosos para comigo, que me humilhastes e me cobristes de amargura, cuja mágoa frequentemente me levou às mais ásperas privações, eu não só vos perdoo, mas vos agradeço!        Querendo fazer-me o mal, não suspeitáveis que na verdade me fazíeis o bem. Dessa maneira, é a vós que devo em grande parte a felicidade que hoje desfruto, porque me proporcionastes a ocasião de perdoar, retribuindo o mal com o bem. Deus vos pôs no meu caminho para provar a minha paciência e me exercitar na prática da caridade mais difícil: a de amar aos nossos inimigos.

 

O Espírito de Samuel Philippe, do livro “O Céu e o Inferno,” capítulo II, segunda parte, Espíritos Felizes.

 

ARQUITETOS ESPIRITUAIS

       Examinando os variados setores de nossas atividades e encarecendo o valor da contribuição dos diversos amigos que colaboram conosco, é preciso salientar o esforço dos Espíritos Arquitetos em nossa equipe de trabalhos habituais.

       Em cada reunião espírita, orientada com segurança, temo-los prestativos e operantes, eficientes e unidos, manipulando a matéria mental necessária à formação de quadros educativos.

       Simplifiquemos o assunto, quanto seja possível, para compreendermos a necessidade de nosso auxílio a esses obreiros silenciosos.

       Aqui, como em toda parte onde tenhamos uma agremiação de pessoas com fins determinados, existe na atmosfera ambiente um centro mental definido, para o qual convergem todos os pensamentos, não somente nossos, mas também daqueles que nos comungam as tarefas gerais.

       Esse centro abrange vasto reservatório de plasma sutilíssimo, de que se servem os trabalhadores a que nos referimos, na extração dos recursos imprescindíveis à criação de formas-pensamento, constituindo entidades e paisagens, telas e coisas semi-inteligentes, com vistas à transformação dos companheiros dementados que intentamos socorrer.

       Uma casa como a nossa será, inevitavelmente, um pouso acolhedor, abrigando, em nossos objetivos de confraternização, os amigos desencarnados, enfermos e sofredores, a se desvairarem na sombra.

       Para que se recuperem, é indispensável recebam o concurso de imagens vivas sobre as impressões vagas e descontínuas a que se recolhem. E para esse gênero de colaboração especializada são trazidos os arquitetos da Vida Espiritual, que operam com precedência em nosso programa de obrigações, consultando as reminiscências dos comunicantes que devam ser amparados, observando-lhes o pretérito e anotando-lhes os labirintos psicológicos, a fim de que em nosso santuário sejam criados, temporariamente embora, os painéis movimentados e vivos, capazes de conduzi-los à metamorfose mental, imprescindível à vitória do bem.

       É assim que, aqui dentro, em nossos horários de ação, formam-se jardins, templos, fontes, hospitais, escolas, oficinas, lares e quadros outros em que os nossos companheiros desencarnados se sintam como que tornando à realidade pregressa, através da qual se põem mais facilmente ao encontro de nossas palavras, sensibilizando-se nas fibras mais íntimas e favorecendo-nos, assim, a interferência que deve ser eficaz e proveitosa.

       Delitos, dificuldades, problemas e tragédias que ficaram à distância, requisitam dos nossos companheiros da ilustração espiritual muito trabalho para que sejam devidamente revisionados, objetivando-se o amparo a todos aqueles que nos visitam, em obediência aos planos traçados de mais alto.

       É assim que as forças mento-neuro-psíquicas de nosso agrupamento são manipuladas por nossos desenhistas, na organização de fenômenos que possam revitalizar a visão, a memória, a audição e o tato dos Espíritos sofredores, ainda em trevas mentais.

       Espelhos ectoplásmicos e recursos diversos são também por eles improvisados, ajudando a mente dos nossos amigos encarnados, que operam na fraseologia assistencial, dentro do Evangelho de Jesus, a fim de que se estabeleça perfeito serviço de sintonia, entre o necessitado e nós outros.

       Para isso, porém, para que a nossa ação se caracterize pela eficiência, é necessário oferecer-lhes o melhor material de nossos pensamentos, palavras, atitudes e concepções.

       Toda a cautela é recomendável no esforço preparatório da reunião de intercâmbio com os desencarnados menos felizes, porque a elas comparecemos, na condição de enfermeiros e instrutores, ainda mesmo quando não tenhamos, em nosso campo de possibilidades individuais, o remédio ou o esclarecimento indispensáveis.

       Em verdade, contudo, através da oração, convertemo-nos em canais do socorro divino, apesar da precariedade de nossos recursos, e, em vista disso, é preciso haja de nossa parte muita tranquilidade, carinho, compreensão e amor, a fim de que a colaboração dos nossos companheiros arquitetos encontre em nós base segura para a formação dos quadros de que nos utilizamos na obra assistencial.

       Nossa palavra é simplesmente a palavra de um aprendiz.

       Achamo-nos entre os mais humildes recém-vindos à lide espiritual, mas, aproveitando as nossas experiências do passado, tomamos a liberdade de palestrar, comentando alguns dos aspectos de nossa sementeira e de nossa colheita, que funcionam todos os dias, conforme o ensinamento imortal do Senhor: — «A cada um por suas obras.»

Efigênio S. Vítor
Do livro “Instruções Psicofônicas”, do médium Francisco Cândido Xavier.

 

 

CARIDADE E INFLUÊNCIA

       Frequentemente admitimos que, socorro, perdão, caridade e donativo, encontram significado exclusivamente nas horas de crise. Entretanto, estamos todos à frente da vida e dentro dela, com a obrigação de reconhecermos a presença dos benfeitores, que nos estenderam os braços para a travessia dos obstáculos naturais na experiência comum.

       Acionemos os botões da memória e revisemos todos.

       É a criatura vinculada a nosso afeto, que nos amparou em família, encorajando-nos na realização de nossos melhores ideais, quando as circunstâncias adversas nos induziam a frustração e desânimo.

       É a pessoa que nos ofereceu as mãos nas travessias de riscos iminentes.

       É o irmão que nos favoreceu com exemplos de intrepidez e tolerância.

       É o amigo que nos auxiliou a encontrar o privilegio de servir.

       É o companheiro que nos mostrou a bênção da oração, renovando-nos a vida...

       Onde estiveres, pense nisso e relacione os bens que podes distribuir, ninguém calcula os resultados construtivos da sementeira considerada vulgar. Alguém dirá que isto é óbvio, entretanto, aquilo que é óbvio, é sempre o inevitável na existência e o mais difícil de fazer.

       Auxiliar aos outros a fim de sermos auxiliados é claro e interativo no mecanismo das relações humanas. Contudo, é preciso relacionar quantos séculos estamos desprendendo, a fim de senhorear semelhante aprendizado.

       A fonte de água limpa, é suprimento óbvio na sustentação da comunidade, experimente porém, essa ou aquela pessoa passar sem ela. Meditemos nisso e observemos a significação da nossa influência sobre aqueles que nos rodeiam, para entendermos que ninguém deve esperar por ofensa, necessidade, desastre ou penúria, a fim de cultivar o amor a quem somos chamados, através do respeito e do amparo que nos devemos, uns aos outros.

       E, assim agindo, reconheceremos por fim, que todo o dia e toda a situação, constitui em ensejo e o lugar, para nos devotarmos todos à construção do bem.

Emmanuel
Do livro “Urgência”, médium Francisco Cândido Xavier.

 

 

EVANGELHO

       Baseando no Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo a predicação do apostolado que lhes compete, os Espíritos Superiores não se apegam a qualquer nuvem de mistério para sustentar o alimento à fé religiosa, em cuja renascença colaboram, na qualidade de homens redivivos.

       É que a vida extrafísica promove, nos que pensam, mais altas ilações com respeito à realidade.

       Se há leis que presidem ao desenvolvimento do corpo, há leis que regem o crescimento da alma.

       Jesus no estábulo não é um fenômeno isolado no espaço e no tempo: é acontecimento vivo para o espírito humano.

       Cristo-Homem veio plasmar o Homem-Cristo.

       Há quem enxergue no Cristianismo a simples apologia do sofrimento. Acusam-no pensadores e filósofos vários, tachando-o em oposição à beleza e à alegria. Para eles, Jerusalém teria asfixiado a felicidade e o encanto da vida, a fluir vitoriosa e serena nos ajuntamentos da Grécia e de Roma.

       Antes do Mestre, a única beleza espiritual, geralmente conhecida, era aquela das virtudes filosóficas e políticas que o homem representativo da escola, da justiça ou do poder mantinha, valoroso até à morte.

       Com exceção de Çakia-Muni, o príncipe sublime que se retirou do mundo convencional para viver pelos seus semelhantes, os grandes heróis do pensamento aceitam a perseguição e o extermínio, mas, é força reconhecê-lo, com a vaidade dos triunfadores.

       Bebem cicuta ou abrem as próprias veias, ilhados na fortaleza da superioridade individual. Sócrates é o filósofo sublime, confortado pela solidariedade dos discípulos. Sêneca é o professor honrado, que estimula com o sacrifício de si mesmo a indignação contra a tirania.

       Com Jesus, a renunciação é diferente.

       O Divino Crucificado sobe ao Calvário sem o apoio dos amigos. Suas últimas palavras são dirigidas a um ladrão. Sua morte não exalta o orgulho de um grupo, nem constitui incentivo à revolta. A ordem que lhe escapa do excelso comando é a de servir sem desfalecimento, com obrigações de amor, perdão e auxílio constantes, ainda aos inimigos. Seu olhar, do cimo da cruz, abarca o mundo inteiro.

       Com Ele começa a agir o escopo do verdadeiro bem, operando sobre a dureza da animalidade o gradual aperfeiçoamento da alma divina.

       As chagas que lhe cobrem o corpo representam o louvor ao trabalho de aprimoramento e elevação do espírito, iniciando a era de legítima fraternidade entre os homens.

       O Evangelho é, por isso, o viveiro celeste para a criação de consciências sublimadas.

       Nasce a mente na carne e nela renascemos, inúmeras vezes, buscando o sagrado objetivo do seu engrandecimento. E no intricado jogo das experiências compreende na dor o instrumento Idea da santificação. Recebendo os séculos por dias preciosos e rápidos de serviço, enceta a gloriosa carreira, com a juvenilidade da razão, amadurecendo-se na ciência e na virtude, através de reencarnações numerosas.

       Conquista-se, sacrificando-se.

       Quanto mais fornece de si em trabalho vantajoso a todos, mais se enriquece no mealheiro individual. Quanto mais distribui em amor, mais receber em poder.

       Supera-se, quebrando limitações, doando o bem pelo mal; a simpatia pela versão; a claridade pela sombra. A Boa Nova oferece as medidas espirituais para que se atinjam as dimensões da vida genuinamente cristã, nas quais desfere o espírito excelso voo para as Esferas Resplandecentes.

       A carne é sagrada retorta em que nos demoramos nos processos de alquimia santificadora, transubstanciando paixões e sentimentos ao calor das circunstâncias que o tempo gera e desfaz.

       Cada ensinamento do Mestre, efetivamente aplicado, é específico redentor, brunindo a alma imperecível, tornando-a obra viva de estatuária divina.

       O que nos parece dor, é bênção.

       O que se nos afigura sofrimento, é socorro.

       Onde choramos com o espinho, recolhemos uma lição.

       Daí o motivo de se escudarem os emissários de nosso plano na predicação de Jesus, desvelando aos homens os pórticos sublimes da era nova.

       Quando fixarmos nas páginas vivas do próprio ser os ensinos do Cristo, afeiçoando-nos automaticamente a eles, tanto quanto se nos adaptam os pulmões ao ar que respiramos, habilitar-nos-emos ao programa de ação dos anjos, por enquanto incompreensível à nossa inteligência.

       Quando o homem termina o repasto da ilusão aqui ou ali, perguntas milenárias lhe acordam, precípetes, à morte insatisfeita.

       Donde venho? Para onde vou? Qual a finalidade do destino? Porque a lágrima?

       – interroga, aflito, com ânsias análogas as de todos os vanguardeiros da vida superior que tiveram a coragem de partir, antes dele, para os cimos da imortalidade.

       Quando o aprendiz indaga, experimentando autêntica sede da verdade, é, sem dúvida, chegado o momento iluminativo do Mestre.

       Sem Jesus, que nos confere sublime resposta aos enigmas do caminho, converter-se-ia a existência em labirinto inextricável de padecimentos inúteis.

       O Além é a continuação do Aquém.

       Um século sucede-se a outro.

       O filho é o herdeiro dos pais.

       Não existe milagre.

       Há lei, evolução, crescimento e trabalho com o prêmio da sublimação ao esforço.

       O simples intercâmbio com a vida espiritual nada mais é que mera permuta de valores para estimular a experiência comum. Mas toda vez que encontrarmos o Evangelho do Senhor inspirando a renovação de nossa atitude pessoal, à frente do mundo, guardemos a certeza de que nos achamos em comunhão frutífera com a bendita claridade do Caminho, da Verdade e da Vida.

Francisco do Monte Alverne.
Do Livro “Antologia Mediúnica do Natal”, de Francisco Cândido Xavier.

 

DINHEIRO E AMOR

       Diante do bem, não pronuncies a palavra “impossível”.

       Certamente, sofres a dificuldade dos que herdaram a luta por preço das menores aquisições. Ainda assim, lembra-te de que a virtude não reside no cofre.

       Onde encontrarias ouro puro a fazer-se pão na caçarola dos infelizes?

       Em que lugar surpreenderias frágil cobertor tecido de apólices para agasalhar a criança largada ao colo da noite?

       Entretanto, se o amor te faz lume no pensamento, arrebatarás à imundície a derradeira sobra da mesa, convertendo-a no caldo reconfortante para o enfermo esquecido, e farás do pano pobre o abrigo providencial em favor de quem passa, relegado à intempérie.

       Uma garganta de pérolas não emite pequenina frase consoladora e um crânio esculpido de pedras raras não deixa passar leve fio de ideação.

       Todavia, se o amor te palpita na alma, podes falar a palavra renovadora que exclui o poder das trevas e inspirar o trabalho que expresse o apoio e a esperança de muita gente.

       Respeita a moeda capaz de fazer o caminho das boas obras, mas não esperes pelo dinheiro a fim de ajudar.

       Hoje mesmo, em casa, alguém te pede entendimento e carinho e, além do reduto doméstico, legiões de pessoas aguardam-te os gestos de fraternidade e compreensão.

       Recorda que a fonte da caridade tem nascedouro em ti mesmo e não descreias da possibilidade de auxiliar.

       Para transmitir-nos semelhante verdade, Jesus, a sós, sem fiança terrestre, usou as margens de um lago simples, ofertou simpatia aos que lhes buscavam a convivência, confortou os enfermos da estrada, falou do Reino de Deus a alguns pescadores de vida singela e transformou o mundo inteiro, revelando-nos, assim, que a caridade tem o tamanho do coração.

Meimei
Do Livro “O Espírito da Verdade” , de Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira.

 

EM TUDO

 

       Em tudo o que fores fazer convide Deus para estar contigo.

       Mas convide com amor consciente que Ele te atenderá.

       Deus na frente comandando e guiando tudo sairá bem.

       Chame Deus pra tudo, mesmo que saibas que Ele está em tudo.

       Trabalhe a fé, a humildade e chame-O.

       Verás que tudo ficará mais fácil de ser realizado, tudo ficará leve, iluminado.

       Quando a tempestade ameaçar com Ele ao teu lado te inspirando, guiando, protegendo, resultará em serenidade e confiança.

       Em tudo o que fores fazer Deus em primeiro lugar.

       Agradeça-O e solicite que Ele contigo estará te intuindo e conduzindo.

       Aumenta com isso a confiança, a paz e a harmonia íntima.

       Convide Deus e  na certeza que Ele aceitará o convite e prossiga a jornada com entusiasmo e alegria, altruísmo e lisura.

       Ele a frente de tudo, tudo será vitória.

       Coração limpo e cheio de otimismo, bondade e certeza que nossa vida Ele conduz.

       Deus acima de tudo e o caminho por mais espinhos ameaçadores, nunca faltará o remédio, a assistência e  o socorro.

       Vai em frente, mas Deus deve estar contigo sempre.

       Paz e Bem.

CESFA
Campo Grande/MS.

 

AFEIÇÃO ETERNA.

       Pergunta: “Esse mundo, tão novo para vós e perante o qual o nosso nada vale, e os numerosos amigos que reencontrastes vos fizeram esquecer a família e os amigos que deixastes na Terra?”

       Resposta de Samuel Philippe (Espírito): - Se os houvesse esquecido eu seria indigno da felicidade que desfruto. Deus não recompensa o egoísmo. Ele o corrige. O mundo em que me encontro pode me levar a desdenhar a Terra, mas não os Espíritos que nela vivem encarnados. Somente entre os homens é que vemos a prosperidade levar ao esquecimento dos companheiros de infortúnio. Quero sempre rever os meus, sinto-me feliz com a saudade que eles sentem de mim, seu pensamento me atrai para eles. Assisto as suas conversas, gozo com as suas alegrias, suas preocupações me entristecem, mas não se trata dessa tristeza cheia de ansiedade que sofremos na vida humana, porque compreendo que as suas dificuldades são passageiras e tem por fim levá-los ao bem.

       Sinto-me feliz de pensar que um dia eles também virão para este plano feliz em que a dor é desconhecida. Empenho-me em ajuda-los a se tornarem dignos disso. Esforço-me para lhes sugerir bons pensamentos e, sobretudo, a resignação que eu mesmo tive perante a vontade de Deus. Minha maior tristeza é vê-los retardar esse momento por sua falta de coragem, por suas lamentações, sua dúvida sobre o futuro, ou por qualquer ação repreensível.

       Trato então de afastá-los do mau caminho. Se o conseguir, isso é para mim uma grande felicidade e todos nós aqui nos regozijamos.

O Espírito de Samuel Philippe, do livro “O Céu e o Inferno,” capítulo II, segunda parte, Espíritos Felizes.

 

ORAÇÃO NO ANO NOVO

 

       Senhor Jesus!

       Ante as promessas do ano que se inicia, não nos permitas que esqueçamos aqueles com quem nos honraste o caminho iluminativo:

       as mães solteiras, desesperadas, a quem prometemos o pão do entendimento;

       as crianças delinquentes que nos buscaram com a mente em desalinho;

       os calcetas que, vencidos em si mesmos, nos feriram e retornaram às nossas portas;

       os enfermos solitários, que nos fitaram, confiantes em nosso auxílio;

       os esfaimados e desnudos que chegaram até nossas parcas provisões;

       os mutilados e tristes, ignorantes e analfabetos, que nos visitaram, recordando-nos de Ti...

       Sabemos, Senhor, o pouco valor que temos, identificamo-nos com o que possuímos intimamente, mas, contigo, tudo podemos e fazemos. Ajuda-nos a manter o compromisso de amar-Te, amando neles toda a família universal em cujos braços renascemos.

Joanna de Ângelis
Psicografia do médium Divaldo Pereira Franco

 

ALEGRIA

       Impossível vivermos em alegria sem considerarmos sua rival, a famigerada tristeza, que vem da autocompaixão, da autodepreciação e também da falta de fé num Deus infinitamente bom e justo. A tristeza é uma enfermidade muito prejudicial ao nosso organismo e vem das lembranças do passado ou mesmo de alguma perturbação obsessiva.

       Não podemos ser complacentes com ela, embora saibamos que no estágio em que estamos vivenciando, a inexistência de problemas provocaria em nós certa desmotivação para a luta do cotidiano, levando-nos à nostalgia que nos deprime.

       A alegria não nos chega como quem não quer nada; ela chega quando trabalhada pelo otimismo e esperança e pelo hábito da substituição das coisas desagradáveis pelas coisas melhores e pela troca das coisas perturbadoras pelas coisas positivas.

       O dicionário diz que a alegria é o sentimento de grande contentamento, júbilo, regozijo; é um acontecimento feliz. Há quem diga que ela é o tesouro da vida, a iluminação interior e fator essencial à felicidade.

       Para a benfeitora espiritual Joanna de Ângelis a alegria liberta-nos da opressão da ignorância e renova as paisagens interiores, podendo ser encontrada nos mínimos detalhes, como no desabrochar de uma flor, nas cores da natureza e também nos grandes, como no espetáculo dos astros no céu estrelado...

       Lembra ainda a preclara instrutora que não renascemos apenas para “pagar”, mas sim para ressarcir com amor, libertando-nos dos compromissos negativos através ações relevantes.

       A própria reencarnação já é uma vitória sobre a morte e deve ser considerada com muita alegria, pois, nosso Excelso Senhor Jesus sempre cultivou a alegria da esperança, a benção da saúde e a dádiva da paz, como quando dizia: “Alegrai-vos, é chegado até vós o reino de Deus.”.

       A alegria não floresce na falta de amor, obscurecida pelas dúvidas e suspeitas e tampouco se encontra à venda nos armazéns e farmácias, apesar de ser uma vitória contra a depressão. É claro que viver com alegria, não impede os sofrimentos, que são inerentes ao progresso do espírito, mas abolindo as queixas e reclamações que amarguram nossas existências e aproximando-nos da Luz do Mundo, que é o nosso Senhor, nenhuma sombra irá nos ameaçar.

       No ano que se inicia, a alegria, representando nossa gratidão a Deus e abrindo nossos corações à vida, há de nos levar a um patamar de felicidade fora do alcance da tristeza. Feliz e alegre Ano Novo.

Crispim
Campo Grande/MS.

 

       Referências bibliográficas:

       Jesus e Atualidade. Divaldo P. Franco/Joanna de Ângelis

       Vitória sobre a Depressão. Divaldo P. Franco/Joanna de Ângelis

       Iluminação Interior. Divaldo P. Franco/Joanna de Ângelis.

 

COM DEUS

       Cada um de nós carrega nas próprias mãos a ferramenta indispensável na construção do aperfeiçoamento moral que se relaciona na nova existência.

       Muitos carregam nas palavras à idealização de uma obra direcionada para a realidade da alma, produzindo orações que desafiam a própria consciência, organizando no amanhã, que desperta, originando novo percurso na transformação íntima que se estabelece na conquista de valores que se associam na doação de si para a realidade de outro irmão, que se apresenta no caminho.

       Enquanto produzem uma estória em comum, buscam-se relações que valorizam o trabalho, dignificando o resultado pelos direcionamentos afetivos da relação mútua nas conquistas individuais.

       Muitos são os escolhidos, embora nem sempre estejam capacitados pelos monitores da vida, atravessando outros campos, onde se determina o aprendizado, melhorando, dessa forma, o seu desempenho no caminho que logrou percorrer...

       Sabemos que as leis da vida determinam que é preciso ser forte e corajoso, para seguir em frente, entretanto, sem a nossa fé de que estamos segurando as mãos de Deus, seria impossível realizar um pequeno esforço para melhorar a nossa capacidade de construção.

       Somos criaturas que estão a serviço do bem, e notadamente temos evoluído nesses caminhos que buscamos harmonizar com o alto, produzindo nas palavras que proferimos, uma sensação de vitória antecipada, nas causas que abraçamos definindo a nossa preocupação com as coisas espirituais que se misturam ao ar que respiramos, facilitando a nossa reconstrução íntima nas oportunidades que nos são oferecidas para o nosso progresso.

       Com Deus, somos vitoriosos e nossos caminhos percorridos mostram a trajetória que nossos pensamentos, principalmente quando descobrimos que somos aliados sinceros de Jesus na reconstrução do mundo em que vivemos.

 

Ezequiel
Mensagem recebida pelo médium João de Deus, Campo Grande/MS.

 

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ANO VIII - Nº 96– Campo Grande/MS – Janeiro de 2014.
EDIÇÃO DO CENTRO ESPÍRITA “VALE DA ESPERANÇA”
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